Folhetim | Casa de Hóspedes (9º. Episódio)

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] FOLHETIM | Uma rubrica de Licínia Quitério   Casa de Hóspedes (9º. Episódio) A Dona Júlia aproveitou a hora do jantar para informar os hóspedes sobre as cerimónias fúnebres do vizinho de baixo. Que o corpo já estava desde as sete da tarde na casa mortuária da igreja de Santa Marta, que fecharia à meia-noite, que achava muito bem, não havia necessidade de ficarem ali toda a noite como se fazia antigamente. O Sr. Mário até acrescentou que era um sacrifício para os vivos e que nada adiantava…

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Folhetim | Casa de Hóspedes (8º. Episódio)

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] FOLHETIM | Uma rubrica de Licínia Quitério Casa de Hóspedes (8º. Episódio) Quem havia de dizer, um homem que parecia vender saúde, na força da vida, eu nem quero acreditar, não somos nada, a vida são dois dias, coitada da família, coitado dele que vai para o barroco, quem cá fica governa-se. Não é bem assim, a Adelaide é nova, a miúda está uma mulherzinha, o miúdo é que ainda está atrasadito, tudo tem remédio menos a morte, parece que estava a adivinhar que a vida não durava…

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Folhetim | Casa de Hóspedes (7º. Episódio)

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] FOLHETIM | Uma rubrica de Licínia Quitério Casa de Hóspedes (7º. Episódio) Não se pode dizer que o quarto independente fosse lugar isento de prevaricações, nomeadamente no tempo em que lá habitaram o Zeferino e o Gil, jovens estudantes, inteligentes, procurando avidamente o que a capital lhes podia oferecer, nas suas casas de vinho e miúdas, que o Zeferino referia, cofiando o bigode farto, o olhinho maroto a luzir. Cultivava um certo ar de filho pródigo a quem a mesada voava no mesmo dia em que chegava. Havia…

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Folhetim | Casa de Hóspedes (6º. Episódio)

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] FOLHETIM | Uma rubrica de Licínia Quitério Casa de Hóspedes (6º. Episódio) O Sr. Mário era o hóspede mais antigo lá de casa. O mais antigo e também o mais velho. Foi ali parar quando o casamento de décadas não aguentou mais. Ao falar da mulher, tinha tremores nas mãos e gestos desordenados. Se era raiva, ou ódio, ou desamor, só ele saberia. Indiferença é que não era, a avaliar pela firmeza com que apertava e tornava a apertar o nó fininho da gravata. Ainda cumpria o seu…

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Folhetim | Casa de Hóspedes (5º. Episódio)

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] FOLHETIM | Uma rubrica de Licínia Quitério Casa de Hóspedes (5º. Episódio) Sempre a fungar, a D. Adélia, um tique que lhe ficou desde que aquele malandro se negou a casar, mesmo nas vésperas da boda. Tudo pronto. Convites feitos. Sala alugada para o repasto, hora aprazada com o padre. O fato da noiva, lindo, de um branco virgem, mais virgem do que ela que se entregara àquele pedaço de homem, moreno e peludo, com uns olhos de botar fogo. Os papéis já estavam a correr, qual era…

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Folhetim | Casa de Hóspedes (4º. Episódio)

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] FOLHETIM | Uma rubrica de Licínia Quitério Casa de Hóspedes (4º. Episódio) Dona Júlia, filha única, escola primária acabada, foi aprender costura com a Ermelinda Nabeira, uma jóia de mulher, umas mãos de fada, que nada recebia por ensinar, como não acontecia com outra gente aproveitadora do trabalho de crianças, e que ainda lhe dava um lanchinho, pão com toucinho ou azeitonas. Casou-se cedo, Dona Júlia, teve tudo, como dizia, com os olhos humedecidos, à D. Laura do primeiro andar, tudo, D. Laura, amor, compreensão, conforto, nada de…

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Folhetim | Casa de Hóspedes (3º. Episódio)

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] FOLHETIM | Uma rubrica de Licínia Quitério CASA DE HÓSPEDES (3º. Episódio) Quim Zé não voltou ao clube, e a Dona Júlia ficou na casa grande, vazia, sem censuras sobre os pés dos flamingos, sem tantas coisas que lhe encheram os dias, os anos. Passou o tempo do silêncio, o tempo do choro, o tempo de se fechar, tempos outros, todos diferentes, que diferente ela também se tornara. Uma manhã, ao acordar, o silêncio da casa a pesar, a alongar-se, a enrolar-se-lhe no pescoço, Dona Júlia, num salto…

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Folhetim | Casa de Hóspedes (2º. Episódio)

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] FOLHETIM | Uma rubrica de Licínia Quitério CASA DE HÓSPEDES (2º. Episódio) Quim Zé não voltou ao clube, e Dona Júlia ficou na casa grande, vazia, sem censuras sobre os pés dos flamingos, sem tantas coisas que lhe encheram os dias, os anos. Passou o tempo do silêncio, o tempo do choro, o tempo de se fechar, tempos outros, todos diferentes, que diferente ela também se tornara. Uma manhã, ao acordar, o silêncio da casa a pesar, a alongar-se, a enrolar-se-lhe no pescoço, Dona Júlia, num salto brusco,…

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Folhetim | Casa de Hóspedes (1º. Episódio)

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] FOLHETIM | Uma rubrica de Licínia Quitério CASA DE HÓSPEDES (1º. Episódio) O prédio era do tempo em que os inquilinos ali ficavam a morar por toda a vida, em andares de muitas e pequenas divisões, com um ou dois quartos interiores, por vezes tristes espaços, de fraquíssima luz e arejamento. Porque o problema da habitação era uma das mais sérias preocupações dos lisboetas das classes menos afortunadas, em muitos andares viviam várias gerações, quando não amigos próximos, numa partilha de espaços, quezílias e amores. Nem sempre as…

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Folhetim | Desvairadas gentes (9º. E último episódio)

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] FOLHETIM | Uma rubrica de Licínia Quitério DESVAIRADAS GENTES  (9º. E último episódio) Quando a Felismina viu o marido, de cabelo desalinhado, a assomar à fresta da porta da casa daquela perdida, o sangue subiu-lhe todinho à cabeça, trepou o lance de escadas a dois e dois, entrou em casa, foi direita à gaveta grande do armário, pegou na faca grande de desossar e gritou, gritou, desalmadamente, enquanto esfaqueava, repetidas vezes, a porta fechada à pressa, por trás da qual tremiam, como varas enquanto verdes, um barbeiro baixinho…

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