Mar salgado Por Alice Vieira Estava eu muito sossegada, aqui há dias, na esplanada da praia do Sul na Ericeira, quando começo a ouvir um homem a recitar: “Ó mar salgado Quanto do teu sal São lágrimas de Portugal…”. Conheço-o bem. Trabalha num restaurante aqui perto, mas à hora do almoço, está sempre aqui na esplanada na conversa com uns amigos. Estranhei ouvi-lo recitar Fernando Pessoa, mas ele continuava: “Realmente, diante deste mar é só o que apetece dizer… E repete: “ Ó mar salgado ! Quanto do teu…
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Crónica de Alexandre Honrado | Conservador Ou Progressista Na Quadra Do Consumo?
Crónica de Alexandre Honrado Conservador Ou Progressista Na Quadra Do Consumo? Tive familiares que trabalharam na indústria conserveira, numa época em que conservar, muito especialmente alimentos, fazia todo o sentido. Tão distante que o mundo estava do excedente, da soberba do consumo, da imbecilidade do açambarcamento inútil! É curioso lembrar que, apesar das conservas, nenhum deles, entre os meus ancestrais, ao que parece, era conservador. O conservador é aquele medroso que nega o progresso e os progressistas, com medo de perder a sua vida, acinzentada e sem desafios, por…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | A Busca
Crónica de Jorge C Ferreira A Busca Intempestiva a corrente do rio que te levou para o mar alto. Os olhos muito abertos, olhos de ver a vida, olhos salgados de salvar o tempo. Uma mulher intensa. Tempo aberto, tempo alargado, tempo alagado. Um homem a correr para o cais. Um porto de chegadas e partidas, algumas vezes de não chegar e de não partir. Um porto de incógnitas. Abraços e beijos esquecidos nas pedras de uma gare ensombrada pelas partidas para a guerra e da chegada dos caixões…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | NATAL Fora de Dezembro
Crónica de Alexandre Honrado NATAL Fora de Dezembro Todos os anos escrevo um poema de Natal que, todavia, não fala de Natal nem é escrito em dezembro. A vida tem, como certas libertações e certos castigos, a exigência do pagamento de preços altos, por vezes muito altos. Constrói-se a poética sobre alicerces de memórias. Essas que abalaram mais os sentimentos, retirando o indivíduo aos seus coletivos. E dando-lhe dureza de um ser só. E a dureza de ser um só. Assim sendo, enredam-se sempre memórias e o sentir, em…
Ler maisCrónica de Licínia Quitério | O Natal
De ontem e de hoje | O Natal por Licínia Quitério Inevitável fugir ao tema Natal que em tempos de cristandade inspirou quadros, esculturas, livros, cada um ao gosto do seu tempo, à medida do talento em exercício. Neste pedaço de mundo, apropriado pelo mais desenfreado consumismo, os adoradores de Jesus andrajoso e nu vestem-no de fazendas vermelhas, de peles brancas, e chamam-lhe Pai Natal, o tal lá da Lapónia gelada e não o crucificado que terá vindo do médio oriente escaldante. A par da desfilada de renas e…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Encontros e Desencontros
Crónica de Jorge C Ferreira Encontros e Desencontros Chamava-lhe manhã porque era o seu corpo a primeira coisa que via quando acordava. Era como uma visão. Algo que não sabia explicar. Era naquele corpo adormecido e em profundo descanso, que lavava os olhos. Parecia que tinha um sorriso de deleite. Seriam recordações da festa da noite, que os tinha embriagado de loucura? Seria desejo de acordar para matar desejos? O mais provável era ser só um esgar da felicidade que lhe corria no corpo. Veias de um sangue especial.…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Dias de tudo
Dias de tudo Por Alice Vieira Todos os meus amigos sabem que o melhor que me podem dar é uma festa. Festejo tudo, absolutamente tudo. E tenho uma agenda onde todos os dias são dias de alguém ou de alguma coisa. Passo por cima daqueles dias que toda a gente conhece e festeja (Dia de Camões, Dia de Santo António, Dia de Todos os Santos, 1.º de Dezembro, etc.). Passo também por cima daqueles mais insípidos (Dia dos Vegetais Frescos, Dia dos Seguros, etc.), para ficar com aqueles que,…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Mudanças
Crónica de Jorge C Ferreira Mudanças O desgaste, o desbaste, o engate. A vida solta dos tempos em que nos sentíamos imortais. A rebeldia, as atitudes provocatórias, a provocação feita amor. O amor que nascia e muitas vezes morria no próprio dia. Momentos únicos, momentos vibrantes, o impensável que acontecia. Casas desconhecidas, camas de uma só noite. Noites imensas e inesquecíveis. Manhãs de camas desfeitas, lençóis enrodilhados, os despojos da noite numa bênção rasgada. Garrafas, copos e velas. Os incensos, os cheiros intensos. Os cinzeiros e as beatas, a…
Ler maisCrónica de Licínia Quitério | DE AMICITIA
De ontem e de hoje | DE AMICITIA por Licínia Quitério Pois é. Está a chegar o dia de entregar mais um texto para o DE ONTEM E DE HOJE, título de que me servi para abranger crónicas que vou escrevendo sem qualquer linha cronológica, num andar para a frente e para trás que assim se fazem os nossos dias a que chamamos presente. Se me ponho a falar de ontem, eu que já tenho um ontem tão longe, tão distante, que às vezes me custa avistar lugares e…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | As ilhas e os sonhos
Crónica de Jorge C Ferreira As ilhas e os sonhos Ninguém sabe a quantos picos subiu. Sempre na busca do que sabia que nunca ia encontrar. Na busca do inatingível. Passou pesadelos e jura que viu coisas de nunca ver. Coisas encantadas e de encantar. Ainda hoje não consegue descrever tudo o que viu de uma forma sucinta. É através de estórias com seres desconhecidos que faz desesperar os que esperam a realidade. Há coisas que nos ultrapassam e ultrapassam a própria verdade. Serão sonhos? Serão visões? Será a…
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