Crónica de Alexandre Honrado | Conservador Ou Progressista Na Quadra Do Consumo?

Alexandre Honrado

Crónica de Alexandre Honrado Conservador Ou Progressista Na Quadra Do Consumo?   Tive familiares que trabalharam na indústria conserveira, numa época em que conservar, muito especialmente alimentos, fazia todo o sentido. Tão distante que o mundo estava do excedente, da soberba do consumo, da imbecilidade do açambarcamento inútil! É curioso lembrar que, apesar das conservas, nenhum deles, entre os meus ancestrais, ao que parece, era conservador. O conservador é aquele medroso que nega o progresso e os progressistas, com medo de perder a sua vida, acinzentada e sem desafios, por…

Ler mais

Crónica de Alexandre Honrado | NATAL Fora de Dezembro

Alexandre Honrado

Crónica de Alexandre Honrado NATAL Fora de Dezembro   Todos os anos escrevo um poema de Natal que, todavia, não fala de Natal nem é escrito em dezembro. A vida tem, como certas libertações e certos castigos, a exigência do pagamento de preços altos, por vezes muito altos. Constrói-se a poética sobre alicerces de memórias. Essas que abalaram mais os sentimentos, retirando o indivíduo aos seus coletivos. E dando-lhe dureza de um ser só. E a dureza de ser um só. Assim sendo, enredam-se sempre memórias e o sentir, em…

Ler mais

Crónica de Alexandre Honrado | Sorte?

Alexandre Honrado

Crónica de Alexandre Honrado Sorte?   Há pouco, no adro da Igreja, encontrei-me com outros homens sem fé e discutimos se os deuses são gestores da sorte, que condenam à morte ditadores, os monges budistas, crianças inocentes, quem lhe estiver ao alcance. Chamem-lhe costume ou superstição ou feng shui. Imagina agora que lá fora estão a pintar as paredes com sprays desinquietos (dos artistas famosos aos empreiteiros, todos queremos deixar a nossa assinatura) e eu aqui, à espera da sorte, deitado em cima do pano verde das apostas, a escutar…

Ler mais

Crónica de Alexandre Honrado | Todo este fogo que arde em nós

Alexandre Honrado

  Crónica de Alexandre Honrado O TRIUNFO DA INSENSIBILIDADE (OU PORQUE É QUE NÃO SOMOS NADA ESTÉTICOS)     Somos uma incógnita e nunca conseguimos responder à dúvida dupla: o homem faz a vida ou a vida faz o homem? Se pusermos ao espelho o homem ocidental de hoje, ele é um reflexo padronizado: veste marcas universais, usando o luxo ou os mais originais gadgets da moda, mesmo por imitação, enquanto adelgaça as formas em ginásios comuns, faz cirurgias estéticas para se aproximar de um padrão qualquer que a estação…

Ler mais

Crónica de Alexandre Honrado | Todo este fogo que arde em nós

Alexandre Honrado

  Crónica de Alexandre Honrado Todo este fogo que arde em nós     Não devíamos esquecer os mortos — e, todavia, o que vai ficando de cada um daqueles que partem é uma mancha que se dilui com o tempo até o lugar que ocupavam em vida não fazer grande sentido. Esquecer os mortos é esquecermo-nos. É acreditar que somos apenas formatos singulares sem rasto nem raiz nem memórias, quando afinal são esses traços que nos permitem as ousadias plurais: rasto, raiz, memória, lugares de onde partimos para ser…

Ler mais

Crónica de Alexandre Honrado | Maus e bons e os outros todos

Alexandre Honrado

Crónica de Alexandre Honrado Maus e bons e os outros todos     Discutiam antigos filósofos ideias de bondade e de maldade, acreditando uns que seria na civilização e no progresso que o ser humano conseguiria encontrar o apaziguamento para os seus ódios mais extremos. O que nele se encontrasse de primário e rude, seria com o tempo transformado em qualquer coisa que o levaria à perfeição, ou muito próximo. O animal que gatinhava, mal se equilibrando, que urrava e caçava com as mãos, seria, anos depois, um deus, ninguém…

Ler mais

Crónica de Alexandre Honrado | AFETOS QUE NOS AFETAM: a reconstrução

Alexandre Honrado

Crónica de Alexandre Honrado AFETOS QUE NOS AFETAM: a reconstrução   Nenhum itinerário pode considerar-se completo quando o tratamos em forma narrativa. Duas pessoas farão relatos do mesmo percurso de duas formas diferentes. Ambas evocarão memórias singulares e não coincidentes. Pequenos detalhes chegarão depois, vindos sem intenção pré-definida, acrescentarão um ponto a cada conto. Mesmo que se parta ao mesmo tempo de uma linha de partida e se chegue aparentemente a par a uma meta, ombreando, imitando os passos de outro, somos marcados por diferenças e complexidades. É por isso…

Ler mais

Crónica de Alexandre Honrado | Passeio pela cidade

Alexandre Honrado

Crónica de Alexandre Honrado Passeio pela cidade Por vezes, a cidade é História, outras o simples recanto sombrio que permitiu histórias e lendas, tornando-se, em qualquer dos casos, ponto de encontro da civilização humana. Ou é, em alternativa, o que a história esqueceu no seu percurso, ficando a esmaecer nos anos com o que lhe sobra de ocupação do homem, esse ser simultaneamente religioso, político, económico, sensual, cultural, capaz de deixar à sua passagem tantos vestígios e pegadas desperdiçadas. Na atualidade, a cidade é obrigatoriamente a perceção da sua multiculturalidade,…

Ler mais

Crónica de Alexandre Honrado | O banal nunca é comum

Alexandre Honrado

Crónica de Alexandre Honrado O banal nunca é comum   São malcriados. Há uma bitola para medi-los, é certo, e não se tolha a liberdade quando se aponta a dedo gente como eles. São violentos, mas não agressivos. O agressivo é competitivo, tenta impor dinâmica às coisas, transformando-as, mas essa gente, em contrapartida, é medíocre e muito covarde, exerce a força sobre os mais fracos, sempre sobre os mais fracos, e promove os seus soezes lugares-comuns. É gente malcriada, não sei se já disse. (O sentido da criação impõe formatos…

Ler mais

Crónica de Alexandre Honrado | A LIBERDADE – está a passar por aqui?

Alexandre Honrado

Crónica de Alexandre Honrado A LIBERDADE — está a passar por aqui?   A Liberdade – estado de estar livre dentro da sociedade do controle ou das restrições opressivas impostas pela autoridade – não é um conceito abstrato, nem romântico, nem uma utopia inalcançável. Sabemo-lo por experiência própria, já que vivemos num país, entre poucos, que consagra o estado de exceção, de liberdades civis, de liberdade política, social e íntima, que os tempos da barbárie tentam limitar. Esses limites, tão duros e assassinos no passado, voltam a ser, ainda que…

Ler mais