Crónicas de Jorge C Ferreira | Perder o Norte

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] Perder o Norte, de tanto Norte, de tão a Norte. O Desnorte. O Norte de todos os Nortes. Subir sempre mais. Procurar o lugar da felicidade inteira. Saborear o Sol que nunca se põe, o gelo que teima em não se derreter, regressar e aceitar o abraço de um urso que nos quer amar. Encontrar uma Igreja. Descalçar-me para entrar. O sossego no meio de muita gente. Ficar perdido no meio do silêncio.   Não saber de nada. Tento ouvir as antigas orações em latim. Esqueço-me do tempo.…

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Crónica de Alice Vieira | Na Morte de Celeste Rodrigues

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] NA MORTE DE CELESTE RODRIGUES Alice Vieira   “Sempre tentei não ligar às coisas más. Para mim, o importante são todas as coisas boas que a vida me deu. O resto esqueço. Talvez por isso ainda continue a  cantar, na minha idade, já viu? Mas eu não me sinto com a idade que tenho, é verdade. Há dias tinha almoçado num restaurante e chamado um táxi para voltar para casa, e a empregada disse-me “ vá, dê-me o braço que eu ajudo-a a entrar para o táxi”.…

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Crónica de Alexandre Honrado | Estar de mal com os outros

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] Estar de mal com os outros É uma fantasia, esta de estarmos de mal com os outros. Não os suportamos, não fazem o que queremos, têm mais poder, dinheiro e notoriedade do que gostávamos que tivessem. Temos momentos em que desejamos o poder da proibição: que não ocupem a nossa praia, nem passeiem os seus cães, que não pinguem a nossa roupa, que desimpeçam o nosso elevador, que votem no nosso partido, que destruam todos os partidos, que não tenham carro ou que o estacionem no paÍs…

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Crónica de Alice Vieira | Quando tanto se fala de professores

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] QUANDO TANTO SE FALA DE PROFESSORES Alice Vieira   O ensino vive tempos bastante conturbados. Basta ver a televisão, ler os jornais. E, nestes tempos conturbados, lembro-me muitas vezes dela. Dela e de nós, há 60 anos. Não me lembro do nome, seria Helena?, não garanto–mas nunca hei-de esquecer a sua voz mansa, o cabelo todo branco (embora ainda fosse nova), o casaco comprido castanho, e a malinha enfiada no braço. Tinha vindo de outra escola, e também não aqueceu ali o lugar: eram tempos complicados, e…

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Crónica de Alexandre Honrado | Produtos fora de prazo

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] Produtos fora de prazo   Num certo momento da desenvolvimento humano (o que normalmente significa qualquer coisa relacionada com o mundo ocidental e neste mundo o bocado em que os ricos comparam os seus mealheiros e aplicações financeiras), nasceu o culto da instantaneidade. Isso significa avidez mas também uma forma precipitada da vida em que tudo se constrói em torno do que o desejo obriga a cada um: o cumprimento instantâneo do que se deseja. As tecnologias dilataram-nos: temos coisas a mais e mais coisas para ver…

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Crónica de Alexandre Honrado | Museus do que não se descobre

Museus do que não se descobre É atribuída a Alexandre o Grande, grego macedónio que liderou conquistas e um Império considerável, não maior porque a morte o colheu cedo, a seguinte frase: “ expansão sem defesa é inútil.” Como todos os poderosos, também Alexandre o Grande teve, depois de morto, elogios exagerados e críticas anormais. Herói para uns, monstro para outros, Alexandre é afinal o que a história regista sempre no discurso dos sucessores, porque foram deserdados ou porque receberam o que mais lhe convinha. Essa história, escrita pelos sucessores,…

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Folhetim | Desvairadas gentes (7º. Episódio)

FOLHETIM | Uma rubrica de Licínia Quitério DESVAIRADAS GENTES (7º. Episódio) Ela era uma mulher ruiva, com cabelos naturalmente encaracolados e revoltos, a lembrar labaredas, com a pele pejada de sardas a mancharem o fundo leitoso. As ancas possantes, os seios ainda firmes, os artelhos finos de cavalo de raça, davam-lhe um ar picante que provocava olhares gulosos dos homens do bairro, pouco habituados a mulheres como a Elvina do Marreco. Como resumia o malandreco do empregadito do CAFUNÉ: Apanhá-la… Davam passeios ao Domingo, de braço dado, pelos jardins da Cidade…

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Crónica de Alice Vieira | O Fantasma do Treinador

O FANTASMA DO TREINADOR Alice Vieira   Não sou particularmente fanática dos Suiços. Tudo bonito demais, limpo demais, ordenado demais, tranquilo demais, perfeito demais.(Com excepção da minha editora, de Genève, que me trata muito bem, e Deus queira que assim se mantenha por muitos anos e bons.) Tive pena que tivessem ficado pelo caminho no Mundial de Futebol, porque (sobretudo desde que Portugal também perdeu) tenho sempre pena dos vencidos.  Mas—confesso—não deixei de sorrir. E de repente vejo-me, para aí há uns dez ou doze anos, acabada de chegar à…

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Crónica de Alexandre Honrado | Os meninos da Tailândia e a dor que somos

Os meninos da Tailândia e a dor que somos Há momentos que nos libertam do estado de mediocridade, do fútil em que nos atafulhamos. Um olhar de enorme coletivo para a Tailândia, à espera que um punhado de garotos sobrevivesse à traição que a sua própria aventura lhes reservou, é um desses momentos. Um grande punhado do mundo a olhar para  mesmo sítio, para o mesmo registo noticioso e a partilhar a mesma angústia. A monstruosidade que é a nossa incapacidade de ajuda somada com uma outra, a da impossibilidade…

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Crónica de Alexandre Honrado | Meia dúzia de ideias ou coisa nenhuma

Meia dúzia de ideias ou coisa nenhuma Quando trabalhamos nesse ingrato equilíbrio que é o de analisar cientificamente a cultura (que é sempre humana, mas nem sempre humanista ou valorizadora do ser humano) nada parece limitar-nos, a menos que os conceitos se ergam diante de nós como muros. É de conceitos que falo agora, escrevendo sobre eles. O estudo da cultura pode colocar na lamela do nosso microscópio a fatia de pizza, coisa praticamente universal, a tatuagem da pele ou do muro da rua, o piercing, a mesquinhez do comportamento…

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