Crónica de Mário de Sousa Silly Season à portuguesa Terminou a silly season em Portugal e ainda bem porque esta terá começado da pior forma com um ataque soez à liberdade de expressão e de imprensa aqui em Mafra. Para uma silly season como esta chamam os ingleses “Tempo do Pepino” A minha última crónica, talvez porque já tinha começado o ‘tempo do pepino’, foi vítima de uma atitude pepineira. Meia dúzia de ‘pepineiros’ resolveu apresentar uma denúncia ao Google por o texto ser de cariz sexual. Claro…
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Crónica de Alexandre Honrado – Tenho uns polegares enormes
Crónica de Alexandre Honrado Tenho uns polegares enormes Na ausência de equipamentos eletrónicos e mesmo de canais televisivos abundantes como bactérias desafiantes do sistema imunológico, recordo uma vez mais como a minha infância foi recheada de leituras e de aventuras ao ar livre, de conversas infinitas e de um imaginário estimulado pela capacidade de criar num mundo abstrato novos mundos para o mundo que, pensando bem, se tivessem resultado, seriam hoje equivalentes a um outro mundo, melhor e muito mais divertido. Aventurei-me, desde muito cedo, com Corto Maltese, Sandokan…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | A Hora da Sineta
A Hora da Sineta por Jorge C Ferreira Apareceu um convite inesperado. Ir dizer poesia minha a um evento. A minha editora, “A Poética”, estava presente com uma banca. Os meus livros no meio de outros livros. Mais duas editoras com banca montada. Editoras numa terra importante. No Barreiro. Já não ia ao Barreiro há muito tempo. Achei a viagem confortável e de uma rapidez inesperada. A velha Estação de Sul e Sueste de cara lavada. Eu a Isabel e uma companheira poetisa, Júlia Lello, que se encontrou…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Em bica de prosa
Crónica de Alexandre Honrado Em bica de prosa Houve um momento neste verão em que, isolado de todos os contextos, vivi trinta e alguns segundos de uma paz indescritível, um silêncio casto, uma temperatura amena, nenhum sobressalto diante dos olhos, a ausência total de cheiros incómodos, uma superfície que ao tato me trouxe uma memória de infância numa época em que a ausência da compreensão do mundo era apenas a graça de nada compreender – ou querer. Perto de uma das casas onde vivi na minha infância, num desafogado…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Tempos terríveis
Tempos terríveis por Jorge C Ferreira Há momentos que se eternizam. Instantes que nos marcam o corpo para sempre. A marca rasgada. Um bisturi, agulha e linha. A tatuagem maior. O profanar do corpo. Um mapa de vida. Uma assinatura desconhecida. Um coração assaltado por galopes de vida. Uma fúria que se custa a acalmar. Um cabelo longo e despenteado. Uma vida a ganhar necessidade de ternura. Há uma mulher que percorre todo aquele corpo e lambe todas as feridas expostas. Assim as tenta curar. Mulher santificada. Lábios…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Cautela com as viagens
Cautela com as viagens Por Alice Vieira Antes de mais, juro que se trata de uma história verdadeira. Isto porque muitas pessoas a quem a tenho contado riem e dizem “lá estás tu com as tuas histórias”. Tudo se passa com um rapaz chamado Ricardo que vivia na aldeia em que eu nasci. Nunca cheguei a conhecê-lo, mas toda a gente da aldeia conta esta história O Ricardo tinha um único desejo na vida: enriquecer. Ficar muito, muito rico para poder fazer tudo o que lhe apetecesse, coisa…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Outros Tempos
Outros Tempos por Jorge C Ferreira Não sei quantos passos dei por aquelas ruas. O meu bairro que percorri em todas as direcções, em todos os sentidos. Os proibidos e os autorizados. Meu bairro, hoje multiétnico. Bairro de todas as nações, raças e credos. Bairro vida. Bairro celebração. Bairro ilusão. Foi este meu bairro que decidiu as eleições em Lisboa. Podem não acreditar, mas achei-me importante. O meu Bairro, que nunca teve marcha popular, tinha decidido a vida da cidade grande. A igreja onde recebi todos os sacramentos.…
Ler maisCrónica de Jorge C Ferreira | Uma ilha e uma trança
Uma ilha e uma trança por Jorge C Ferreira Saber navegar pela vida. Muitas vezes ser ilha. Resto isolado de nós. Procurar-te numa ilha. Conhecer os sinais dos faróis. Amar um faroleiro. Esperar a sua luz. Esperar encontrar a mulher sublime que nos completa. Procurar a vida plena. Esta busca, esta demanda que muita gente empreende. Gente que não sabe que procura o inatingível. O vulcão que entra em erupção. As cinzas e a lava. A terra a crescer, a ilha a aumentar. O mar queimado. Entretanto, uma…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Por caridade
Por caridade Por Alice Vieira “Se não fosse a caridade da família que as acolheu, nem sei o que teria sido delas” — ouvi eu esta manhã na esplanada da praia. E todo o grupo estava de acordo e acenava a cabeça. Eu também devia ter acenado, elas estavam cheias de razão, eu até conheço a miúda de quem elas falavam. Mas não consegui. Nunca consigo. E acho que se souberem porquê me vão dar razão. As 4ª feiras eram o dia em que as velhas tias que…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Sem guerra nem guerreiros
Crónica de Alexandre Honrado Sem guerra nem guerreiros Houve um momento neste verão em que, isolado de todos os contextos, vivi trinta e alguns segundos de uma paz indescritível, um silêncio casto, uma temperatura amena, nenhum sobressalto diante dos olhos, a ausência total de cheiros incómodos, uma superfície que ao tato me trouxe uma memória de infância numa época em que a ausência da compreensão do mundo era apenas a graça de nada compreender – ou querer. Durante esses segundos de um bendito alheamento, senti-me longe de qualquer…
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