Opinião Política | Alexandre Nascimento (ALIANÇA) – O aparecimento do “Chega” de André Ventura foi uma das melhores coisas que poderiam ter acontecido à Extrema Esquerda em Portugal

“Ao contrário daquilo que os mais distraídos possam pensar, o aparecimento do “Chega” de André Ventura foi uma das melhores coisas que poderiam ter acontecido à Extrema Esquerda em Portugal.”

 

Primavera de 2020… há um certo cheiro a podre, no ar!

Chegou como uma brisa… de mansinho, suave, leve… quase impercetível.

Foi-se instalando, preenchendo espaços, subsistindo… e, para muitos, acabou por substituir o ar que respiravam até há muito pouco tempo. O problema é que esse “ar antigo”, apesar de trazer consigo algum “dióxido” mais tóxico, era mais equilibrado e muito mais respirável. Cada um era livre de escolher os lugares que queria frequentar e os espaços que queria ocupar, deixando-se intoxicar em maior ou menor quantidade pelo ar que neles existisse. Era, no fundo, um ar mais democrático!

Este novo ar que, nos últimos tempos, tem inundado as nossas vidas, é um ar falso e traiçoeiro. Vem travestido com uma capa de vento libertador mas é cego, roda furiosamente em espirais sobre si mesmo… e destrói casas e famílias.

É dissimulado e traiçoeiro, aproveita as circunstâncias e surge quase sem darmos por ele!

Condições climatéricas favoráveis. Ao contrário daquilo que os mais distraídos possam pensar, o aparecimento do “Chega” de André Ventura foi uma das melhores coisas que poderiam ter acontecido á Extrema Esquerda em Portugal.

Com um novo protagonista no palco da política mais mediática, foi oferecido ao Bloco de Esquerda, esse arauto da justiça, da verdade e da defesa dos oprimidos, um foco de distração permanente, que lhe permite passar pelos intervalos da chuva, disseminando um novo modelo de sociedade e acelerando o seu projeto de “evangelização” das novas gerações.

Enquanto as luzes da polémica se vão virando para outros protagonistas, há que aproveitar a distração e tratar dos eleitores do futuro. Como? Exatamente através da mesma receita que se condena noutros meridianos… discurso fácil e imediato, populismo… facilitismo! Através de escárnio, má educação, atitudes provocatórias e, sobretudo, instalando uma certa ideia de anarquia.

Está livre?… ocupa-se.

Tenho que sair?… era o que faltava!

Não quero?… faz-se uma Manif.

Não gosto?… ofendo.

Não concordo? … enche-se de tinta ou deita-se abaixo!

Há uma certa Esquerda para quem vale tudo, desde que sirva os interesses de uma agenda política que já nem se preocupa em disfarçar… facilitar, nivelar por baixo, promover a revolta… para depois formatar autênticos rebanhos.

Há uma certa Esquerda que, debaixo de um cínico manto de hipocrisia, recusa a História e a cultura do país onde nasceu e vive, cuspindo para o lado, incitando a uma certa cultura de destruição, ódio e revolta, promovendo fações e divisões na população.

Há uma certa Esquerda que tem a distinta lata de afirmar que a polícia não tem o direito de retirar os ocupantes de determinado edifício, a não ser que traga consigo um mandato judicial mas que se esquece de apresentar o mandato que lhe conferiu o direito de fazer tal ocupação.

É este o País que defendem! Primeiro ocupa-se à revelia… sem pedir autorização… sem avisar. Depois exige-se que a Lei seja cumprida para se retirarem os ocupantes.

Se for preciso, insulta-se e deseja-se a morte aos mesmos cidadãos (polícias) a que recorrem quando precisam e a quem exigem “mais policiamento de proximidade na proteção e defesa das populações!”. Enfim…

Se olharmos com atenção, estão lá todos os tiques de um extremismo de agenda, radical e perigoso. Intolerância para com todos os que “não comem à mesma mesa”… destruição de valores… ofensa fácil e mal-educada.

E o pior de tudo isto é que, embrenhados numa vida a contra-relógio e numa sociedade desinteressada e sem valores, distraímo-nos e permitimos que este novo ar putrefacto e traiçoeiro fosse entrando pelas frestas das janelas e por debaixo da porta do único edifício no qual nunca poderia ter entrado… a Escola.

Quando deixamos perder a Escola para processos de intenção ou agendas ideológicas, perdemos tudo! A Escola é, em si mesma, o garante de uma sociedade informada e preparada. Só com preparação e informação se consegue garantir pluralidade e liberdade de escolha. Qualquer outro cenário de instrumentalização da Escola é falacioso e, sobretudo, perigoso… muito perigoso.

Foi muito importante para a minha formação enquanto cidadão ter percebido os enormes malefícios e o sofrimento que os extremismos trouxeram a sucessivos povos ao longo da História. Uns e outros, de esquerda e de direita, porque o extremismo não tem espectro… é ambidestro.

É assim que tem que ser! Receber ensinamento, ler muito, ter acesso a informação… toda… de todos os tipos e quadrantes, aplicar à vida quotidiana tudo aquilo que aprendemos… e, depois, fazer opções. Decidir em consciência, sem condicionamento ideológico, sem agenda… livremente.

Só posso aceitar ou condenar se conhecer. Se me for tirada a possibilidade de conhecer… então estou a ser formatado.

Mais! Sabemos que os nossos pais têm uma tendência humana e natural para influenciar o nosso pensamento e as nossas decisões, o que vai, inevitavelmente, condicionar os nossos comportamentos. Pois bem… quem promove os equilíbrios é a Escola. Quem desempata e promove o contraditório é a Escola!

No dia em que deixarmos que a Escola deixe de ser a casa de todos para ser apenas o repositório de alguns, perderemos identidade e hipotecaremos o futuro.

 

PS: Na passada sexta-feira (19Junho), a RTP2, um dos canais públicos de televisão para o qual todos nós pagamos (TODOS), passou um programa destinado aos adolescentes e jovens, intitulado “Destemidas”, no qual se apresentava o divórcio, o aborto e o casamento homossexual como solução única para a afirmação da mulher na sociedade… assim… sem qualquer tipo de opção ou contraditório!

Quero acreditar que ainda vamos a tempo.

 

“A boa educação é moeda de ouro. Em toda a parte tem valor!”

Pe. António Vieira

 

 

Alexandre Gomes do Nascimento

Presidente da Direção Política Distrital de Lisboa

Partido ALIANÇA

Alexandre Nascimento
Empresário, Presidente da Direção Política Distrital de Lisboa do Partido Aliança.

Pode ler (aqui) outros artigos de opinião de Alexandre Gomes do Nascimento.


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