As Festas e os Bailes por Jorge C Ferreira O frenesi dos bailes de finalistas. Os vários espaços que se percorriam. O Espelho de Água, as Belas Artes, até em barcos ancorados no Tejo. O baile da chita. Bailes com mais alguma liberdade. As tentativas de entrar sempre sem pagar. Os bares cheios. Os vários conjuntos da época, a música ao vivo: O Quarteto 1111 com o fantástico José Cid, o Quinteto Académico Mais Dois apenas com um português o meu Amigo Zé Manel Fonseca, exímio saxofonista, os…
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Crónica de Jorge C Ferreira | Apenas garotos
Apenas garotos por Jorge C Ferreira Usávamos pulseiras de prata com o nome gravado numa placa. Na parte de trás o nome da namorada. Tínhamos anéis iguais e grossos. Éramos uns garotos. Na altura não se usavam piercings e as tatuagens só eram visíveis nos que vinham da guerra, muito artesanais e consideradas de muito mau gosto. Muitos não compreendiam as condições em que aqueles homens deixaram marcar o corpo. Por vezes um sofrimento atroz. O amor de Mãe era o último refúgio. Quantos se suicidaram antes de…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Mais que um café
Mais que um café por Jorge C Ferreira Havia um café num Largo de Lisboa que era mais que um café, era uma iniciação à vida. Um Largo que era dominado por Neptuno, o seu enorme tridente e a água da fonte a correr num desatino. Entre a malta do café o deus do mar era carinhosamente tratado por Zé do Garfo. Os eléctricos passavam nesse Largo. O café lá estava iluminado e cheio. Um anúncio luminoso dos antigos tempos. Na cave, um restaurante com um painel assinado…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Da parvoíce à Liberdade
Da parvoíce à Liberdade por Jorge C Ferreira Há um tempo em que nos perdemos um pouco. Pensamos menos. Ficamos vaidosos, ficamos convencidos que somos donos do mundo, imortais. Acho que, quase todos, passámos por isto. Um caminhar desequilibrado. Um caminhar sempre sobre um fio muito estreito. Muita parvoíce. Um tempo em que passeávamos com as namoradas e tínhamos um cuidado desmesurado pela roupa que vestíamos. Roupa em que gastávamos demasiado. Os tecidos comprados a metro. As camisas justas ao corpo, com pinças e colarinhos grandes. Tudo feito…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | A educação de um tempo
A educação de um tempo por Jorge C Ferreira Desde pequeno a minha Mãe ajoelhava-se comigo junto à cama, antes de me deitar, e ensinava-me orações. (Ainda tenho esse missal marcado com as velhinhas pagelas.) Pedíamos por todos, pela paz no mundo e também que nos ajudassem a fazer o bem. Em seguida persignávamo-nos e benzíamo-nos. Depois de eu me deitar a minha Mãe aconchegava-me a roupa e dava-me um beijo. Todos esperávamos uma noite serena. Foi assim que aquela base judaico-cristã foi crescendo em mim. O passo…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | O tempo a passar
O tempo a passar por Jorge C Ferreira Desde cedo aprendíamos os caminhos. A rua era a nossa vida. As árvores enormes da placa central faziam-nos mais pequenos. As travessas, as calçadas, os becos e as escadinhas. Um jardim de todas as descobertas. Procurar sempre os novos caminhos. Os caminhos que nos levariam a vidas diferentes. Encontrar o estranho numa casa de luzes coloridas. Tudo era aventura, descoberta, caminho e descaminho. Muitas horas de jogos e conversas. Sonhos que povoavam a nossa cabeça e que pareciam ainda muito…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | A vida
A vida por Jorge C Ferreira Por vezes fazemos corridas demasiado rápidas para a Maratona que é esta prova. Uma marcha que parece curta, mas que demora muito tempo. No meu tempo muitos começámos cedo a ter de tomar decisões. Nem sempre acertávamos à primeira. Era o tal modo tentativa erro. De erro em erro fomos aprendendo. A tropa era um cutelo sobre a nossa cabeça. O malfadado serviço militar obrigatório. Quarenta meses que roubaram à minha vida. Não fui à guerra. Tive sorte. Foi um tempo de…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Um tempo parado
Um tempo parado por Jorge C Ferreira Anda no ar um receio imenso. Há quem lhe chame medo. Andamos todos a começar a ter sinais de uma maleita que nos cerca. Qualquer sinal nos faz ficar alerta. Nos faz criar ilhas. Nos faz ficar sozinhos. Há dois anos que andamos nisto. Há tanto tempo que andamos mascarados! Os testes, as vacinas, as várias doses e apesar de tudo ainda não nos sentimos à vontade. Chegamos a desleixar outros cuidados de saúde por causa disto. Desde que isto começou…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | O correr do tempo
O correr do tempo por Jorge C Ferreira Esta travessia que se vai tornando longa. Os dias que caminham nas páginas dos calendários. Calendários que não tenho em casa. Os meus relógios parados tremem por não dar horas. No entanto o tempo continua o seu caminho. A terra continua o seu caminho. As nuvens passam e deixam um sonho a voar em nós. Gosto de ver a dança das nuvens. O seu deambular. Por vezes imagino-me seu companheiro. Quantas viagens inventadas. Quantos mundos por inventar. Uma doçura que…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Ano Novo
Ano Novo por Jorge C Ferreira É apenas uma noite apontada no calendário. Mais um dia que brota da madrugada. Mas quem construiu este calendário assim o decidiu. Uma volta ao sol e mais um ano. Lembro-me dos calendários pendurados nas casas. Os dias riscados, os meses rasgados quando acabavam. Sempre tive pena de fevereiro, sempre o vi como um filho enjeitado. Os calendários de casa e os dos camionistas de longo curso, das garagens, os calendários famosos inundados de beldades. Esse tempo em que os mecânicos se…
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