O Vacinado
por Jorge C Ferreira
Hoje escreve o cidadão que já tomou a primeira dose da vacina. Foi cedo. Eram 9:10 da manhã do dia 31/3/2021. Local, S. Domingos de Rana, Cascais. Tudo bem organizado e eu desorganizado. Primeira gaffe, esqueci-me do cartão de cidadão. Uma senhora muito expedita conseguiu através do cartão de saúde internacional tirar os dados que necessitava para me identificar. Há lugares onde nos sentimos apoiados.
A minha afilhada querida veio-me buscar e perguntou-me – as pessoas conhecem-me – trazes tudo o que é preciso? Eu, muito senhor de mim respondi: Claro que sim! Manias de velho. Depois fomos buscar o meu cunhado. Tinha passado a noite em claro, com medo de ir tomar a vacina. Mas lá foi.
A organização era perfeita. As perguntas costumeiras e a entrega de uma embalagem com uma garrafa de água e umas bolachas. A zona de vacinação de tão higienizada era um sítio frio. As perguntas essenciais e, para confirmar, as já dadas e a certeza que nada tinha sido esquecido. O braço preparado para a agulha e o corpo a receber aquele estranho líquido. Nem uma dor. Os conselhos essenciais, sem cansarem.
Segue-se a sala de espera. Meia hora de um silêncio sepulcral. As cadeiras muito alinhadas e devidamente separadas. As pessoas altamente vigiadas. Conforme saía alguém as cadeiras a serem desinfectadas. Espero a minha vez calmamente. Aquele silêncio transmite alguma tranquilidade, mas lembra-me filmes sinistros. Dizem-me mais tarde que sou eu que tenho a mania de inventar estórias. Mas o que me vinha à memória tinha mais a ver com a história. Outros silêncios. Quando vieram dar-me a liberdade, saí.
Tenho de dizer que, apesar de todos os cuidados de que fui alvo, respirar o ar da rua foi saboroso. O meu cunhado teve uma saída espectacular: é pá quando estivemos naquela sala parecia que estávamos à espera que morresse alguém! Lá estava a Catarina à nossa espera. Fui a casa e estava a senhora da limpeza a arranjar as coisas. Tenho de sair. Pedi-lhe para arranjar um dos quartos primeiro e saí. Fui beber um café e comer um queque ao postigo e fui dar uma volta à vila. Uma conversa na livraria, outra no café e depois andar mais um bocado e sentar-me numa rua de comércio com bancos de pedra.
Voltei para casa e o quarto estava arranjado. Chamei a Isabel, que ainda dormia, para mudar de quarto. Vi o Jornal da uma e adormeci. Dormi toda a tarde. Ainda bem que acordei. Já agora quero saber se a vacina faz algum efeito.
Eu sei que vocês querem saber que vacina tomei! É verdade, não é? Pois fiquem sabendo que foi a mais discutida. Essa, a da “Astrazeneca”. Para mim é sempre o mais difícil. Sempre assim foi porque havia de mudar agora?
Como diria o saudoso Solnado: “Esta foi a minha história da ida à vacina”.
«Tu brincas com tudo. Toma cuidado contigo. Estas coisas não são brincadeiras.»
Fala de Isaurinda.
«Não podemos levar tudo a sério. Temos de relativizar as coisas.»
Respondo.
«Cuida-te. Ouve o que eu te digo.»
De novo Isaurinda e vai, a mão cheia de interrogações.
Jorge C Ferreira Abril/2021(296)
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O vacinado e o seu depoimento.
Uma ida, debaixo de alguma expetativa, ao organizado espaço onde se administrava a tão discutível Astrazeneca.
Tanto se tem dito. E nós sabemos como o povo é erudito ” Quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto…” Penso que nesta situação já foram acrescentados pontos e pontos. Eu própria vou pedir opinião ao meu médico de família.
Bem, posso afirmar que o Jorge me sossegou. Pelo menos, até ao momento, nenhum sobressalto ou incómodo.
Rigor, competência e profissionalismo. Estaremos entregues em boas mãos. Não duvido que foi precisamente isto que o nosso amigo e poeta nos transmitiu.
Fico contente por ele.
Pela esposa, Isabel, companheira atenta e cuidadora que certamente sentirá um imenso alívio por ver que por agora, tudo terminou em bem.
Há estórias com finais felizes. Esta foi uma delas!
Obrigado Mena. Fazes bem em pedir opinião. Eu não pedi. Mas devo-te dizer que estou ansioso neste preciso momento. Sabes, toda a gente fala muito e sabe pouco, incluindo os médicos. Esperemos que tudo corra bem. Beijinho
Uma ida limpa, sem efeitos secundários, que se repita na segunda toma! O que no fundo todos esperam. Uma crônica bem humorada e em tom tranquilizante.
Gostei de ler e de o saber bem disposto.
Um grande abraço Jorge.
Obrigado Susana. Os efeitos secundários ainda estou preocupado. Vamos esperar para ver. Um abraço enorme
Estou expectante, como muita gente, mas tenho que ir ao castigo.
Seja o que Deus quiser!
Um abraço, Jorge!
Obrigado António. Também eu, estou expectante, quanto aos efeitos secundários. Grande abraço
“O Vacinado”. Assim se intitula o cidadão que nos escreve esta Crónica. Fez a primeira dose da vacina, que aproveita e é tema da mesma. A descrição é perfeita como é seu hábito. Com humor, q.b. ainda bem que assim é pois temos que levar certas coisas, com alguma leveza. Confesso que ri e foi bom. Passadas vinte e quatro horas, desejo que a sua disposição, seja igual e tudo esteja bem, consigo. Vai ser! Precisamos de afastar o bicho e como tal precisamos de resistência. Ainda bem que confirma, a higiene profunda no local e o bom atendimento. Eu só não tive “água e bolachas”. Não faz mal! Fico contente por si, foi um prémio de consolação! Bem merecido, meu querido escritor. Sempre grata por tão bons momentos . Tenho para si, o meu abraço imenso.
“O Vacinado”. Assim se intitula o cidadão que nos escreve esta Crónica. Fez a primeira dose da vacina, que aproveita e é tema da mesma. A descrição é perfeita como é seu hábito. Com humor, q.b. ainda bem que assim é pois temos que levar certas coisas, com alguma leveza. Confesso que ri e foi bom. Passadas vinte e quatro horas, desejo que a sua disposição, seja igual e tudo esteja bem, consigo. Vai ser! Precisamos de afastar o bicho e como tal precisamos de resistência. Ainda bem que confirma, a higiene profunda no local e o bom atendimento. Eu só não tive “água e bolachas”. Não faz mal! Fico contente por si, foi um prémio de consolação! Bem merecido, meu querido escritor. Sempre grata por tão bons momentos . Tenho para si, o meu abraço imenso.
Obrigado Maria Luiza. Que bom lê-la neste nosso espaço. Devo dizer-lhe que hoje estou um pouco ansioso, devido ao ruído de fundo sobre os efeitos secundários da vacina. Ainda sabemos muito pouco sobre tudo isto. Abraço enorme.
Felizmente a vacina, agora esperar a segunda dose. Curiosamente depois da semi- odisseia, a tua, lembrei do do que perguntaria o teu neto, não eu, ele, o teu jovem neto:
Avô, de que tanho era a agulha? doeu-te muito? tens dores? …
Avô, confessa que prometo não contar a ninguém, tiveste medo, tens de dizer a verdade como sempre me ensinaste; está bem, como vês, não contei a ninguém, isto foi uma forma de eu saber para quando chegar a minha vez ter a mesma reação que tu, forte e corajoso, apesar do medo… desculpa avô, saiu sem querer…
Temos de brincar, temos de voltar a ter asas, temos de ter tudo. Meu amigo, um forte abraço, apesar da meia vacina continua com a precaução necessária até o dito vírus arrumar a bagagem ir se possível para Marte…
Obrigado Cecília, sabes, o meu neto já está da minha altura e pensa que é ele que já toma conta de mim. Vamos ver se não há efeitos secundários. O falatório é muito. O saber ainda insuficiente. Grande abraço.
Ambiente asséptico e organizado. O alķvio pelo início de um processo de esperança. Vai correr bem.
Obrigado Isabel. Esperemos que sim. O ambiente que está criado à volta dlsto não ajuda muito. Abraço
O teu Centro de Saúde está muito bem organizado. Parabéns!
Estou à espera que me chamem do Centro da Alameda e nunca mais. Há mesmo falta de vacinas. Oxalá não me lembre do teu relato quando eu estiver lá à espera e me dê para rir! Ainda me internam. Hoje rimos imenso com a tua experiência. Nós já levamos tantas vacinas, já tomámos tantos comprimidos, anestesias, cirurgias, internamentos, por quê tanta história à volta de uma picadela? Parece a noite de núpcias de uma virgem!
O Manel queria que eu te ligasse para falar contigo! ias levar uma seca de Covid ! Mas por que é que não posso falar com esse teu amigo?
Tive que lhe dizer que tu és comunista e ele não se importa, que tem amigos de todos os partidos. Tive que lhe dizer que qualquer dia te convido para vires cá a casa. É uma espécie de Isaurinda!
Agora tens que levar a segunda dose. Era bom que fosse só uma!
Pronto já vi que estás fino. É sempre bom saber dos amigos. Sempre é uma injecção!
Ficamos todos em cuidados. Dorme bem. Abraço.
Obrigado Maria Fernanda. Só tu! Diz ao Manel que estou hoje mais ansioso que naquele dia. Os tais efeitos secundários e o ruído, à volta de tudo isto, não ajuda. Abraço grande
Meu Amigo de verdade, sabes de certeza que o meu humor foi melhorando conforme lia o teu texto. Obrigada por este momento. Um abraço grande.
Obrigado Regina. Não sabia que se ia levantar este falatório à volta dos efeitos secundários. Sabes ainda se sabe muito pouco de tudo isto. Vamos esperar. Abraço imenso
Eheheh
Sente-se um alívio no ar. Fiquei feliz por saber. Espero que não estejas a ter nenhum efeito secundário. Continua com esse humor, nós agradecemos. Beijinhos muitos, querido vacinado.
Cristina
Obrigado Cristina. Ainda bem que te aliviei. Hoje estou pior, um pouco cheio de tudo o que se fala. Tudo muito pouco científico. Abraço grande
Não posso deixar de sorrir ao ler esta crónica.
Excelente. A ida à vacina, descrita desta forma única.
Estou a aguardar a minha vez serenamente.
Imagino algum nervosismo. Nada que não se supere.
Temos que relativizar.
Obrigada meu amigo, pela forma como escreve. Por estar sempre desse lado. Por tornar mais leve, o lado menos bom da vida.
Um grande abraço.
Obrigado Eulália. Tão grato pela sua presença constante neste espaço. A ida à vacina foi serena. Agora, com toda esta confusão, estou a passar pior. Abraço forte