Crónica de Alexandre Honrado O circo dos horrores Não me conformo com um mundo tão disfuncional, que festeja a globalização com o seu 5G – o padrão de tecnologia de quinta geração para redes móveis e de banda larga, coisa estúpida e tão inútil que só seria interessante se ajudasse a apagar a pegada imunda que a civilização humana deixou na destruição do mundo -; que festeja o que é doente, como a alienação, a proibição ou a repressão, negando-se a saúde da solidariedade, da proximidade, da pacificação.…
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Crónica de Alexandre Honrado – As aranhas que nos querem
Crónica de Alexandre Honrado As aranhas que nos querem Há uma inteligência de aranha no que está para trás, na história do mundo, a coberto de manifestações evidentes ou de siglas que agora são negras e pendem, como espada de Dâmocles sobre as cabeças de todos nós (embora aqui a moral da história seja bem diferente da que imperava no conto de Timaeus de Tauromenium que Cícero imortalizou). A aranha para alcançar os seus objetivos tece – e o que tece tem uma robustez de objetivos, liga os…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Um mictório faz sempre falta
Crónica de Alexandre Honrado Um mictório faz sempre falta Silva não gosta de liberalizações. De tudo um pouco e mais alguma coisa e a indignidade tece-lhe oposição; acorda com urticária e deita-se num palacete que remodelaram para as suas necessidades. A vida assim até parece fazer-lhe sentido. A palavra necessidades enerva-me e só me acalma quando penso na fonte revolucionária de Duchamp, um urinol, um mictório de porcelana que o próprio comprou barato para remodelar como peça de arte. Isto foi em 1917, mas todos os mictórios me…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Herberto (porque sim)
Crónica de Alexandre Honrado Herberto (porque sim) Herberto Helder, leitura de sempre, leitura de verão. A matriz insular de Herberto Helder define-lhe o tempo. Porção de homem rodeado de mitemas por todos os lados, construindo sempre, mais ou menos por opção o (seu) mito resistente. Como uma ilha e a água que a rodeia ou um poema (ilhado) no sentir. Tudo o que somos, reflete-se não só na nossa relação com o tempo mas também com o espaço, e com os outros. Quando as palavras chegam ao pensamento…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Peão faz cheque aos reis
Crónica de Alexandre Honrado Peão faz cheque aos reis Os deputados vão de férias. Oiço atentamente o Estado da Nação, a sua última reflexão sazonal. O Governo não é dos melhores; a oposição é das piores que temos tido. Vejo com muita atenção o que se vai dizendo e gesticulando na Assembleia da República, afinal aquela é a nossa casa maior, a casa da Democracia, enquanto durar e lá tivermos quem nos represente, bem ou mal, a bem ou a mal, é um sintoma muito positivo. Enquanto isso…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – A flor rara no mais alto cume
Crónica de Alexandre Honrado A flor rara no mais alto cume Os momentos mais delicadamente espirituais que me foram dados assistir ao longo da vida, e podem ter a certeza de que foram muitos e marcantes, incluem a rara sensibilidade de alguns ateus que, por incapazes de adorarem um Deus, ficaram na expectativa dos melhores encontros proporcionados por todos os deuses que, valha-nos quem puder, são tão variados, tão pródigos, tão completos e todavia tão frágeis e tão impotentes diante de uma civilização que nunca acertou o passo…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Esquerda, direita, um dois
Crónica de Alexandre Honrado Esquerda, direita, um dois Entre uma esquerda possuída por terrores e temores, digna dos piores sintomas do assustador parkinsonismo, trémula mas também encapuzada para não enfrentar heranças trágicas, cometidas por alguns dos seus mais estúpidos representantes, e uma direita trágica, com péssimos (e sim, estúpidos) representantes, com os seus mitos messiânicos escondidos na sombra dos subúrbios da capital, com sintomas de um Alzheimer calamitoso, toldada por um apagão da memória e do próprio cérebro que, a todo o custo, deseja que seja sintoma contagioso…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Tristezas: o silêncio incluído. (E danço samba)
Crónica de Alexandre Honrado Tristezas: o silêncio incluído. (E danço samba) O rótulo triste da política acusa sempre a cor da moda, umas vezes intensa cor em outras o desmaiado logótipo do desencanto. As velhas ideologias escoaram-se, talvez porque ficaram nas mãos de pobres condenados ao poder, desses que não olham a meios para alcançar os seus fins. Os grandes ditadores, sabemo-lo bem, eram gente inculta e de ambição desmedida, e viam no domínio do próximo a sua elevação e grandiosidade. Fracas figuras que, pelo uso da força,…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Esta sociedade do espetáculo
Crónica de Alexandre Honrado Esta sociedade do espetáculo Quando falo de algum autor, em especial se for daqueles que se inserem no apertado grupo do pensamento e dos pensadores mundiais de qualquer época, não espero que saibam de quem se trata ou que conheçam aquele a quem me refiro. Espero, isso sim, que depois de apontá-lo a dedo – a dedo de texto que é o meu mais fiel ponteiro, de preferência sem artrose ou hesitações -, espero, dizia, que a partir dessa nomeação possa vir a ser…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Matar a fome… de restaurante
Crónica de Alexandre Honrado Matar a fome… de restaurante Somos feitos de conflitos, uns saudáveis, outros não. Conflitos internos que nos ajudam a crescer, a superar os obstáculos, a melhorar os nossos objetivos, a apaziguar, isso sim, os nossos conflitos. Quando não conseguimos gerir os conflitos que nos agitam, tornamo-nos indignos. Agredimos o nosso semelhante, transformamos conflitos naturais em combates bestiais, somos o lado medíocre, esse lado medíocre que também nos compõe e percorre e é então que mostramos as nossas fraquezas, esbofeteamos o nosso próximo, socamos adversários,…
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