Folhetim | Benvinda – Uma História de Emigração (9º. Episódio)

FOLHETIM | Uma rubrica de Licínia Quitério   BENVINDA – Uma História de Emigração (9º. Episódio) Chegou por fim o tempo de Berta deixar de chorar por via da zombaria das coleguinhas, e perceber que tinha um caminho para as fazer calar. Estudou afincadamente, sobressaiu aos olhos atentos de uma professora que lhe entendeu o esforço, lhe admirou as capacidades de aprendizagem, a protegeu sem que ela desse por isso. Terminou o ano com as segundas melhores notas da turma, e logo a teimosia de Berta a levou a informar os…

Crónica de Alice Vieira | A propósito de orquídeas…

A propósito de orquídeas… Alice Vieira   Com tanta gritaria que vai por aí—estava ou não estava nas “Raríssimas”, roubaram ou não roubaram, pagaram ao fisco ou baldaram-se (agora até o Cristiano Ronaldo entrou na dança) ,a IURD que faz e acontece , e os furacões Ana e Bruno a atacarem sem piedade —eu hoje decidi fechar para férias. Isto é: decidi impermeabilizar ouvidos e olhos a todo o arraial que vai lá por fora, e ficar a olhar para as minhas orquídeas. Qual Nero Wolf de S.Sebastião da Pedreira.…

Salário mínimo sobe para 580€ em 2018

Foi hoje anunciado,que embora sem acordo na concertação social, o ordenado mínimo no próximo ano vai subir dos 557 € para 580 €. O Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Vieira da Silva, afirmou que “seria mais importante para o país” se tivesse havido acordo, “mas não houve qualquer rutura nem ninguém está zangado com ninguém”. Segundo o ministro as exigências das confederações patronais foram “impossíveis de satisfazer”. Lucinda Dâmaso, presidente da UGT referiu que “a maioria das partes entendeu que não deveria de ser feito” mas lamenta a…

Crónica | Alexandre Honrado – Hoje não choveu

Nos últimos meses houve três dias de chuvas dignas, dessas intensas e que enchem barragens e elevam os caudais, dão à boca da terra alguns refrescos urgentes, sabendo todavia que, quando excessivas, provocam o vómito dos terrenos, sufocam-nos, alagam-nos e afogam-nos – a água é sempre a água, seja a do céu obscuro ou do mar inquietado. Só quando a chuva causa torrente, caudal engrossado e rápido, provoca cheias, inundações, catástrofes, somos levados a meditar na nossa pequenez – e mesmo assim não nos convencemos. É sempre culpa de alguém…

Crónicas de Jorge C Ferreira | O Pântano

O Pântano   A indecência da decadência. O arrastar do mal viver. O lodaçal. A lama. Houve quem lhe chamasse “O Pântano” e se demitisse numa longa e antiga noite. A degradação cada vez mais acentuada, os conluios de um bloco central  de interesses há muito tempo a partilhar o poder. O tal “Arco do Poder”. Gente que se arrasta de falsidade em falsidade. Gente apanhada em flagrante mentira. Gente que não resiste ao som do vil metal. Muito amesendado do orçamento. Muitos a saltitar de lugar em lugar. A…

Crónicas de Jorge C Ferreira | Iam em fila indiana

Iam em fila indiana   Iam em fila indiana. Os olhos muito grandes, muito abertos. Olhos de querer aprender. Estava frio. Iam agasalhados, alguns com o pingo no nariz. Iam de mãos dadas. Mãos muito pequeninas. Eles muito pequeninos. Uma fila encantada. As educadoras abriam e fechavam a fila. Estavam junto à porta dos correios. Tinham colocado uma carta, que alguém lhes tinha escrito, com os pedidos para o pai natal. «Agora vamos ver como o senhor tira dali a carta para levar ao pai natal.» Dizia uma das educadoras…

Entrevista | Júlio Lopes – Uma das figuras típicas da Ericeira [3ª parte]

É autarca desde 1982, como é que nasce a militância partidária? Que Balanço é que faz da sua actividade politica aqui no concelho? No caso da Junta de freguesia relacionei-me muito bem com as pessoas, mas tive sempre um contra. É que o candidato à junta não era uma pessoa, uma personalidade que as pessoas vissem bem. Eu fiz dois mandatos com ele. Nós não ganhámos, o PSD é que perdeu, isto tem de ser dito como deve ser. O Sr Mário Cravina, um individuo que era de Mafra, um…

Entrevista | Júlio Lopes – Uma das figuras típicas da Ericeira [2ª parte]

Qual foi a evolução da pesca na Ericeira desde que começou a trabalhar na lota até ao ano em que se reformou? A evolução, não foi evolução. Foi uma evolução negativa, porque quando eu fui para a lota havia 40 barcos. As condições em que se trabalhava eram muito, mas muito, piores que as de hoje. O problema da areia, de que tanto se fala, é grave, mas antigamente também havia areia, os barcos eram puxados pela praia. Esse problema está já equilibrado. As condições em terra é que não…

Entrevista | Júlio Lopes – Uma das figuras típicas da Ericeira

Todos conhecemos um “Júlio Lopes”. Todos conhecemos – porque eles são muitos – alguém a quem a vida ameaçou chutar para um canto, tornar invisível, alguém de quem a vida troçou, alguém a quem a vida traçou triste destino. Alguns de nós, poucos, acabam por conhecer um “Júlio Lopes” que trocou os passos ao destino, que logrou provar que o destino somos nós que o fazemos, quando podemos. Júlio Lopes fez o seu destino e é hoje uma das figuras típicas da Ericeira. Trabalhou na restauração, guardou montes na praia,…

Crónicas de Jorge C Ferreira | Agonias

Agonias   A agonia sem nexo. O vómito negro e inesperado. O desamparado desfalecimento. A palidez. A água com açúcar. As suaves estaladas, quase festas. O estaladão. Acordar de novo para a vida vomitar de novo. A agonia que não passa. Uma porta para o despertar. A menina de esperanças, sempre agoniada, uma palidez que incomoda. De que alimentará o puto? Pergunta do velho Avô preocupado. O caminhar abandonado. A comida que não apetece. Um apetecer estragado. Alguns estranhos desejos. Comidas de outras épocas. Abrir a porta da vida. Uma…