Falava eu na minha última crónica de pessoas de quem eu não sabia nada há anos—e que agora me telefonam. Para já, devo dizer que o meu telemóvel não para. E ontem, num intervalo entre duas chamadas, liga-me um número que não conheço (sim, a minha lista telefónica também tem aumentado a olhos vistos.. ) Do lado de lá um grito de alegria “Alice, és tu? Que bom ouvir-te”…) Então era um meu colega tipógrafo dos tempos do “Diário de Notícias” (e eu já saí do DN há mais de…
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Crónica de Alice Vieira | Sejam criativos…
E agora sim, agora estamos obrigatoriamente de quarentena…E lá começam a surgir as anedotas, porque nunca vi como os portugueses para fazerem anedotas de tudo. (“As igrejas estão fechadas, só o Pôncio Pilatos é que pode sair, porque está sempre a lavar as mãos…..” Aí vai uma para amostra.) Claro que eu até gosto de estar em casa. Na minha infância complicada habituei-me muito a estar sozinha e a arranjar maneira de me entreter. Eu nunca me aborreço, é verdade. Mas, como dizia a Melina Mercouri, gosto muito de estar…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | De quarentena
Crónica de Alice Vieira DE QUARENTENA Alice Vieira Meus amigos e directores do “Jornal de Mafra”: Estou-vos imensamente grata porque esta minha crónica é a única coisa que eu tenho para fazer nesta quarentena. Ninguém me mandou estar de quarentena, é verdade, mas eu sou uma pessoa muito cumpridora (e, além disso, pertenço a um grupo de risco) e faço aquilo que é preciso, antes que me mandem. Quando todas as mensagens dizem “Fique em casa”, quando olho para o écran da minha televisão e vejo lá em…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | O cavalo de guerra
Crónica de Alice Vieira O CAVALO DE GUERRA Alice Vieira Há muitos anos, por esta altura, eu estava em Ypres. Ypres é uma cidade flamenga, martirizada durante as duas guerras mundiais. Na primeira, foi palco de cinco grandes batalhas, entre britânicos e alemães (em que estes, como vingança, lançaram um gás de cloro que, em 10 minutos, matou cinco mil pessoas) Na segunda, foi totalmente destruída. Ypres é um soco no estômago de quem lá vai Porque toda a paisagem de Ypres é feita de cemitérios. Só se avistam…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Que fazemos dos nossos velhos?
Crónica de Alice Vieira QUE FAZEMOS DOS NOSSOS VELHOS? Alice Vieira Participei na semana passada num congresso da Fundação Francisco Manuel dos Santos sobre envelhecimento. “Nascer para não Morrer” era o tema—e, para além da velhice, também se discutia a baixa natalidade do país. Cada vez há menos crianças, cada vez os velhos vivem mais, cada vez há mais tios do que sobrinhos, cada vez mais as mesas de Natal são preenchidas por pessoas mais velhas. Mas se a baixa natalidade é um problema –onde estará a mão de…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | O Anjo
Crónica de Alice Vieira O Anjo Alice Vieira Vivi grande parte da minha vida junto ao mar. Agora na Ericeira, e em jovem na Costa Nova. Ambas praias de pescadores—mas muito diferentes. Naquele tempo os homens da Costa Nova saíam cedo de casa e demoravam muito a regressar. Iam todos para a pesca do bacalhau, lá nos confins do Mar do Norte, e as mulheres ficavam com todo o peso da vida às costas—a casa, os filhos, os parentes velhos, e ainda a pequena horta de que era preciso…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Sonhar dá muito trabalho
Há uns bons anos (mas não muitos, apesar de tudo…) uma escola de Timor recebeu uma prenda: um quadro preto. Um quadro preto, banalíssimo, daqueles para os quais, nesta era da tecnologia acelerada, os alunos olham quase com desdém. E muitos haverá que nem sequer sabem para que é que aquilo serve. Uma prenda que certamente ninguém se lembraria de oferecer hoje a nenhuma escola do nosso país. Se o fizesse, cairia o carmo e a trindade, seria decerto motivo de primeira página dos jornais, abriria telejornais, os pais protestariam…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Quando o Amândio bateu no Simão
Crónica de Alice Vieira QUANDO O AMÂNDIO BATEU NO SIMÃO Alice Vieira Ainda mal eu tinha fechado a porta e já a ouvia, agarrada ao volante e a olhar para o espelho retrovisor, “vamos para onde? explique-me lá isso direitinho que hoje a minha cabeça não anda boa e baralho as ruas todas, e então com esta barafunda de trânsito…Olhe para aquele javardo a ultrapassar pela esquerda…Jasus….” Se fosse eu que tivesse apanhado o táxi, se calhar arranjava uma desculpa, saía e apanhava outro—mas tinha sido um táxi…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | E chegou o Natal…
Crónica de Alice Vieira E CHEGOU O NATAL… Que me desculpem algumas pessoas, mas Natal não é “quando um homem quiser”. Natal é em Dezembro, nos dias 24 e 25.Ou poderemos começar a pensar nele a partir do Advento, pronto.(É nessa altura que aproveito para armar todos os meus presépios…) Com esse slogan, já ligeiramente estafado, diga-se (vem dos anos 70, de uma peça infantil chamada “Os Operários de Natal”, com todo o sabor do PREC) acabamos por desvirtuar a data, e começar a celebrá-la ainda mal…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | O dia da Mãe
Crónica de Alice Vieira O DIA DA MÃE Alice Vieira Há um romance inglês muito conhecido, chamado “O Mensageiro”, que começa por uma frase que, se calhar, ainda é mais conhecida (e citada!) do que ele: “O passado é um país estrangeiro: lá, as coisas fazem-se de outra maneira” Apetece-me parafrasear, dizendo: “A Europa é um país estrangeiro: lá as coisas fazem-se de outra maneira” E isto a propósito de mudanças que nos são impostas, vá-se lá saber porquê. O Dia da Mãe, por exemplo. O Dia da…
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