Crónica de Jorge C Ferreira Escrever Esta teimosia em continuar a escrever. Estar neste reduto de liberdade. Ser uma voz livre a sobrevoar a torre de pensar. Continuar aqui apesar do medo de errar e das eternas dúvidas. Nunca sei se as palavras estão certas, se a mensagem chega ao destinatário. Estes medos que assaltam quem escreve na esquina de qualquer frase. Este incêndio que arde dentro do corpo. Este cansaço com que chegamos ao fim de cada alegria. Há uma euforia que logo se esboroa após cada ponto final.…
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Crónica de Alice Vieira | Quando o Amândio bateu no Simão
Crónica de Alice Vieira QUANDO O AMÂNDIO BATEU NO SIMÃO Alice Vieira Ainda mal eu tinha fechado a porta e já a ouvia, agarrada ao volante e a olhar para o espelho retrovisor, “vamos para onde? explique-me lá isso direitinho que hoje a minha cabeça não anda boa e baralho as ruas todas, e então com esta barafunda de trânsito…Olhe para aquele javardo a ultrapassar pela esquerda…Jasus….” Se fosse eu que tivesse apanhado o táxi, se calhar arranjava uma desculpa, saía e apanhava outro—mas tinha sido um táxi…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – C 3 I, Paranóia, Trump, Novo Ano.
Alguém me disse, com olhos doces mas com emoção acesa, que tinha tido a ilusão de um mundo melhor durante a passagem de ano e a desilusão de sofrer com o apocalipse e o fim do mundo nos dias imediatamente a seguir: as mortes nos pavorosos incêndios na Austrália; e o terrorismo protagonizado por Donald Trump, a procurar, em última e derradeira jogada, impedir a sua suspensão como Presidente dos Americanos, dando-lhes em troca o que a seu ver é um paraíso de justiças duvidosas: mais uma guerra. Não sei…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | 2020
Crónica de Jorge C Ferreira 2020 Esta é a primeira crónica escrita em 2020. A primeira de não sei quantas. Uma escrita em que me sinto acompanhado. Quase sempre a minha outra voz presente. A chamada à atenção dos vários momentos da vida. A chamada à razão: “A fala da Isaurinda”. Alguns momentos de tensão. Toda esta escrita começou em 2014. Com alguns intervalos, para boas coisas, lá foi acontecendo um texto às segundas-feiras. Textos entregues, textos sentidos, outros gozados. Pedaços de vidas encontradas e desencontradas. Coisas escritas de vários…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – O meu conto de Ano Novo
Há uma estranha acalmia, agora. O vento é como as velhas bisbilhoteiras, que sem andarem por aí não sabem o que contar. Também há velhos bisbilhoteiros, bem sei. Não seria correto olvidá-los. São diferentes. Sentam-se à porta de casa ou em velhos cafés que são tabernas promovidas e contam o que veem com olhos de reinventar. Às vezes vão a um ou outro velório e sentam-se também, os velhos. E contam histórias antigas como se fossem o que de mais recente os rejuvenescesse. Dizia haver uma regra para esses velhos,…
Ler maisFolhetim por Licínia Quitério | Casa de Hóspedes (26º. e último episódio)
Folhetim por Licínia Quitério Casa de Hóspedes (26º. e último episódio) Adelaide acordou tarde. Desde que rompeu com o Gil, e porque tinha dificuldade em dormir, o médico receitou-lhe uns comprimidos para tomar à noite e passou a ter longos sonos, longos demais, dizia ela, que se levantava tarde para tanta lida, só para tratar da sogra, agora totalmente dependente, eram horas de esforço e paciência. Nem ligou o rádio, pegou na alcofa das compras e quando ia a descer a escada encontrou a D. Laura e a D. Balbina…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Fim do Ano
Crónica de Jorge C Ferreira Fim do Ano Mais um dia ou menos um dia? O eterno dilema. Uma dúvida que me atormenta desde que era muito jovem. Sempre vivi com essas dúvidas que se vão perpetuando no tempo. Quando se aproxima o fim do mês a dúvida aumenta. No fim do ano torna-se quase intolerável. Mais um ano ou menos um ano? Assim tenho ultrapassado os tempos. Assim tenho aturado esses contadores de tempo de dentes afiados e vestidos de negro. Gente nascida de ventres desconhecidos, gente sem nome,…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | E chegou o Natal…
Crónica de Alice Vieira E CHEGOU O NATAL… Que me desculpem algumas pessoas, mas Natal não é “quando um homem quiser”. Natal é em Dezembro, nos dias 24 e 25.Ou poderemos começar a pensar nele a partir do Advento, pronto.(É nessa altura que aproveito para armar todos os meus presépios…) Com esse slogan, já ligeiramente estafado, diga-se (vem dos anos 70, de uma peça infantil chamada “Os Operários de Natal”, com todo o sabor do PREC) acabamos por desvirtuar a data, e começar a celebrá-la ainda mal…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Feliz hipocrisia – a minha história de um banco de Natal
Confundo-me com a multidão que corre para os descontos, afinal a época natalícia trouxe umas surpresas. Lá vou eu, pequenote entre a multidão e dirijo-me ao Carmo, no coração da cidade (capital, portuguesa). É uma praça cheia de magia com um quartel e uma fonte com golfinhos de pedra; gosto de fontes. É o Carmo! O Carmo de tanta história e maiores recordações, da saída da GNR a cavalo para dar umas porrinhadas nos opositores do regime (como diria Pepetela), às glórias de abril, pois foi ali que Marcelo Caetano…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | As Prendas de Natal
Crónica de Jorge C Ferreira As Prendas de Natal Já foram limpas as chaminés. Já foram cheias as almofadas para fazer parecer anafado o Pai Natal lá de casa. Os putos que acreditam andam num virote e ansiosos pelo que lhes vai tocar. Os que não acreditam, mas ainda têm idade para acreditar, fazem de conta que acreditam a ver se o butim aumenta. Há uma algazarra danada numa casa com exaustor e sem lareira. «Assim, como vem cá o Pai Natal?» Diz o mais pequeno da casa. «O Pai…
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