De ontem e de hoje – Joanetes por Licínia Quitério A Dona Cândida tinha joanetes. Era para onde eu mais olhava quando ela vinha fazer a sua visita anual e ficava uns dias em casa da minha avó. A Dona Cândida era solteira, solteirona, diga-se, que já ia avançada na idade, uma velha muito velha, no meu entender de criança. Vivia para os sobrinhos que eram as pessoas mais inteligentes, mais bonitas, mais bem educadas deste mundo. Filhos da sua irmã e do seu cunhado, só poderiam ter saído…
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Crónica de Jorge C Ferreira | Saudades da outra rua
Saudades da outra rua por Jorge C Ferreira Reencontrar o momento numa noite de luar à sombra de uma palmeira. Ter saudades de estar na minha esplanada a olhar o mar. O azul do nosso Mar Nostrum. As minhas queridas amigas. A ilha que anda. O monte calado e uma igreja fechada. Os meus amigos que ainda bebem. A noite a crescer no passeio marítimo. Tenho tantas saudades de vocês, PORRA! Falamos e dizem-me com ar triste da sua tristeza de não me verem sentado na mesa do costume.…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | O que dizem as palavras
O que dizem as palavras Por Alice Vieira “Não há serviço de mesa?” Chama-se a isto iliteracia. Quer dizer : sabem ler, mas não praticam. Ou olham para sinais e são incapazes de os descodificar. Voltando a esta praia : nos acessos, há enormes riscos no chão em verde , de um lado, com uma palavra em grandes letras que diz “descer por aqui”; e outros , do outro lado, em vermelho, e a dizer “subir por aqui. “ Claro que é tudo ao molhe e fé em deus.…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Ao passar por Lisboa rumo a mim
Ao passar por Lisboa rumo a mim Por Alexandre Honrado Era Fernão Lopes, o cronista, quem dizia de Lisboa uma cidade de “desvairadas gentes”, querendo dizer com isto que a capital portuguesa cumpria um destino saudável, o de ser de todos e de cada um, multicultural, atraente, cosmopolita, de feições internacionais – ao contrário de outras, apenas fechadas sobre as suas próprias sombras, cumprindo becos e medos de ruas escuras e desconfiadas. Lisboa que de outrora aos nossos dias foi ousando a absorção de novos valores, mais jovem, mais…
Ler maisAlmanaque Legal | Nuno Cardoso Ribeiro – Os unidos de facto têm direito a pensão de alimentos?
Os unidos de facto têm direito a pensão de alimentos? por Nuno Cardoso Ribeiro É sabido que o número de uniões de facto tem crescido exponencialmente. De acordo com a Pordata, os unidos de facto eram cerca de 730.000 em 2011. Em 2001, esse número era “apenas” de 381.000, o que representa praticamente uma duplicação num período de dez anos. A acompanhar esta tendência, também o número de crianças nascidas fora do casamento suplanta já as nascidas de pais casados. De um total de 86.000 nascimentos em 2019, 49.000…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Grandes Entrevistas
Grandes Entrevistas por Jorge C Ferreira A televisão em Portugal tem muito lixo. Existem, no entanto, nichos muito interessantes. Não sou um crítico de televisão. Não o pretendo ser. Vou falar de vidas que valem a pena, vidas preenchidas que nos preenchem. Sou espectador da “Grande Entrevista”. Com a possibilidade de ver os programas a qualquer momento e poder escolher o que nos interessa, a televisão tornou-se mais apetitosa. Uma entrevista deve valer pelo entrevistado. O que ele nos aporta. O papel do entrevistador, para além de pontuar os…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Mal dobrado este novelo do tempo
Mal dobrado este novelo do tempo Por Alexandre Honrado O tempo passa como um novelo mal dobado. Dobar, caso não saiba, pode ser o ato de enovelar o fio de uma meada ou o de dar voltas e mais voltas, simplesmente o voltear. Costumo dobar a minha cabeça e o que vai nela, nem sei ao certo o que lá se passa, tanto é o tráfego, a exultação, a exaltação. O tempo passa como um novelo mal dobado e no entanto não tem essa existência formal: um novelo compra-se,…
Ler maisCrónica de Licínia Quitério | De ontem e de hoje – O Carlos
De ontem e de hoje – O Carlos por Licínia Quitério Aparece aos Sábados, o dia da folga, presumo, de trabalho precário, de salário pequenino. Isto a avaliar pela qualidade da vestimenta, dos sapatos, pelo saco dos pertences. Tudo nela é sinal de escassez de meios, de solidão de fim de semana. Do saco vão saindo outros sacos, um deles com pedaços de pão que ela vai mordiscando. Do outro, espreitam fios de lãs de várias cores com que compõe, em gestos hábeis, flores de crochet. Imagino que daqui…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | O Que Fomos. O Que Somos
O Que Fomos. O Que Somos por Jorge Ferreira Tragam-me as noites perdidas em caves, bas-fonds e outros sítios cheios de fumo e outros vícios. O pouco e o estranho dormir. A música, sempre a música presente. Muitos músicos, amarelos devido ao sol que nunca apanhavam. A vida feita ao contrário. A chamada vida da noite não começava quando escurecia. Era preciso deixar a noite crescer. Beber um café depois de jantar. Jogar uma partida de bilhar e depois partir ao encontro da magia. Tudo acontecia quando a noite…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Falando de comida…mas não só
Falando de comida…mas não só Por Alice Vieira A CNN apresentou recentemente um programa em que anunciava não as 20 maravilhas de Portugal—mas quase. Depois de apresentar Portugal como um dos países com melhor culinária, arriscou e votou nos 20 melhores pratos portugueses, e vários restaurantes onde eles se encontram –e alegrai-vos, ó jagozes porque , ao falarem de peixe, as “Furnas” aparece logo na lista… (Também é a única referência a esta zona, mas pronto, melhor que nada…) Com alguma graça, o autor do texto diz que os…
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