Crónica de Alexandre Honrado – Os perdedores

Os perdedores Por Alexandre Honrado   Há em democracia, apenas em democracia, a saudável liberdade de falar, de interpretar, de sentir, agir e pensar livremente e sobretudo de aceitar. É talvez esta última característica, a da aceitação, que empurra a democracia para  as ribas, para a ponta dos penhascos mais perigosos, por estabelecer princípios da tolerância, por perseguir ideais de equidade, por acreditar na justiça (do estado de direito à justiça social), tentando não ser igual aos regimes que a ela se opõem, as ditaduras, chamem-se como chamarem, venham deste…

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Crónica de Alexandre Honrado – Perigo!

Perigo! Por Alexandre Honrado   Corremos muitos perigos. Que o fascismo volte, que volte aquele primeiro-ministro que punha na linha das decisões e da conduta as pessoas em último lugar… Corremos o risco de a esquerda fazer os erros do costume e da direita, que é o erro do costume, fazer o que já fez no passado, atirando-nos a todos para a sarjeta. Sabe-se que a direita retém e a esquerda reparte, mas também se sabe que há, dos dois lados, uma cáfila de pulhas. Não se é isento só…

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Crónica de Alexandre Honrado – Ainda voto Sampaio da Nóvoa

Ainda voto Sampaio da Nóvoa Por Alexandre Honrado   Há figuras insultuosas. Há pessoas que provocam o asco. Não consigo dizer melhor. É o que me ocorre quando estudo os ditadores, as ditaduras e as suas pequenas réplicas de pacotilha, dessas que proliferam neste pobre e desorientado século XXI. Há candidatos a Presidente da República portuguesa neste momento que simplesmente deviam ser impugnados. Porque desdenham da República, da coisa pública, da alteridade, do coletivo, da solidariedade, da capacidade de ser crítico e de consolidar um sistema que obviamente não sendo…

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Crónica de Alexandre Honrado – Quando a democracia conta os seus mortos

Quando a democracia conta os seus mortos Por Alexandre Honrado   Quando a democracia conta os seus mortos é invariavelmente porque cedeu à força bruta das ditaduras, que são, como se sabe, o seu oposto, o seu maior inimigo, o desdém que fica à espreita da oportunidade de as dissolver e substituir. Passa-se o mesmo com os ditadores depostos e com aqueles que foram os seus escolhidos, a sua elite, ou simplesmente os seus benificiários: aguardam na sombra dos seus recalques o tempo de saírem da toca procurando dominar os…

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Crónica de Alexandre Honrado – Não sei se me apetece escrever daqui por diante

Não sei se me apetece escrever daqui por diante Por Alexandre Honrado   Não sei se me apetece escrever. Hoje e daqui por diante. Deixei para trás mais palavras escritas ao acaso do que pedras pisados pelo caminho. É tempo de balanço. Ou não? Algures, a muitos anos luz de distância deste nosso planeta, alguma entidade, física, orgânica, imaterial, inorgânica, impalpável, incauta ou movida por estratégias, terá enviado um sinal de rádio para a Terra, sim, há muito tempo, que terá sido registada pelos aparelhos humanos, esses que estão ainda…

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Crónica de Alexandre Honrado – Uma pomba branca

Uma pomba branca Por Alexandre Honrado   A pomba era branca, desceu dos céus, por momentos tapou o sol e assim recortada pela luz ganhou uma dimensão inesperada. Creio eu, que sou de crenças muito limitadas, que há muitos e muitos anos, para lá de séculos contados, tenha descido assim uma pomba branca lá do seu voo e encantado de espantos e enormes surpresas um ou mais pares de olhos que a tomaram por enviada da luz e coisa de outro reino, certamente imaterial e forrado de espiritualidade. Terá inspirado…

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Crónica de Alexandre Honrado – O pior ano das nossas vidas

O pior ano das nossas vidas Por Alexandre Honrado   Este não é seguramente o pior ano das nossas vidas. Não estamos em guerra mundial; um ditador atrasado e os seus polícias não nos levam para a guerra colonial, para masmorras infectas, não somos números à porta da câmara de gás, não nos matam aos milhões com as espingardas da loucura e até  podemos dizer as maiores alarvidades e as coisas mais acertadas, que há liberdade consagrada para isso porque alguém um dia deu a sua vida para nos deixar…

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Crónica de Alexandre Honrado – Natal?

Natal? Por Alexandre Honrado   Gosto daquela face do Natal que se impõe serena e na qual deposito beijos de significado antigo. É uma face delicada, com música muito calma ou talvez percorrida por esse silêncio que por vezes tanto desejamos – o mundo em que vivemos reclama silêncios saudáveis, desses em que podemos recolher as mãos alheias nas nossas mãos e contemplar sem débitos a face serena do Natal. Gosto do Natal de certas memórias. Eu, a tentar entrar no grande armário – a que o meu avô chamava…

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Crónica de Alexandre Honrado – Eduardo Lourenço – no meu labirinto

Eduardo Lourenço – no meu labirinto Por Alexandre Honrado   Naquela tarde, o professor Eduardo Lourenço, com um olhar muito gaiato e um sorriso onde cruzava todas as ideias, desafiou-me para irmos procurar estátuas de Karl Marx e, a seus pés, a seu lado, numa perspetiva de enquadramento que nos fosse favorável, nos fotografássemos e guardássemos. Acedi. A Eduardo Lourenço acederia a todos os caprichos, era daquelas pessoas que ao dirigir-me a palavra me cortava a respiração, não sou de ídolos nem de iconoclastias, houve no entanto um punhado de…

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Crónica de Alexandre Honrado – Ainda à procura da memória

Ainda à procura da memória Por Alexandre Honrado   Ora cá está outro texto que não foi feito para ser lido até ao fim. Se fala de gatinhos, esqueci-me ou serão provavelmente desses gatinhos esquecidos que não encontram o caminho para o pires de leite ou, abandonados, para a lixeira que os socorra. Então cá vai. Tentamos esquecer o que nos desagrada, o que para trás ficou e que não passou de erro. O fascismo, o nazismo, o estalinismo, o salazarismo, cavaquismo, os anos da troika, o retorno da extrema-direita…

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