FOLHETIM | Uma rubrica de Licínia Quitério Desvairadas Gentes (6º. Episódio) Parecia mesmo tirada de um filme português, daqueles que a gente não se cansa de ver e em que se percebe tudo. Nada como os de agora que são só p’ra doutores e mesmo esses duvido que não adormeçam pelo meio. (Isto dizia a Dona Rosa, admiradora indefectível da Dona Beatriz Costa e a quem o Senhorio, só de pensar nele, provocava subidas bruscas de tensão.) Quando um cano se rompia e vertia águas para o andar inferior, as discussões…
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Crónica de Alice Vieira | Turismo em Lisboa
TURISMO EM LISBOA Alice Vieira Acabo de chegar de Colónia. Uma semana rodeada de alemães, a participar, com alguns colegas portugueses ,num encontro de literatura infantil. Tudo organizado ao milímetro (alemães…) desde os motoristas que nos iriam buscar e levar ao aeroporto, até aos que sabiam na perfeição onde eram as escolas e bibliotecas onde cada um de nós devia ir , até às professoras (de origem portuguesa ou sabendo muito bem o português) que, naqueles dias, tinham por missão acompanhar cada autor português, não o largando nem…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | Porque não sou uma estante (nem um canapé)
PORQUE NÃO SOU UMA ESTANTE (NEM UM CANAPÉ) Tenho inúmeros livros na cabeça, alguns da capa à contracapa, sei-os quase de cor; li magras edições, revistas de quadradinhos, calhamaços e coisas ditas sérias, até o Anthony Giddens me ensinou que “para controlarmos o futuro, é necessário que nos libertemos dos hábitos e preconceitos do passado” – e todavia tudo isso não faz de mim uma estante. Já dormiram sobre mim – e nunca fui almofada ou cama. Já tive pessoas ao colo, algumas recém nascidas outras bem graúdas…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | Como se morre na praia
COMO SE MORRE NA PRAIA Na minha crónica da semana passada, sobre o trágico acidente que vitimou um casal de turistas, de férias, na Praia dos Pescadores da Ericeira, local que, tal como eu, muitos portugueses já visitaram e olharam com demora retendo-lhe muitos pormenores, alguns comentários foram-me chegando. Num deles, uma simpática senhora dizia que não sabia onde eu – tratava-me por senhor – queria “chegar” com o texto. E eu não percebi, obviamente, onde é que a senhora quis chegar com o comentário que, aliás, arrebatou e…
Ler maisFolhetim | Muitas e desvairadas gentes (5º. Episódio)
FOLHETIM | Uma rubrica de Licínia Quitério MUITAS E DESVAIRADAS GENTES (5º. Episódio) – Que Deus nos defenda! – dizia, enquanto beijava o Bentinho Doutor Sousa Martins que sempre trazia pendurado no fio de prata, juntamente com o crucifixo que a prima Maria do Sacramento lhe tinha trazido da excursão à Terra Santa, promovida pelo senhor Padre Francisco, um santo homem que, por um preço insignificante, lhes servira de guia e ainda por cima tinha ajudado a transportar ao hospital a Maria das Poças que em má hora torcera um artelho…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Dantes os comboios
DANTES OS COMBOIOS Alice Vieira Mais do que as viagens, mais do que ficar a olhar pela janela pensando que eram as árvores e as casas e as estradas e os campos que corriam e não eu–foi o cinema que muito cedo me deu a paixão pelos comboios. Cinema a preto e branco, evidentemente, onde os comboios eram daqueles a sério, apareciam e desapareciam entre espessas nuvens de fumo, e depois no meio delas acabávamos por descobrir o herói que chegava, ou que afinal não tinha partido e decidira…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | Não sei dançar ao som da morte
NÃO SEI DANÇAR AO SOM DA MORTE Morreram duas pessoas na Praia dos Pescadores da Ericeira, caíram de um muro que acaba no passeio do Largo das Ribas e se precipita até ao areal, o mesmo de onde partiu a família real para o exílio, embarcando na barca Bomfim para alcançar o iate D. Amélia e, indo nele, procurando um novo mundo. Da praia da história e da felicidade dos risos de Verão e dos gritos dos miúdos ao entrar na água fria, da praia da ansiedade dos monarcas…
Ler maisCrónicas de Jorge C Ferreira | A Arte
A Arte Tentar ocupar o vazio. O espaço sem espaço. Uma simulação de ser. Uma aventura que sabe sempre a pouco. As letras a cavalgarem-se. Um galope alargado. Um abecedário que escreve o nome de todos os obstáculos que se vão ultrapassando. Até ao fim da dor. Até à linha final. Um tempo enganado, um tempo de enganar. Um tempo que, por vezes, custa a percorrer. Há sempre mais uma árvore atravessada no caminho. Uma floresta de enganos e um não saber da próxima corrida, da próxima desventura. Acreditar que,…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | Não só o burrito vai à feira
NÃO SÓ O BURRITO VAI À FEIRA Como todos os anos, de há uns 30 a esta parte, dei comigo na feira do livro, sorrindo a leitores ou a compradores de livros, colocando dedicatórias com mais ou menos criatividade, uma delas ímpar – “dedique aos meus netos, que são oito, e todos ficarão contentes!” -, outras menos originais, mas sempre felizes, ao saírem do meu punho para parte incerta. Como todos os anos, não consigo deixar de me sentir observado – é confrangedor estar sentado numa mesinha e…
Ler maisFolhetim | Desvairadas Gentes (4º. Episódio)
FOLHETIM | Uma rubrica de Licínia Quitério DESVAIRADAS GENTES (4º. Episódio) Preço bem discutido. – Por esse dinheiro compro eu três ali abaixo. – Venha cá, senhora, que eu não engano ninguém. Pela minha saúde que prefiro não ganhar dinheiro nenhum e estrear-me hoje com uma freguesa tão simpática. – Deixe-se de cantigas e guarde lá essas gabarolices para a sua mulher. – Prontos, freguesa, não se zangue que o cigano só quer servir bem o cliente. E gritava: – Olha as arcas de macacaúba! Venham ver que pr’a semana não…
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