OPINIÃO POLITICA | Tomás Pegado (JP) – O Cheiro dos Nossos Dias

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O Cheiro dos Nossos Dias

No dia das boas vindas à Primavera, a Juventude Popular (JP) de Mafra visitou o Ecoparque da Abrunheira, da TRATOLIXO. Esta empresa é responsável pelo tratamento de resíduos sólidos (vulgo lixo) e recorre a processos tecnicamente dotados para dar o melhor trato ao “lixo” que vem das nossas casas. A TRATOLIXO é hoje foco de muita crítica devido aos maus odores (oriundos do Ecoparque) que afectam quem circula na A21 (perto da saída Mafra Este), quem reside na zona de Alcainça e nas imediações da vila de Mafra. Não é só o incómodo do mau odor, é também o impacto posterior na relação com o Ser Humano. Desde questões de saúde numa prioritária abordagem, até ao mau cheiro que entranha a roupa que seca no estendal. O que é certo, é que até ao momento não foi encontrada uma solução para este transtorno, e por isso a JP Mafra foi ao encontro da TRATOLIXO, em busca de respostas.

Os responsáveis da TRATOLIXO acolheram-nos como se recebe uma visita em sua casa: mostraram-nos todas as “assoalhadas”, explicaram-nos a finalidade de cada uma, e fizeram uma breve apresentação sobre a actividade desta entidade, responderam abertamente a todas as questões, e até mostraram disponibilidade em abordar os temas mais fracturantes neste enquadramento.

A temática do mau odor foi abordada inevitavelmente: quem passa pela A21 (Km 12 a 14), sente o mau estar provocado pelo cheiro nauseante que paira sobre aquela zona. O cheiro indiscutivelmente existe, o relatório de “Acompanhamento de curta duração do programa de odores no Ecoparque da Abrunheira” realizado pela Faculdade de Ciências e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa, estabelece que: “o odor enquadrou-se na categoria de detectável e, portanto perceptível aos receptores sensíveis”.

O mau odor é inevitavelmente produzido no exercício da actividade da TRATOLIXO, à semelhança de outras empresas concorrentes. É sabido que este tipo de actividade gera mau cheiro, e por norma tenta-se afastar ao máximo estas estações de tratamento das populações. A pior decisão que podemos tomar, é a de ignorar que isto possa ser uma questão que afecta a qualidade de vida das pessoas.

O relatório acima mencionado aponta um dado curioso ao defender que “a exposição da população a estes níveis de concentração (de gás que provoca o típico “mau cheiro” proveniente do tratamento dos resíduos) não apresenta qualquer perigo para a sua saúde”. Fazendo fé no que vem exposto no dito relatório, o mau odor existe, mas não revela significância para a saúde dos expostos, estando todos os parâmetros de avaliação da TRATOLIXO em conformidade com os termos definidos pela lei em vigor.

No desenvolvimento e relacionamento de todos estes factos há um raciocínio que não posso deixar de ilustrar: a TRATOLIXO exerce uma actividade que inevitavelmente propaga maus odores; essa actividade é exercida no Ecoparque da Abrunheira, Concelho de Mafra; os terrenos do Ecoparque foram cedidos pela Câmara Municipal de Mafra (CMM), tendo esta a responsabilidade sobre a localização deste parque. Dada esta relação, percebemos que a Autarquia Local terá pouca margem de manobra, tendo que encontrar uma solução para um problema no qual não se pode isentar de responsabilidades.

Por fim, ontem foi comunicado na imprensa nacional que a “Câmara de Mafra exige medidas para maus cheiros provenientes da TRATOLIXO”. Instigada pelo Vereador do PS, Sérgio Santos, a CMM enviou uma carta pressionando a TRATOLIXO a tomar medidas que acabem com o cheiro que perturba diariamente os munícipes. Estrategicamente, com este comunicado de imprensa, a CMM passa a “batata quente” para as “mãos da TRATOLIXO”. O ónus de esclarecimentos está agora do lado da Empresa e não do Município. Este comunicado é a semente de uma novela política que agora começa. Será uma novela com muitos episódios, muitas emoções, e se continuar como está, com muito pouca assertividade.

 

Tomás Pegado
Juventude Popular de Mafra

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