Ora então parece que andamos a brincar Por Alice Vieira Ora então parece que andamos a brincar. Pode haver grupos de 20 pessoas—e vamos logo fazer festarolas com mil. Temos de guardar distância entre nós—vamos todos bailar e andar aos abraços. O vírus afecta toda a gente –ora, são só os velhotes. Aqui perto de onde eu moro, em Lisboa, há uma rua com muitos restaurantes e esplanadas—e é vê-los à noite, aos magotes, copo na mão—e, evidentemente, sem máscara. E assim tivemos de regredir, de não poder fazer…
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Almanaque Legal | Nuno Cardoso Ribeiro – O regresso das crianças às creches
O regresso das crianças às creches por Nuno Cardoso Ribeiro A pandemia não foi ainda debelada. Continua a ser um risco para todos nós, e também para as crianças, apesar de estas serem, ao que se sabe, menos suscetíveis de contrair a doença. É certo que alguns médicos e cientistas vêm alertando para o risco de os mais jovens desenvolverem sintomas similares aos do síndrome de Kawasaki na sequência de um contágio por coronavirus, mas existem ainda poucas certezas. Compreensivelmente, muitos pais hesitam relativamente à decisão de enviar os…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – José Saramago dez anos depois e outras coisas que podem ser verdade
José Saramago dez anos depois e outras coisas que podem ser verdade Por Alexandre Honrado Duas ideias que quero entrelaçar, não tendo relação óbvia – nem equívoca, se formos a ver bem – podem satisfazer-me durante aqueles minutos em que penso, não por obrigação, mas por desprendimento. São momentos em que escrevo para alguns órgãos de comunicação, como é o caso, sem o menor compromisso, nem com leitores nem comigo, porque se o tivesse tornava-se imperioso ensaiar algumas cedências e, sobretudo, mentir. É que já não se faz qualquer…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Antes da pandemia
Antes da pandemia por Jorge C Ferreira Ela leva o mais pequeno para a creche. Ele o mais velho para a escola. Vão ter escola e prolongamento. Só vão sair quando estiverem cansados, para não cansarem mais os cansados pais. Mais de uma hora até ao trabalho. Uma para lá outra para cá. Tempo que não é pago. Quem te mandou ir viver para os subúrbios? As novas lancheiras. A comida aquecida no micro-ondas. Meia-hora para almoçar que isto não está para conversas. O convívio incomoda certa gente. Acabaram…
Ler maisCrónica de Psicologia de Filipa Marques | Fenómeno Floyd
Fenómeno Floyd por Filipa Marques George Floyd. Um nome, um ser humano, um fenómeno. O fenómeno do racismo. O racismo, em concreto, “é uma forma de preconceito que assume que as pessoas de diferentes raças têm características diferentes, diferenças estas que resultam na ideia de que alguns grupos raciais são inferiores a outros. O racismo geralmente inclui reações emocionais negativas para com os membros desse grupo, aceitação de estereótipos negativos e discriminação racial contra indivíduos; em alguns casos pode levar a violência” (Associação Americana de Psicologia).…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – A estúpida ideia de uma “Europa branca”
A estúpida ideia de uma “Europa branca” Por Alexandre Honrado Dizia a minha avó que a ignorância torna as pessoas atrevidas – o que queria significar que a ignorância torna cada qual capaz de dizer e propagar asneiras e mentiras como se de acertos e verdade se tratasse. Eu, neto atento e menos delicado, digo agora que a ignorância quando sedentária, quando irrecuperável, é a mãe de toda a estupidez incorrigível. Não…
Ler maisCrónica de Licínia Quitério | De ontem e de hoje – Ciúmes
De ontem e de hoje – Ciúmes por Licínia Quitério “Quem me dera no tempo de saltar os muros para ir roubar ameixas, ainda verdes, de fugir dos cães, dos cães que guardavam as árvores, os quintais, que ladravam e às vezes mordiam a quem trazia, a quem levava, a quem estava e não devia estar ali, no seu entender de cães.” Isto dizia ele, uma das mãos na bengala, a outra a passar o lenço pelo olhos, azulados agora, e tão incompetentes que mal guardavam a memória do…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | O pranto
O pranto por Jorge C Ferreira Sentirmos no ombro, no peito, um dilúvio de lágrimas. Ouvir os ininterruptos soluços. Tentar acalmar a dor e deixar que a raiva passe. Os gonzos da cela da prisão a encerrar a liberdade. O barulho das pesadas chaves. Uns lábios muito quentes. A febril emoção. Saber da aveludada pele de outros pigmentos. Saber do amor falado noutras línguas. Outras maneiras de amar. Amar sempre o outro. Nunca sentir as diferenças. Ama-se porque sim. Porque se sente algo de especial. Uma vontade enorme de…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Confinar ou desconfinar…
Confinar ou desconfinar… Por Alice Vieira E cá andamos, mais ou menos desconfinados, mais ou menos mascarados, mais ou menos alcoolizados (eu sempre disse que o álcool curava tudo, mas as pessoas riam-se…) Adapto-me bem a esta nova vida. Leio por aí que os remédios que as farmácias mais vendem actualmente são anti-depressivos e ansiolíticos Acontece que eu andava a tratar-me com uma psiquiatra antes da pandemia, por causa de uma depressão. Angústias, um sufoco no peito, tinha de sair de casa às seis da tarde porque não suportava…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – O meu alfarrabista e a loucura do mundo
O meu alfarrabista e a loucura do mundo Por Alexandre Honrado A loucura é uma coisa triste, por vezes confundida com criatividade, ou melhor, com a criação artística, pois é uma manifestação do irracional capaz deste ou daquele momento impulsivo. É triste, é destruturação e não imaginação, mesmo que seja fértil. Não é a loucura de Rimbaud, estado de transe, nem a que nos move em certos momentos inexplicáveis ou aparentemente inexplicados.…
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