Intelectos Por Alexandre Honrado Tento convencer, há anos, os meus alunos de que antes de emitirem opiniões sobre matérias concretas ou mesmo acerca da opinião alheia, devem preparar-se, devem saber do que falam e não atirar, à flor da pele, os seus pequenos dardos inconsequentes (e impreparados e infundamentados). Tento seguir esse ensinamento. Numa época em que as pessoas confundem profundamente (e impunemente) a emissão de juízos de valor com exercício crítico e o pequeno e primário insulto com alguma coisa parecida ao contraditório, todos nós, sem exceção, devemos…
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Crónica de Alexandre Honrado – Há uma candidata cigana? Felizmente!
Há uma candidata cigana? Felizmente! Por Alexandre Honrado Erguida sobre as artimanhas dos negócios e com o pragmatismo de não olhar a meios para alcançar os seus fins, aquela que se tornou no dizer de alguns “ a universal burguesia”, parece desconhecer quase sempre a História, menosprezar o próximo e cometer o erro sempre repetido de desdenhar de uma zona social que a amedronta: a cultura! Tendo como prioridade o lucro e a mais-valia, a “universal burguesia” (chamo-lhe assim por me parecer um termo delicioso) atira para a ribalta…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Ao passar por Lisboa rumo a mim
Ao passar por Lisboa rumo a mim Por Alexandre Honrado Era Fernão Lopes, o cronista, quem dizia de Lisboa uma cidade de “desvairadas gentes”, querendo dizer com isto que a capital portuguesa cumpria um destino saudável, o de ser de todos e de cada um, multicultural, atraente, cosmopolita, de feições internacionais – ao contrário de outras, apenas fechadas sobre as suas próprias sombras, cumprindo becos e medos de ruas escuras e desconfiadas. Lisboa que de outrora aos nossos dias foi ousando a absorção de novos valores, mais jovem, mais…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Mal dobrado este novelo do tempo
Mal dobrado este novelo do tempo Por Alexandre Honrado O tempo passa como um novelo mal dobado. Dobar, caso não saiba, pode ser o ato de enovelar o fio de uma meada ou o de dar voltas e mais voltas, simplesmente o voltear. Costumo dobar a minha cabeça e o que vai nela, nem sei ao certo o que lá se passa, tanto é o tráfego, a exultação, a exaltação. O tempo passa como um novelo mal dobado e no entanto não tem essa existência formal: um novelo compra-se,…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Os nossos demónios
Os nossos demónios Por Alexandre Honrado Deram-me a ler, por imposição, por obrigação, O Método. Uma obra fundamental para quem estuda e quer estudar. E li-o com prazer inesperado. A autoria do livro é do pensador e sociólogo francês Edgar Morin, cujo pensamento, metódico, obviamente, se dedicou a temas tão diversos como o Direito, a História, a Geografia, a Filosofia, a Sociologia e a Epistemologia. Tinha formações diversas e aparentemente um domínio incomparável sobre as matérias. Assinava Edgar Morin, afinal o pseudónimo de Edgar Nahoum. Nas enciclopédias, materiais ou virtuais,…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Também sou uma estátua de Vieira
Também sou uma estátua de Vieira Por Alexandre Honrado Partidos como aquela massa viscosa que se tem manifestado impunemente a favor das sombras mais terríveis do passado, fazendo acreditar que na repressão e na ordem imposta de outrora é que se encontra uma virtude redentora e falsamente benéfica e de salvação nacional, são consequências do tempo, emanações de espaços desorientados e sobretudo consequências da conivência impotente de povos impreparados, pouco esclarecidos, pouco cultos e sobretudo desinteressados do seu próprio destino – povos que mais tarde irão ter as gerações…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Assassinos
Assassinos Por Alexandre Honrado Um ser humano mata outro ser humano. É um assassino. Um ser humano mata outro ser vivo. É um assassino. Andarão atenuantes por perto? Foi no serviço militar? Estava-se em guerra? Morreu para não matar? Matou para saciar-se? Defendia as crias, a bandeira, a honra? Perdeu a cabeça por amor? Matou por desamor? Cedeu a ódios? Uma ideologia política armou-lhe a mão e o pensamento? Uma religião prolongou-lhe a raiva? A arma na mão de um crente é a forma como um deus lhe prolonga…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Sou anormal
Sou anormal Por Alexandre Honrado Só quando os detentores dos lucros perceberem que, sem aqueles que não lucram mas que dão a lucrar, não lhes serve de nada produzir em massa, criar impérios, escravizar os mais frágeis; só quando o sistema entender que sem as peças da engrenagem não há engrenagem nem sistema, a pandemia verá novas prioridades, a produção de vacinas e outras milagreiras fórmulas de fazer os que produzem voltar aos seus postos de produção sem grandes interrogações, ainda vivos, mesmo moribundos, para satisfação de quem lucra…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – A inutilidade do que não é texto
A inutilidade do que não é texto Por Alexandre Honrado Vejo como um dos exercícios mais desgastantes da condição humana a alternância continuada e muito pressionante entre o quase eufórico momento da esperança – do messianismo religioso ao individual – e o talvez derradeiro momento do desespero. A vida não é uma linha continuada, pré-definida, parece-se mais com uma barreira invisível que ao menor assombro pode levar-nos de um estado a outro, mais rápido que o gelo ao sol ou a água em ebulição. Nessas passagens a que chamamos…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Pois, mas isso é relativo
Pois, mas isso é relativo Por Alexandre Honrado Tudo é relativo. Não sei se Einstein diria isto com maior profundidade, mas se relativizarmos ficaremos mais tranquilos, e é o que mais desejo. É relativo, todavia, mas é um caminho entre tantos. Estamos na rua como se a rua fosse segura e deve sê-lo, relativamente. Não queríamos estar numa frente de guerra ou ameaçados pelo ébola que continua a ser provavelmente a doença mais mortal do mundo (o surto de Ébola na África Ocidental em 2014-2016 matou 90 por cento…
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