Histórias infantis Por Alice Vieira Às vezes tenho saudades de livros muito antigos que li em criança e que desapareceram nestes anos todos. E gostava de os reaver. Por isso quando há dias descobri na Wook “A Princesinha”, da Frances Burnett, mandei logo vir. Foi quase imediato. Tive de o ir buscar ao Correio, mas aí a culpa foi minha: eu devia ter pensado que aquilo vinha registado, por isso o meu carteiro Paulo não mo poderia entregar na rua quando me visse. (Por isso detesto receber correio registado.)…
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Crónica de Alexandre Honrado – Um prefácio sem vergonha
Crónica de Alexandre Honrado Um prefácio sem vergonha Não sei se cabe nestes textos que aqui faço a escrita de um prefácio. Mas a aventura de fazê-lo é superior ao risco de usar um espaço onde não devia fazê-lo. Se o faço é porque depois vou querer fazer mais e maior (talvez melhor). A desfaçatez com que o faço, ao prefácio, veio de duas fontes de inspiração: uma, a primeira, prende-se com relativas saudades dos prefácios de alguns livros, prosas capazes de rivalizar com o seu conteúdo ou…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Ainda o Chile
Ainda o Chile por Jorge C Ferreira Depois de Valparaíso a quem fiz jura de amor eterno, La Serena e Coquimbo. Outro Chile. A mesma bandeira. Pablo Neruda, Gabriela Mistral e Violeta Parra. Mas qualquer coisa me faz voltar a Valparaíso e ao Cerro Concepcion. Vem-me à memória o Color Café. Esse espaço mítico por onde passávamos todas as noites antes de regressar ao hotel. As paredes escritas. Recados de todo o mundo. Também fotos e guardanapos com amor estampado e lábios vermelhos que encantavam a vida. A…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Pagar portagem à inteligência
Crónica de Alexandre Honrado Pagar portagem à inteligência Apesar das habilitações ditas, talvez por ironia, literárias ou académicas, a verdade é que aquela rapariga não passa de uma cepa muito torta que se senta todos os dias na mesma pequena caixa metálica, a receber outras coisas metálicas, moedas, moedas de condutores anónimos, mal encarados, mal educados, ensonados, indiferentes, coitados. Condutores que pagam a portagem de uma forma direta, moeda a moeda, praguejando contra os aumentos e a vida. Ela, a rapariga da portagem, com outra vida parecida, mas…
Ler maisCrónica de Licínia Quitério | Nunca me ouves
De ontem e de hoje – Nunca me ouves por Licínia Quitério Ele não se apercebeu da proximidade do lago até sentir o chape-chape das rodas, as do lado direito. Logo parou, não fosse atolar-se. Disse-lhe que esperasse, que saísse do carro pela porta do lado dele. Ela não esperou, abriu a porta e saiu, deixando-o nervoso, inquieto. É por isso que não se cala sobre o assunto: ”Nunca me ouves. Ou não ligas. Não queres saber. Eu disse-te que esperasses para saíres pela porta do meu lado.…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Saudades
Saudades por Jorge C Ferreira Ganhar a vida e o mundo, uma estranha forma de andar. Não saber das horas e dos dias. Aprender a estar. Aprender a ganhar os momentos únicos. Os momentos de sempre. Como uma luz saída de um vitral. Como a ascensão de uma imagem iluminada. Como o sentimento de um viver intenso. A alegria única. O sabor do calor e do frio. O azul e o cinzento. Os encontros inesperados. A inesperada ternura. A atenção inexplicável que é um modo de estar. Os…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | O meu chefe
O meu chefe Por Alice Vieira Neste dia 24 de Maio em que estou a escrever esta crónica, mas há 8 anos, morreu o meu Chefe Pires. Fernando Pires foi chefe de redacção nos 20 anos em que trabalhei no “Diário de Notícias” Não era de convívio fácil, não tinha grande cultura, mas foi o melhor chefe de redacção que eu tive. Tanto assim que, no dia da sua folga, aquilo era uma desorganização naquele jornal que ninguém se entendia. Por tudo isso, desde a sua morte até à…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | O Nosso Chile
O Nosso Chile por Jorge C Ferreira Santiago do Chile, Cerro de Santa Lucía. Chegar e ver uma exposição de arte Mapuche. Uma frase chama a minha atenção: “La tierra no es nuestra. Nosotros somos de la tierra”. Sento-me num banco de madeira junto a uma fonte e é aí que, de repente, acontece o episódio a que chamei: “O Baptizado” Chegou como se viesse do nada. Vinha sujo, mal dormido e mal vestido. Trazia sulcos da calçada no corpo maltratado. Os cabelos fartos, inimigos de pentes e outros…
Ler maisCrónica de Licínia Quitério | Passeios de Domingo
De ontem e de hoje – Passeios de Domingo por Licínia Quitério Ela era uma mulher ruiva, com cabelos naturalmente encaracolados e revoltos, com a pele pejada de sardas a mancharem o fundo leitoso. As ancas possantes, os seios ainda firmes, os artelhos finos de cavalo de raça, davamlhe um ar picante que provocava olhares gulosos dos homens do bairro, pouco habituados a mulheres como a Elvina do Marreco. Como resumia o malandreco do empregadito do Café: “Apanhá-la…” Davam curtos passeios ao Domingo, de braço dado, pelos jardins…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Miami (2012)
Miami (2012) por Jorge C Ferreira Carlos Gardel Av., Miami Downtown. A Isabel foi a um “Mall”. Eu sento-me na esplanada do “La Provence”. Um café e uma esplanada agradáveis. Tomo um café, bebo uma água e vejo a vida a passar. Desde que deixei de beber bebidas alcoólicas, a água mineral com gelo e limão passou a ser o meu gin. É então que o meu olhar se concentra em algo. Numa negra, já velha, as mamas caídas sobre a barriga. Chega a não se perceber se são…
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