…E Sobrevivemos! Por Alice Vieira Às vezes penso como foi que nós—ou seja, os velhotes como eu – conseguimos sobreviver. Como foi que conseguimos ser crianças, adolescentes, andar na escola, aprender. Para os jovens de hoje deve parecer praticamente impossível imaginar um mundo sem telemóveis, sem computadores, sem power-point, sem zoom, sem e-books, e sei lá que mais. Até mim, juro!, me custa a acreditar. Mas a verdade é que existiu. E sobrevivemos. E fomos felizes. Lá em casa, assim que começava o verão, a família ia passar todas…
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Crónica de Alice Vieira | Quando tudo treme
Quando tudo treme Por Alice Vieira O sismo de há dias ainda não me saiu da cabeça — e duvido que alguma vez saia. A minha casa tremeu toda, fotografias que tinha na parede caíram para o chão e isto durante alguns segundos. Segundos que, evidentemente, me pareceram minutos! E, no entanto, tive vizinhos que garantiram não ter ouvido absolutamente nada! Claro que também houve outros que disseram que sim senhora, tinham ouvido um estrondo e a casa a abanar– mas que pensaram que era um camião a passar…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Felicidade com F maiúsculo
Felicidade com F maiúsculo Por Alice Vieira A Assembleia Geral das Nações Unidas decretou que o dia 20 de Março é o Dia Internacional da Felicidade. Ainda pensei que era por ser o dia dos meus anos, até já me preparava para lhes mandar um lindo postalito aqui da Ericeira a agradecer — mas não, infelizmente eu não tinha nada a ver com isso. Ao que parece, a ideia partiu do minúsculo reino budista do Butão (naquele fim do mundo dos Himalaias) que, em vez do PIB (Produto Interno…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | O que se aprende com os mais novos
O que se aprende com os mais novos Por Alice Vieira Eu sempre disse (e volto a dizer) que se aprende muito com os mais novos. Mas mesmo muito. Eles sabem coisas que nós nem imaginamos. Por exemplo, há um grupo de miúdas, aí dos seus 12, 13 anos, que se senta numa mesa ao meu lado na esplanada da praia do Sul na Ericeira. Todas as manhãs elas lá estão. Há uma que nunca, mas mesmo nunca se cala. E juro que é um gosto ouvi-la! Às vezes…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Adoro aeroportos
Adoro aeroportos Por Alice Vieira Adoro aeroportos. E como vou sempre com muita antecedência, conheço-os muito bem. Talvez aquele que conheça pior seja o nosso. Mas o de Frankfurt e o de Orly conheço-os como os meus dedos. Sabiam que no aeroporto de Frankfurt há uma salinha onde se pode dormir enquanto se espera pelo avião? Tem uma espécie de divã de pele, só com uma manta para nos cobrirmos. E chega perfeitamente. E em Orly há um hotel que fica mesmo na pista! Já lá fiquei muitas vezes.…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | O que dava jeito
O que dava jeito Por Alice Vieira Diziam — porque eu, evidentemente, não me lembro — que eu cantava muito bem quando era pequenina. Mesmo muito bem. Muito afinadinha, muito certinha, pausas nos sítios certos, palavras muito bem pronunciadas, essas coisas. Até cantava cantigas em francês— língua que eu tinha aprendido ao mesmo tempo que o português. Só me lembro de os amigos que iam a nossa casa me pedirem sempre para eu cantar, e depois davam muitas palmas — normalmente acompanhadas de uns chocolatitos ou rebuçados, o que…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Falando de surf
Falando de surf Por Alice Vieira Aqui há dias, numa revista que costuma estar no bar da praia do sul, aqui na Ericeira, falava-se de surf — e de como, numa terra do Gana, a prática deste desporto tem ajudado a melhorar a vida, muito difícil, de muitos jovens, sobretudo a vida das raparigas. Os pais, muito rígidos na educação das filhas (para tentarem evitar um mal que afligia muito as famílias, que era a gravidez precoce) castigavam-nas se descobriam vestígios de areia nos seus pés. As meninas deviam…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | As gracinhas dos nossos filhos
As gracinhas dos nossos filhos Por Alice Vieira Quando o meu filho era miúdo — claro que os nossos filhos são sempre miúdos, mas neste caso, miúdo mesmo, para aí oito, nove anos — viajava muito. Jogador de xadrez, viajava muito com a Federação para participar em campeonatos por esse mundo fora. Então, eu pedia-lhe que, onde quer que estivesse, me mandasse um postal com as notícias (onde é que ainda vinham os telemóveis…). Coisa que ele cumpriu sempre. Por isso, há muitos anos que guardo um lindo postal…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Teatro amador
Teatro amador Por Alice Vieira Quando eu era mais nova — e não tinha tanto trabalho como tenho hoje…— uma das coisas que eu mais gostava de fazer era ir por esse país fora assistir a espectáculos de grupos de teatro amador. E nesse tempo havia muito bons grupos de teatro amador. Alguns tão bons ou melhores que os profissionais, sendo que, nessa altura, também se chamavam grupos de Teatro Experimental. (Lembram-se, por exemplo, do Teatro Experimental de Cascais, ou do Teatro Experimental do Porto). Nessas minhas andanças pelo…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Pessoas Assim
Pessoas Assim Por Alice Vieira Desde criança que passo grandes temporadas na Ericeira. Há cinco anos que vivo cá e só muito raramente de cá saio. Por isso nunca pensei que me pudesse acontecer o que aconteceu. Estava eu de manhã na esplanada da praia do sul, como sempre,e, também como sempre, a ler o “Correio da Manhã”, que é o jornal que a praia recebe logo de manhãzinha. Nesse dia também trazia uma revista. Olho para a capa e tenho a vaga sensação de que já vi aquele…
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