No concelho de Mafra têm-se vindo a multiplicar as queixas relativas a agressões ambientais. Coube agora a vez à Ribeira das Lavandeiras (União de Freguesias da Venda do Pinheiro e Sto. Estêvão das Galés), tendo sido divulgadas imagens colhidas a 12 de Julho, junto à ponte do Bocal, onde se pode verificar a escorrência e a acumulação de um liquido leitoso, exalando um cheiro característico a leite, alegadamente proveniente das fábricas de laticínios de Montemurro, as únicas que se localizam a montante do local onde as imagens foram colhidas.
As descargas agora documentadas, não são novas, sendo do conhecimento da população, e resultariam do facto de algumas fábricas de lacticínios preferirem fazer as descargas de produtos residuais, directamente para a ribeira, em vez de utilizarem as estações de tratamento de que dispõem – situação que se agudiza todos os Verões, devido à natural diminuição dos caudais das ribeiras.
Foi apresentada queixa à GNR, aguardando-se agora o resultado da investigação que certamente terá lugar.
Este caso surge a par de muitos outros que têm vindo a público nos últimos anos, alguns deles alvo de notícia no Jornal de Mafra. Recordamos o caso recente dos muitos “matos urbanos“ que durante meses assolaram sobretudo as freguesias de Mafra e da Ericeira, o estado de profunda degradação dos terrenos da Urbanização da Quinta da Baleia, na Ericeira, a inexistência crónica de passeios em muitas localidades do concelho, os problemas de salubridade provocados no Casal da Mangancha pela suinicultura da Avimafra, o facto de haver áreas do concelho que no ano de 2018 não são ainda servidas por uma rede de esgotos, as recentes queixas veiculadas pelo PAN e relativas ao serviço de recolha de lixos no espaço da feira da Malveira ou a denúncia feita pelo BE, relativa a danos ambientais surgidos na sequência da limpeza de cursos água na área de Cheleiros.
[Imagem de Diogo Guerreiro]
Os cidadãos vão denunciando as situações mais agudas, a comunicação social (sobretudo o Jornal de Mafra, na verdade, o único órgão de comunicação social do concelho que não depende, directa ou indirectamente, de fundos ou de apoios públicos locais) vai seguindo estes casos, mas a Câmara Municipal de Mafra não dá resposta, sequer a nível institucional – recebemos informação diária dos departamentos de comunicação das Câmaras de Torres Vedras e de Sintra, mas a Câmara de Mafra não emite comunicados nem disponibiliza informação institucional directa, utilizando quase exclusivamente as redes sociais para divulgar eventos que financia e/ou promove – restarão pois as autoridades nacionais e o recurso a alguns dispositivos do Código Administrativo. A nível do ambiente, os cidadãos dispõem de um serviço prestado pela GNR, o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA), que funciona através do 808 200 520, estando também acessível online em SOS Ambiente.