Crónica de Alexandre Honrado Longos caminhos nas trevas percorridos É longo o caminho, difícil a travessia. Pelo meio há figuras icónicas, é sabido, mas são as gentes anónimas, as que morrem e ficam abandonadas à margem da estrada sem nunca terem mostrado que têm nome e valor, são essas as que fazem, na sombra, a história dos países e do mundo. As embarcações cheias de refugiados que nunca chegam a porto seguro, os escravos que não conheceram o abolicionismo, a verdade que ficou por dominar perante a mentira…
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Crónica de Jorge C Ferreira | O Sofrimento
O Sofrimento por Jorge C Ferreira Quando os dias e as noites já não se diferenciam. As portadas sempre fechadas. Uma luz sempre acesa. As paredes despidas de alegrias. Uma cama sempre por fazer. Uma vida por celebrar. A festa da vida que falta. O tempo a correr. Os acontecimentos inesperados que se sucedem. Uma corrida que parece feita ao contrário. Os caminhos sem fim. Os caminhos depois do fim. O fim de tudo e o sem princípio. Uma bola colorida de que já não vimos as cores.…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – A nossa bela mestiçagem
Crónica de Alexandre Honrado A nossa bela mestiçagem Ando pela Lisboa que amo profundamente. Se olharem para as árvores, os sons de Lisboa não diferem. São um coro amável de muitas influências. Encontrarão nessas árvores a cantonense Muk Min, a árvore do algodão, vinda de Macau, a dois passos de um embondeiro angolano, de uma papaia moçambicana, a poucos metros estará um pinheiro-da-terra ou pinheiro de São Tomé, mais adiante um marmolano, de Cabo Verde, e uma Jequitibá, a árvore brasileira de maior porte e longevidade, um tamarilho timorense…
Ler maisCrónica de Licínia Quitério | O lenço
De ontem e de hoje – O lenço por Licínia Quitério Trazia um jornal desportivo dobrado debaixo do braço. Baixote, franzino, poderia parecer mais novo, não fora aquele desalento nos cantos da boca que o bigode grisalho não lograva esconder. Teve dificuldade em fazer rodar o manípulo da porta do café, o que indiciava não ser frequentador habitual. Com olhar rápido, avaliou qual das mesas disponíveis lhe seria mais conveniente. Escolheu a do canto, longe da entrada e do balcão. Mal ele se sentou, a D. Mimi, sempre…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Santos e altares
Santos e altares por Jorge C Ferreira Temos a mania das grandezas. Essa coisa tão estúpida própria de gente ignorante. Os poderes deste país, onde me coube nascer, só pensam pequeno no que diz respeito aos mais necessitados. Quanto ao resto é um “fartar vilanagem”. O exagero. O que não é necessário. As opções erradas. Coisas que me deixam incrédulo. Parece que estamos sempre nos Jogos Olímpicos. Mais longe, mais depressa, mais alto. Depressa porque deixamos atrasar tudo e acabamos a fazer as coisas em cima do joelho.…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – O riso de todos
Crónica de Alexandre Honrado O riso de todos Estamos no momento da crise. Há demasiado tempo. Da crise dos valores, da economia, da autoestima, da memória, do futuro. Estamos de uma fragilidade insana. Os intelectuais estão em estado crítico, também, pela não geração de ideias universais – o que prova como não estão preparados para dar conselhos à Humanidade. A Humanidade também, por estar num daqueles períodos da História do Mundo em que a cultura lhe parece uma ameaça – queimem os livros, pois não sabemos ler! Quando…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | A ânsia de Liberdade
A ânsia de Liberdade por Jorge C Ferreira Fazer parecerem imensos os estreitos caminhos do meu País. Tão imensa era a nossa vontade de mudança. As ruas sinuosas, elegantes, a lembrarem corpos de mulheres. As travessas, as escadas e as escadinhas. O sobe e desce. A vida sempre no patamar mais baixo. Os jardins e os namorados. Em cada banco uma jura de amor. Quadras de amor. Nomes escritos. Corações esquecidos num verde cativante. A nossa vontade de ir até aos espaços amplos, onde brilhava a liberdade. Fartos…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Sempre a tilintar
Crónica de Alexandre Honrado Sempre a tilintar Eu nasci em Lisboa e andei a crescer por lá, entre asfalto e nuvens. Quando era menino, o asfalto ainda era pouco e muito triste, a terra batida atirava-nos poeira para os olhos e as ideias que se trocavam em voz baixa mas não tímida eram espancadas e encarceradas; as nuvens contrariavam sempre o Sol, esse Sol que em Lisboa é pródigo e farto como um útero fértil. Há qualquer coisa na atmosfera que nos convida a ser felizes na minha…
Ler maisCrónica de Licínia Quitério | O Conde Drácula
De ontem e de hoje – O Conde Drácula por Licínia Quitério Ouvir falar da Roménia, dos Cárpatos, dos seus castelos, logo me faz vir à lembrança o nome de Bram Stoker, o escritor que deu vida à sua assustadora e sedutora criatura, o conde Drácula, vampiro insaciável de sangue humano, nas noites fabulosas do seu castelo. Drácula veio povoar os primeiros sonhos góticos de uma geração muito marcada pela rigidez dos costumes vitorianos, permitindo inclusivamente alusões à sexualidade proibida e perseguida. Lembro-me de ir ver, com o…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Aprender
Aprender por Jorge C Ferreira A ilusão de encontrar o sempre desejado. Umas pernas que não encontram o futuro. O futuro, esse acto desconhecido. Um caminhar arrastado. Uma casa no meio da floresta e os animais que nos procuram. Somos as presas mais fáceis. Os mais desfavorecidos de todos. Nada mais nos pode faltar. Não há bálsamos para este modo de estar. Somos os restos que os nababos desta vida desdenham. Somos os velhos. Os que estamos a mais. Os que somos empecilhos para essa gente. Tinha um…
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