A propósito de orquídeas… Alice Vieira Com tanta gritaria que vai por aí—estava ou não estava nas “Raríssimas”, roubaram ou não roubaram, pagaram ao fisco ou baldaram-se (agora até o Cristiano Ronaldo entrou na dança) ,a IURD que faz e acontece , e os furacões Ana e Bruno a atacarem sem piedade —eu hoje decidi fechar para férias. Isto é: decidi impermeabilizar ouvidos e olhos a todo o arraial que vai lá por fora, e ficar a olhar para as minhas orquídeas. Qual Nero Wolf de S.Sebastião da Pedreira.…
Ler maisCategoria: Crónicas
Crónica | Alexandre Honrado – Natal de melga
A ideia não é nova. O grande cultor da mesma foi o checo Franz Kafka. Bom, falando com certeza, Kafka era uma metamorfose: nasceu no Império Austro-húngaro mas quando morreu a sua cidade natal era da Checoslováquia. Se voltasse ao mundo, hoje iria à República Checa para rever a sua Praga. Morreu em Klosterneuburg, que foi também Império, depois República e hoje dilui-se no mapa da Áustria. Mas não era isto o que eu queria dizer. Queria dizer que a ideia que me ocorreu já Kafka a trabalhou com veemência.…
Ler maisFolhetim | Benvinda – Uma História de Emigração (8º. Episódio)
FOLHETIM | Uma rubrica de Licínia Quitério BENVINDA – Uma História de Emigração (8º. Episódio) Só chegámos a Paris no dia seguinte à noitinha, os comboios não eram rápidos como os de agora, a canalha dormiu o tempo quase todo, a gente olhava para eles e nem queria acreditar que estávamos juntos. Dali em diante tudo ia ser melhor, era o que pensávamos. A gente tem que esperar que as coisas boas aconteçam, senão pode endoidecer, é o que lhe digo, e ficar como esse tontinho do Bicas que anda…
Ler maisCrónica | Alexandre Honrado – Hoje não choveu
Nos últimos meses houve três dias de chuvas dignas, dessas intensas e que enchem barragens e elevam os caudais, dão à boca da terra alguns refrescos urgentes, sabendo todavia que, quando excessivas, provocam o vómito dos terrenos, sufocam-nos, alagam-nos e afogam-nos – a água é sempre a água, seja a do céu obscuro ou do mar inquietado. Só quando a chuva causa torrente, caudal engrossado e rápido, provoca cheias, inundações, catástrofes, somos levados a meditar na nossa pequenez – e mesmo assim não nos convencemos. É sempre culpa de alguém…
Ler maisCrónicas de Jorge C Ferreira | O Pântano
O Pântano A indecência da decadência. O arrastar do mal viver. O lodaçal. A lama. Houve quem lhe chamasse “O Pântano” e se demitisse numa longa e antiga noite. A degradação cada vez mais acentuada, os conluios de um bloco central de interesses há muito tempo a partilhar o poder. O tal “Arco do Poder”. Gente que se arrasta de falsidade em falsidade. Gente apanhada em flagrante mentira. Gente que não resiste ao som do vil metal. Muito amesendado do orçamento. Muitos a saltitar de lugar em lugar. A…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Ídolos…
Ídolos… Alice Vieira Na semana passada, em Paris, deram-se os primeiros (e parece que sólidos) passos para a criação do Instituto da Lusofonia. Com o patrocínio dos presidentes da República de França e de Portugal, da CPLP, da Unesco, da OIF (Organization Internationale de la Francophonie), e do GAFF (Groupe des Ambassadeurs Francophones de France). Três dias de conferências, e debates, com a participação de diversos ministros, deputados, escritores, músicos, artistas dos países de língua oficial portuguesa. Bom. Esta é a parte séria da crónica. Agora vem a parte……
Ler maisCrónica | Alexandre Honrado – Ao redor da verdade
Se as pedras dissessem a verdade, existiriam muito mais pedras no fundo do mar. Na intrincada rede das mentiras aparecem alguns a reclamar a verdade, sabendo-se que nada é absolutamente verdadeiro e que o que agrada a uns nunca será da boa aceitação de tantos outros. Porque a verdade – e essa parece ser a única verdade – é uma oscilação dentro de um sistema de valores. É aquilo que faz de um assassino um herói, dependendo de quem lhe põe a arma e a missão nas mãos. O que…
Ler maisCrónicas de Jorge C Ferreira | Iam em fila indiana
Iam em fila indiana Iam em fila indiana. Os olhos muito grandes, muito abertos. Olhos de querer aprender. Estava frio. Iam agasalhados, alguns com o pingo no nariz. Iam de mãos dadas. Mãos muito pequeninas. Eles muito pequeninos. Uma fila encantada. As educadoras abriam e fechavam a fila. Estavam junto à porta dos correios. Tinham colocado uma carta, que alguém lhes tinha escrito, com os pedidos para o pai natal. «Agora vamos ver como o senhor tira dali a carta para levar ao pai natal.» Dizia uma das educadoras…
Ler maisCrónica | Alexandre Honrado – Em luta pela paz (sempre)
A Paz, como tema, tem vindo recentemente à tona das mais mportantes realizações do pensamento, dos centros que mais a promovem a outros que, por inesperados, são ainda mais de louvar. Não há, vendo bem, um intérprete habilitado da Paz, alguém que fale em nome dos povos. É claro que António Guterres, o Papa Francisco, o 14º Dalai Lama, Malala Yousafza ou Kailash Satyarthi, em escalas diferentes e muito pouco difundidas, têm uma palavra intensa que devemos escutar. Mas são exceções num mundo convulsivo. Há, isso sim e cada vez…
Ler maisFolhetim | Benvinda – Uma História de Emigração (7º. Episódio)
FOLHETIM | Uma rubrica de Licínia Quitério BENVINDA – Uma História de Emigração (7º. Episódio) Medo teve também Berta, os olhos muito vivos a perscrutar as águas escuras, as margens escuras que se aproximavam, o miúdo agarrado a ela, a tremerem os dois, no silêncio só quebrado pelo chape-chape dos remos. Passado o rio, os pés em terra seca, os olhitos cheios de lágrimas de medo e de frio, lá foram levados pelo homem que afinal até parece que tinha coração e pegou o garoto ao colo, para que não…
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