Uma Quinta por Jorge C Ferreira Uma quinta no alto de Vila Franca de Xira do pai de um Amigo nosso. Algumas vezes tínhamos autorização para usufruir da casa. Ou íamos no Wolkswagen 1300 dum amigo, ou de transportes públicos e tínhamos de subir aquela imensa rampa. Eram fins de semana especiais. Havia a casa dos caseiros e a casa principal. Um tanque e um pátio com uma excelente vista e onde se tomavam banhos de mangueira. Havia um burro que teimávamos em montar e saltar dele em…
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Crónica de Jorge C Ferreira | Uma notícia triste
Uma notícia triste por Jorge C Ferreira Quando um colega chegou depois de almoço, já tarde, e se sentou ao pé de mim com um ar triste, fiquei preocupado. Depois despejou: «Vê lá que fui para ir almoçar com antigos colegas e acabei no funeral do Q.» Parei tudo o que estava a fazer e as lágrimas vieram-me aos olhos. A pergunta saiu rápida: «Que lhe aconteceu?» A resposta saiu titubeante: «Uma doença má e estranha. Não sei ao certo.» Até hoje, não encontrei resposta para tal coisa.…
Ler maisCrónica de Licínia Quitério | De ontem e de hoje – A Aparição
A Aparição por Licínia Quitério A gente vai ali e já vem, o que tem a fazer não é coisa de levar mais de uma hora e, depois de tudo feito, senta-se um bocado a tomar um café, a cumprimentar este e aquela, a sossegar, a olhar a rua, sossegada rua de bairro sossegado de sossegada terra. Do lado de lá, envolta no sossego, a aparição de um homem velho, alto, muito magro, de barbas brancas a excederem a máscara que a pandemia trouxe. Era o que nos…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Um grande Amigo
Um grande Amigo por Jorge C Ferreira Era um enorme Amigo e tinha um MG de colecção. Um MG vermelho e preto com cromados que brilhavam. Uma grelha frontal, linda, vistosa. Uma festa de carro. Foi um amigo muito chegado. Um Amigo de Amar. Porque os Amigos também se amam. Momentos únicos. A nossa ligação era muito estreita. Sabíamos tudo um do outro. Não tínhamos vergonha de nos beijar. Muitas vezes vinha-me buscar ao banco. Parava o carro em cima do passeio na Rua dos Sapateiros e ia…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | As férias grandes
As férias grandes por Jorge C Ferreira Teria cerca de 12 anos quando comecei a ir passar as férias de Verão para a Parede na linha de Cascais. Motivos familiares proporcionaram tal. Vivia mesmo no centro da terra. Atravessava a linha do comboio, descia a rua e estava na praia. Havia o banheiro e as barracas e os toldos alugados à época. A praia da Parede era uma praia familiar. As barracas eram guardadas de ano para ano. As senhoras faziam rendas para toalhas intermináveis. As meninas jogavam…
Ler maisCrónica de Licínia Quitério | De ontem e de hoje – Os filhos
Os filhos por Licínia Quitério A cabeleireira tem um filho que não quer comer. Não quer comer ou não quer que a mãe queira que ele coma. Só quer o tablet que o tio lhe ofereceu para ver os bonecos tão feios, mas de que ele gosta muito. É tão engraçado ver como ele já sabe mexer naquilo com os dedinhos gordinhos a deslizarem para cá para lá e os bonecos horríveis a fazerem caretas, a gritarem. O que vale é que ele lá vai mastigando enquanto joga…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | As Festas e os Bailes
As Festas e os Bailes por Jorge C Ferreira O frenesi dos bailes de finalistas. Os vários espaços que se percorriam. O Espelho de Água, as Belas Artes, até em barcos ancorados no Tejo. O baile da chita. Bailes com mais alguma liberdade. As tentativas de entrar sempre sem pagar. Os bares cheios. Os vários conjuntos da época, a música ao vivo: O Quarteto 1111 com o fantástico José Cid, o Quinteto Académico Mais Dois apenas com um português o meu Amigo Zé Manel Fonseca, exímio saxofonista, os…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Apenas garotos
Apenas garotos por Jorge C Ferreira Usávamos pulseiras de prata com o nome gravado numa placa. Na parte de trás o nome da namorada. Tínhamos anéis iguais e grossos. Éramos uns garotos. Na altura não se usavam piercings e as tatuagens só eram visíveis nos que vinham da guerra, muito artesanais e consideradas de muito mau gosto. Muitos não compreendiam as condições em que aqueles homens deixaram marcar o corpo. Por vezes um sofrimento atroz. O amor de Mãe era o último refúgio. Quantos se suicidaram antes de…
Ler maisCrónica de Licínia Quitério | De ontem e de hoje – Seria mesmo ele?
Seria mesmo ele? por Licínia Quitério Há meia dúzia de anos, num transporte público, sentei-me ao acaso ao lado de um desconhecido. Puxei pela sandes de queijo e comecei a comer com avidez, porque tinha estado em jejum de obrigação. Já a sandes se aproximava do fim, quando o sujeito se inclina para mim, me toca ao de leve com o ombro e exclama, isso é que é larica, e ri-se. Afastei-me, olhei-lhe o perfil e com cara de poucos amigos disse, pois. O sujeito continuou a rir,…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Mais que um café
Mais que um café por Jorge C Ferreira Havia um café num Largo de Lisboa que era mais que um café, era uma iniciação à vida. Um Largo que era dominado por Neptuno, o seu enorme tridente e a água da fonte a correr num desatino. Entre a malta do café o deus do mar era carinhosamente tratado por Zé do Garfo. Os eléctricos passavam nesse Largo. O café lá estava iluminado e cheio. Um anúncio luminoso dos antigos tempos. Na cave, um restaurante com um painel assinado…
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