Uma noite em Buenos Aires Por Alice Vieira Depois de Lisboa e da Ericeira não há terra mais bonita que Buenos Aires. Aqui há uns anos fui convidada para ir trabalhar com as crianças de uma cidade argentina chamada Resistência, capital da província de El Chaco. É a província mais miserável da Argentina. Basta dizer que a capital só tem uma rua alcatroada. Mas há lá um homem extraordinário, o escritor Mempo Giardinelli, que tem uma fundação que se ocupa da educação das crianças, convidando escritores, pintores, músicos, etc, …
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Crónica de Alice Vieira | Mais contingência…
Mais contingência… Por Alice Vieira O estado de contingência vai recomeçar. E não sei quando irá parar. Agora é porque as crianças vão entrar na escola e no fim do mês logo se vê…Mas depressa virão outros motivos. Enquanto não houver vacina, isto não tem conserto. Está bem, não é confinamento, podemos sair com as devidas precauções, já não é mau. Mas continuamos a não poder abraçar nem beijar ninguém. Agora já nem cotoveladas, agora pôe-se a mão no peito… Imaginem : a minha neta Adriana, que acaba um…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | O que dizem as palavras
O que dizem as palavras Por Alice Vieira “Não há serviço de mesa?” Chama-se a isto iliteracia. Quer dizer : sabem ler, mas não praticam. Ou olham para sinais e são incapazes de os descodificar. Voltando a esta praia : nos acessos, há enormes riscos no chão em verde , de um lado, com uma palavra em grandes letras que diz “descer por aqui”; e outros , do outro lado, em vermelho, e a dizer “subir por aqui. “ Claro que é tudo ao molhe e fé em deus.…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Falando de comida…mas não só
Falando de comida…mas não só Por Alice Vieira A CNN apresentou recentemente um programa em que anunciava não as 20 maravilhas de Portugal—mas quase. Depois de apresentar Portugal como um dos países com melhor culinária, arriscou e votou nos 20 melhores pratos portugueses, e vários restaurantes onde eles se encontram –e alegrai-vos, ó jagozes porque , ao falarem de peixe, as “Furnas” aparece logo na lista… (Também é a única referência a esta zona, mas pronto, melhor que nada…) Com alguma graça, o autor do texto diz que os…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Cuidado comigo
Cuidado comigo Por Alice Vieira Estou furiosa. Há meses que ando a sonhar com o meu regresso à pátria, ou seja à Ericeira. Primeiro aceitei este exílio porque eram os meses de confinamento. Depois porque era um semi-confinamento. Mas agora em que, sempre com as devidas precauções, claro, já me podia meter num carro (transportes públicos ainda não…) e desaguar na minha varanda com vista para o mar –tenho de ficar por Lisboa pelo menos mais uma semana. Ainda se a culpa fosse minha… Mas não. E isso é…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | De hoje é que não passa
De hoje é que não passa Por Alice Vieira De repente aparecem-me notícias que me deixam quase em estado de choque. Num dia deste mês—não digo qual, para não fazer publicidade—vai ser feita uma homenagem a … Ministra da Saúde?—Não. Médicos e enfermeiros?—Não. Professores e jornalistas?—Não Actores e músicos ?—Não. Estão bem sentados? Uma homenagem a Salazar, lembrando o 50º aniversário da sua morte. Vai haver missa, almoço, conferência de um tenente-coronel de que esqueci o nome, moeda comemorativa. Quando disse isto a um amigo, vagamente de esquerda,…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Afinal para onde é que vamos?
Afinal para onde é que vamos? Por Alice Vieira Prometi ,na crónica passada, que a de hoje ia ser mais divertida Estou a fazer os possíveis, juro que estou ,mas.. estou a ver que não. Porque não há meio disto melhorar… Pessoalmente até estou bem, sem depressões nem nada dessas coisas. Mas… Há dias que suspiro pelo meu café em Lisboa, que vai ficar em lay-off a partir de 2ª feira (mas, para animar um bocadinho o pessoal, vamos lá fazer hoje—a meia dúzia que lá cabe, com as…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Ora então parece que andamos a brincar
Ora então parece que andamos a brincar Por Alice Vieira Ora então parece que andamos a brincar. Pode haver grupos de 20 pessoas—e vamos logo fazer festarolas com mil. Temos de guardar distância entre nós—vamos todos bailar e andar aos abraços. O vírus afecta toda a gente –ora, são só os velhotes. Aqui perto de onde eu moro, em Lisboa, há uma rua com muitos restaurantes e esplanadas—e é vê-los à noite, aos magotes, copo na mão—e, evidentemente, sem máscara. E assim tivemos de regredir, de não poder fazer…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Confinar ou desconfinar…
Confinar ou desconfinar… Por Alice Vieira E cá andamos, mais ou menos desconfinados, mais ou menos mascarados, mais ou menos alcoolizados (eu sempre disse que o álcool curava tudo, mas as pessoas riam-se…) Adapto-me bem a esta nova vida. Leio por aí que os remédios que as farmácias mais vendem actualmente são anti-depressivos e ansiolíticos Acontece que eu andava a tratar-me com uma psiquiatra antes da pandemia, por causa de uma depressão. Angústias, um sufoco no peito, tinha de sair de casa às seis da tarde porque não suportava…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | O silêncio da leitura
O silêncio da leitura por Alice Vieira Todos nós temos uma tendência para falar preferencialmente daquilo que está mal. Claro que se deve falar dessas coisas, claro que se deve chamar a atenção para aquilo que está errado—mas quantas vezes olhamos para o que está bem…e não dizemos nada? (Mal acomparado, muito mal acomparado, admito, é um pouco o que se passa hoje, toda a gente a repetir vezes sem conta, o número de mortos e infectados sem nunca se lembrarem de anunciar o número de curados… Adiante )…
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