Opinião Política | Mário de Sousa (CDS-PP) – Bem-vindos, bem-vindos ao combate pela defesa dos direitos humanos

Bem-vindos, bem-vindos ao combate pela defesa dos direitos humanos

 

Esta será a última crónica de 2020 que escrevo neste ano horribilis para o Mundo e para Portugal em particular. Apanhados não de surpresa mas como sempre mal preparados e sem dinheiro pela pandemia, desde Março que caímos num poço que ameaça ter o fundo ainda muito longe. O que acontecerá quando lá batermos?

Não sei, mas sinto que nada de bom será se nos continuarem a mentir e a tratar como se fosse-mos crianças. A assunção de atitudes de ‘paizinho protetor’ pelo governo em nada contribui para que encaremos a realidade de tudo o que nos está a acontecer. Mas entendo-a.

Sem dinheiro, com a dívida externa a aumentar e os elencos ministeriais a acusarem incapacidade para resolverem até a gestão corrente, a técnica do empurrar os problemas com a barriga está instalada.

Para além de se governar por anúncios e declarações, nada mais acontece que tenha golpe de asa, que incuta alguma credibilidade ao que se vai anunciando.

É por isso aliás que o 1º Ministro não receava governar Portugal em 2021 por duodécimos; a visão do governo não vai além da gestão corrente. A confusão, a inépcia, o diz que disse e o desrespeito pelas hierarquias e pelas pessoas e as peripécias entre Presidente da República e 1º Ministro são o espelho de um autêntico salve-se quem puder.

Pequeno balanço infeliz da governação em 2020:

Ventiladores: Comprados à China no início da pandemia com exibição por parte do 1º Ministro de um papel que alegadamente seria a transferência bancária do valor da compra, após grandes peripécias para embarcarem para Lisboa, desapareceram à chegada não tendo sido distribuídos pelos hospitais do SNS. O que aconteceu? Soubemo-lo há poucos dias pela Ministra da Saúde Marta Temido: os ventiladores permanecem nas instalações dos Serviços de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH) a aguardarem inspeção. Porquê? Porque não vieram com uma peça importante que agora escasseia no mercado internacional. Que peça é? Apenas o redutor que liga o ventilador à tubagem de distribuição do oxigénio. (Cada ventilador custou em média €18.300,00).

Vacina da gripe: Ainda o Verão mal tinha começado e já a Ministra da Saúde aconselhava os portugueses a vacinarem-se contra a gripe sazonal. Disse mais; que este ano o SNS tinha reforçado o número de vacinas encomendadas.

Em Outubro o Presidente da República em tronco nu frente às televisões vacinou-se, e como ele representa todos os portugueses esgotou de imediato a vacina. Mas não se veio embora sem afirmar “todos os que quiserem vacinar-se serão vacinados“. Poucos dias depois as vacinas esgotaram-se e em saldo final vacinou-se menos gente em 2020 do que em 2019.

O que irá acontecer com a vacina contra ao COVID19? Que confiança podemos ter?

Ihor Homenyuk

A frase que dá o título a este texto foi proferida, como todos sabemos, pelo Ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita numa conferência de imprensa onde tentava sacudir como sempre a água do seu capote, para que os pingos enxovalhassem os jornalistas presentes e concomitantemente os portugueses. Só ele, sozinho a enfrentar as forças do mal!

Mas isso é bravata tola. O que fere é a arrogância com que foi proferida procurando esconder a sua passividade durante quase nove meses no que respeita ao assassinato de um estrangeiro num departamento do seu Ministério. Não é o MAI um órgão do Estado português? E agora?

TAP e a salvação política do Ministro das Infraestruturas

‘Eu cá sou socialista sempre fui’ bravata de Pedro Nuno dos Santos numa audição parlamentar sobre a TAP, apregoando as melhores intenções sobre o seu respeito pelos portugueses.

Plano de reestruturação feito pelo governo socialista e apresentado em Bruxelas, prevê para além dos 1.200 trabalhadores já despedidos, despedir mais dois mil e cortar 20% dos salários dos que ficarem. É o maior despedimento coletivo feito em Portugal de que há memória. E trata-se de uma empresa pública nacionalizada por um governo de esquerda.

Os portugueses estão cansados da COVID19, da sua vida quotidiana esmagada por salários baixos e precariedade, e por isso exigem mais respeito, mais verdade no discurso político.

O mundo da política deveria ser um lugar de debate e de persuasão e não um lugar onde a mentira política se banalizou na luta partidária e ideológica para a manutenção do poder, para atacar o adversário, para manipular os números (veja-se o número de mortos em Portugal), para iludir a opinião pública, para se vencerem debates, para se esconderem factos incómodo ou sórdidos (o que aconteceu com Ihor Homenyuk).

Entre a nossa Assembleia da República e o Governo não há debate há apenas tudo o que acabei de dizer, e há acima de tudo um desfasamento entre a perceção da realidade portuguesa e o discurso ideológico de cada força política. O preço que se paga é esta tristeza que se vive em Portugal.

A todos desejo umas Festas Felizes!

Mafra, 16 de Dezembro de 2020

Mário de Sousa

 

Mário de Sousa
Empresário, Presidente da Comissão Política Concelhia de Mafra do CDS-PP

 


Pode ler (aqui) outros artigos de opinião de Mário de Sousa


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