Teatro amador Por Alice Vieira Quando eu era mais nova — e não tinha tanto trabalho como tenho hoje…— uma das coisas que eu mais gostava de fazer era ir por esse país fora assistir a espectáculos de grupos de teatro amador. E nesse tempo havia muito bons grupos de teatro amador. Alguns tão bons ou melhores que os profissionais, sendo que, nessa altura, também se chamavam grupos de Teatro Experimental. (Lembram-se, por exemplo, do Teatro Experimental de Cascais, ou do Teatro Experimental do Porto). Nessas minhas andanças pelo…
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Crónica de Alexandre Honrado | O banal nunca é comum
Crónica de Alexandre Honrado O banal nunca é comum São malcriados. Há uma bitola para medi-los, é certo, e não se tolha a liberdade quando se aponta a dedo gente como eles. São violentos, mas não agressivos. O agressivo é competitivo, tenta impor dinâmica às coisas, transformando-as, mas essa gente, em contrapartida, é medíocre e muito covarde, exerce a força sobre os mais fracos, sempre sobre os mais fracos, e promove os seus soezes lugares-comuns. É gente malcriada, não sei se já disse. (O sentido da criação impõe formatos…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Estrelas
Crónica de Jorge C Ferreira Estrelas Um desejo, uma loucura, a ternura que se procura. Será apenas um beijo prometido e nunca dado? Será a fuga tantas vezes ensaiada e nunca conseguida? Fugas à rotina, ao rame-rame. Aquela ilha sempre sonhada e nunca encontrada. Uma ilha que parece navegar. Uma ilha que sonhámos de encantar. Um mar esmeralda. Uma areia branca. As palmeiras a fazerem vénias ao mar. Tanto para navegar. Tanto para sonhar. A nossa Ítaca. As mesinhas e as falsas doenças. Os termómetros de mercúrio que subiam…
Ler maisCrónica de Licínia Quitério | Des-dizer
De ontem e de hoje | Des-dizer por Licínia Quitério Eu nada tenho de coleccioniadora de objectos, sejam maiores ou menores, antigos ou actuais, originais ou cópias. Do que eu gosto mesmo é de coleccionar, melhor, reunir, guardar na memória das curiosidades, o seguinte: palavras, por semelhança ou dissemelhança expressões banais de muito serem ditas ou invulgares por perda de uso ditos com o que se chama espírito ou com notória ausência dele frases feitas, tão úteis para quem não tem como fazê-las lugares comuns, em uso ou desuso…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | O Caminho que Liberta
Crónica de Jorge C Ferreira O Caminho que Liberta Decidiu percorrer um caminho que lhe libertasse o espírito. Caminhou sozinho e tanta gente caminhou com ele. Vivos e mortos. Penas e saudades. Memórias de uma vida. Pessoas que, mal ou bem, o ensinaram a viver. Veredas, riachos, rios, quedas de água. Pedaços de estradas romanas. Um trajecto de barco, algumas horas a navegar. O espírito sempre alerta. Carrega todos os sentimentos e todos os desejos. Não sei se rezou. Se sim, que orações o acompanharam? Não faço a mínima…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Pessoas Assim
Pessoas Assim Por Alice Vieira Desde criança que passo grandes temporadas na Ericeira. Há cinco anos que vivo cá e só muito raramente de cá saio. Por isso nunca pensei que me pudesse acontecer o que aconteceu. Estava eu de manhã na esplanada da praia do sul, como sempre,e, também como sempre, a ler o “Correio da Manhã”, que é o jornal que a praia recebe logo de manhãzinha. Nesse dia também trazia uma revista. Olho para a capa e tenho a vaga sensação de que já vi aquele…
Ler maisCrónica de Eugénio Ruivo — Da prisão à libertação – 27 abril de 1974
Da prisão à libertação – 27 abril de 1974 50 antifascistas são presos Em 6 de Abril de 1974 numa reunião de antifascistas ligados à Comissão Democrática Eleitoral (CDE), na Cooperativa “Forja” perto do cemitério de Benfica em Lisboa, somos presos pelo capitão Pereira da polícia de choque e enviados para o Governo Civil, quando se falava das razões que levavam à exclusão de centenas de milhares de crianças e jovens no acesso ao ensino. No decurso do trajeto, junto ao Jardim Zoológico perto de Sete-Rios, circula no passeio…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Acreditar
Crónica de Jorge C Ferreira Acreditar Cheguei a casa com o peito cheio de alegria. Tinha estado com a minha família completa. A minha mulher, o meu filho, a minha genra, a minha afilhada e o marido e o meu neto do coração, a minha querida sobrinha Alexandra. Não sei quantas pessoas estavam na Avenida, por todos os lados aparecia gente, era difícil caminhar. Já não via tamanha manifestação desde aquele inesquecível primeiro de Maio depois da revolução. Finalmente o Povo saía à rua. Um Povo cioso da sua…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | A LIBERDADE – está a passar por aqui?
Crónica de Alexandre Honrado A LIBERDADE — está a passar por aqui? A Liberdade – estado de estar livre dentro da sociedade do controle ou das restrições opressivas impostas pela autoridade – não é um conceito abstrato, nem romântico, nem uma utopia inalcançável. Sabemo-lo por experiência própria, já que vivemos num país, entre poucos, que consagra o estado de exceção, de liberdades civis, de liberdade política, social e íntima, que os tempos da barbárie tentam limitar. Esses limites, tão duros e assassinos no passado, voltam a ser, ainda que…
Ler maisCrónica de Licínia Quitério | OLYMPIA
De ontem e de hoje | OLYMPIA por Licínia Quitério Um dia destes deparei com um texto de Frederico Lourenço publicado por ele no Facebook, excelente artigo, como não podia deixar de ser, e dele respiguei passagens que aqui transcrevo, com a devida vénia: Camões foi o primeiro autor europeu a escrever um poema de amor dedicado a uma mulher não europeia. Camões, como sempre, partilha com Vergílio uma sensibilidade especial. E o seu poema dedicado a Bárbara segue a defesa vergiliana da beleza negra. “Pretidão de amor, /…
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