Uma notícia triste por Jorge C Ferreira Quando um colega chegou depois de almoço, já tarde, e se sentou ao pé de mim com um ar triste, fiquei preocupado. Depois despejou: «Vê lá que fui para ir almoçar com antigos colegas e acabei no funeral do Q.» Parei tudo o que estava a fazer e as lágrimas vieram-me aos olhos. A pergunta saiu rápida: «Que lhe aconteceu?» A resposta saiu titubeante: «Uma doença má e estranha. Não sei ao certo.» Até hoje, não encontrei resposta para tal coisa.…
Ler maisCategoria: Crónicas
Crónica de Alexandre Honrado – Não se deve simplificar
Crónica de Alexandre Honrado Não se deve simplificar Aceito: nunca se deve simplificar o real, nem subordiná-lo apenas àquilo que o completa, como, por exemplo, o imaginário e o simbólico. Aceito que o real é construído pelo formato compacto do que se faz e age e do que alguns pensam. O real é ainda e talvez essencialmente uma construção social, nem sempre o que parece é, pelo que aceito que, de modo lato e sincero todo o real é também o irreal (e a irrealidade) que o contém…
Ler maisCrónica de Licínia Quitério | De ontem e de hoje – A Aparição
A Aparição por Licínia Quitério A gente vai ali e já vem, o que tem a fazer não é coisa de levar mais de uma hora e, depois de tudo feito, senta-se um bocado a tomar um café, a cumprimentar este e aquela, a sossegar, a olhar a rua, sossegada rua de bairro sossegado de sossegada terra. Do lado de lá, envolta no sossego, a aparição de um homem velho, alto, muito magro, de barbas brancas a excederem a máscara que a pandemia trouxe. Era o que nos…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Um grande Amigo
Um grande Amigo por Jorge C Ferreira Era um enorme Amigo e tinha um MG de colecção. Um MG vermelho e preto com cromados que brilhavam. Uma grelha frontal, linda, vistosa. Uma festa de carro. Foi um amigo muito chegado. Um Amigo de Amar. Porque os Amigos também se amam. Momentos únicos. A nossa ligação era muito estreita. Sabíamos tudo um do outro. Não tínhamos vergonha de nos beijar. Muitas vezes vinha-me buscar ao banco. Parava o carro em cima do passeio na Rua dos Sapateiros e ia…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | O maluquinho da Ericeira
O maluquinho da Ericeira Por Alice Vieira Todas as terras têm um maluquinho de estimação. Nós aqui na Ericeira também tínhamos Alto, muito magro, sempre vestido de preto, passava o dia todo de pé nas ruas, ora em frente de casas, ora em frente de lojas, ora de cafés, onde quer que fosse Nunca se mexia, estava sempre de mãos erguidas ao céu, e murmurava coisas incompreensíveis, num fio de voz. Tinha um pequeno saco ao seu lado mas nunca pedia nada, mas muitos de nós deixávamos junto…
Ler maisCrónica de Mário de Sousa | No 5 de Outubro de 1910
Crónica de Mário de Sousa No 5 de Outubro de 1910 Nesse dia, o pequeno Saúl saiu de casa para ir entregar um par de botas novas a casa de um cliente do pai que morava na atual Rua Jardim do Regedor ao Rossio. Eram sete da manhã e o dia apresentava-se fresco o que era bom pois o caminho que havia para fazer seria para ser feito a pé. Naquele tempo, para além de haver muito poucos transportes públicos o dinheiro era escasso para os usar. Por…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – E Putin aqui tão perto
Crónica de Alexandre Honrado E Putin aqui tão perto Escrevi há dias sobre os países que estão em guerra no mundo, lamentando que os nossos noticiários passem à margem da catástrofe humana que se vive em cada um deles. Tive comentários surpreendentes, como se eu não tivesse entendido (por alguma lacuna do meu fraco entendimento) que a prioridade portuguesa, europeia, mediática e atual era a Ucrânia – para quê perder tempo com os 19 milhões de pessoas a passar fome no Iémen, país do tamanho da França e…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | As férias grandes
As férias grandes por Jorge C Ferreira Teria cerca de 12 anos quando comecei a ir passar as férias de Verão para a Parede na linha de Cascais. Motivos familiares proporcionaram tal. Vivia mesmo no centro da terra. Atravessava a linha do comboio, descia a rua e estava na praia. Havia o banheiro e as barracas e os toldos alugados à época. A praia da Parede era uma praia familiar. As barracas eram guardadas de ano para ano. As senhoras faziam rendas para toalhas intermináveis. As meninas jogavam…
Ler maisCrónica de Licínia Quitério | De ontem e de hoje – Os filhos
Os filhos por Licínia Quitério A cabeleireira tem um filho que não quer comer. Não quer comer ou não quer que a mãe queira que ele coma. Só quer o tablet que o tio lhe ofereceu para ver os bonecos tão feios, mas de que ele gosta muito. É tão engraçado ver como ele já sabe mexer naquilo com os dedinhos gordinhos a deslizarem para cá para lá e os bonecos horríveis a fazerem caretas, a gritarem. O que vale é que ele lá vai mastigando enquanto joga…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | As Festas e os Bailes
As Festas e os Bailes por Jorge C Ferreira O frenesi dos bailes de finalistas. Os vários espaços que se percorriam. O Espelho de Água, as Belas Artes, até em barcos ancorados no Tejo. O baile da chita. Bailes com mais alguma liberdade. As tentativas de entrar sempre sem pagar. Os bares cheios. Os vários conjuntos da época, a música ao vivo: O Quarteto 1111 com o fantástico José Cid, o Quinteto Académico Mais Dois apenas com um português o meu Amigo Zé Manel Fonseca, exímio saxofonista, os…
Ler mais