Crónica de Alexandre Honrado | Quantos dias tem uma semana

Quantos dias tem uma semana  (quantas semanas tem um dia?) Leio informação dispersa mas muito sólida, livro após livro, e faço uma pausa olhando uma parede aparentemente branca onde alguém tatuou um desabafo.  Tenho quase inveja; sobra-me pouco tempo para as paredes que por vezes acolhem festas, celebrações difusas do que vai na cabeça de cada qual. Na última semana acabei um (excelente) livro francês sobre as revoluções russas (sim, há que registá-las no plural) e a guerra civil que se lhe seguiu; depois, li um outro título sobre os…

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Folhetim | Benvinda – Uma História de Emigração (5.º Episódio)

FOLHETIM | Uma rubrica de Licínia Quitério   BENVINDA – Uma História de Emigração (5º. Episódio)   – Tempo muito bera, senhora, muito bera mesmo. Perdidos no mundo, era como a gente se sentia. O melhor que arranjámos foi um contentor de obras para fazer de casa, muito calor, muito frio ali se passou. O trabalho apareceu, os “chantiers” eram muitos e eles gostavam dos portugueses que trabalhavam bem e refilavam pouco. Moirinhos de trabalho, é o que éramos. Eu arranjei umas senhoras onde fazer a “ménage”, passei a chamar-me Maria,…

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Crónicas de Jorge C Ferreira | Amo-te Liberdade

Amo-te Liberdade   Esta vida que me aparece do nada. Esta coisa que não sei explicar. Estes beijos que me dão não sei porquê.  Os abraços que me enlaçam de ternura e eu agradeço com outros abraços. As ruas que faço minhas e não se queixam da usurpação. Dádivas que recebo a cada esquina. Coisas que me fazem esquecer as estaladas que levei vida fora. Estou imune a determinadas patifarias. Há pessoas que risco da minha vida com uma facilidade enorme. Nem disso tal gente se dá conta. Quando dão…

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Crónica de Alice Vieira | Dia de finados

 Dia de finados Alice Vieira   As tias que me criaram tinham todas o culto exacerbado da morte. Não ligavam muito aos vivos—mas ninguém lhes levava a palma no choro pelos mortos. Podiam estar anos sem ver uma pessoa mas, no dia do seu enterro, não largavam o caixão até ele descer à terra, sendo sempre muito acarinhadas pelos presentes que, diante do seu choro convulsivo, as tomavam por familiares muito próximas do defunto quando, na maior parte das vezes, não passavam de simples conhecimentos das termas de Caldelas. Uma…

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Oeiras | Curso “Imaginário nas Religiões”

Oeiras vai receber o curso “Imaginário nas Religiões”, um curso coordenado por Paulo Mendes Pinto e Alexandre Honrado, da área de Ciência das Religiões da Universidade Lusófona. Segundo a organização: “As religiões assentam, entre outros pilares, em produtos de narratologias ancestrais, que produzem tendências longas de interpretação do mundo, no que tem de real, de fantástico, de maravilhoso e de simbólico”. Constituído por 4 sessões, este curso ” pretende mostrar contributo do religioso na construção das sociedades”. Programa: Hora: 15h00 Local: Oeiras, Livraria-Galeria Municipal Verney   [Imagens do Cartaz]

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Crónica | Alexandre Honrado Utopias no divã

Estudando, quase viciosamente, o ano de 1917, todas as matérias me despertam novas interrogações e a vontade de ter todo o tempo do mundo para ler toda a bibliografia do mundo que me possa conduzir a algumas respostas tem crescido de uma forma incontrolável. Tenho milhares de páginas à minha volta – quase mil escritas por mim ao longo de doze anos de bisbilhotice e incredulidade, pouca matéria conclusiva e muitas catapultas para os textos seguintes. O ano de 1917 não foi mais inquietante do que muitos, mas na História…

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Crónicas de Jorge C Ferreira | Crónica Vadia

Crónica Vadia   Podia continuar a falar do problema da Catalunha, seria a “Catalunha III”. Podia mas não me apetece! Podia falar das desgraças do meu País e da Galiza, dos fogos eternos, dos mortos e das labaredas, do populismo reles dos que cavalgam as desgraças, das meias medidas e das meias tintas. Podia mas cansa-me! Podia falar das armas que aparecem e desaparecem, desse filme mal contado e de fraco guião que se chama Tancos. Podia mas não tenho pachorra! “Tudo para Tancos” como aprendeu a dizer o meu…

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Licínia Quitério em encontro cultural nas Astúrias

    Licínia Quitério, mafrense e colaboradora do Jornal de Mafra esteve em Gijón, nas Astúrias para um encontro de poesia em português e em castelhano. O encontro foi organizado pela sociedade cultural gesto, letriberia e contou com as intervenções de Licínia Quitério e de Francisco Álvarez Velasco (Astúrias), tendo contado com a apresentação de Paco Faraldo.         [Imagens de Sociedad Cultural GESTO]

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Folhetim | Benvinda – Uma História de Emigração (4.º Episódio)

FOLHETIM | Uma rubrica de Licínia Quitério   BENVINDA – Uma História de Emigração 4º. Episódio – Tiveram pena de nós. A gente não falava a língua deles nem eles a nossa, mas a gente entendeu-se, ainda hoje estou para saber como. Trouxeram-nos pão e queijo e água com picos, lembro-me como se fosse hoje e já lá vão tantos anos. A senhora que nos trouxe o pão perguntou-me se eu tinha filhos pequenos, fez assim com a mão à altura deles e a outra mão no peito, do lado coração.…

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Crónicas de Jorge C Ferreira | A Catalunha II

A Catalunha II   A Catalunha, para mim, é passear pela Barcelona de Gaudi, percorrer o bairro gótico, dormir na “Plaza del Angel”, ir ver Picasso e Miró nos seus museus, subir e descer as ramblas, tomar um café no “Café de L’Òpera”, ir ao “Gran Teatro do Liceo”, comprar uma flor em “La Boqueria”, trepar até Montjuich, ir ver o mar na “Barceloneta”, andar naquele tremendo teleférico e acabar a ver jogar o Barça em “Camp Nou”. É também ir ver o outro colorido da festa a Stiges, visitar…

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