Crónica de Jorge C Ferreira | As Horas

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] As Horas Os desacatos da vida. As viragens e os recuos. A procura e a inércia. Muitas horas paradas. As caras mudas vestidas de máscaras agonizantes. Uma pedrada num sítio ermo. A eterna busca do confronto. Um gesto de ternura e um raio de sol. O mar a brilhar de uma alegria frustrada. Faltam poucas horas para tudo ficar, de novo, plúmbeo. Vai tudo regressar aos contentores despejados de um barco fantasma. Sonâmbulos caminhantes preenchem os espaços. Uma sala escura cheia de relógios com horas incertas. O…

Ler mais

Crónica de Jorge C Ferreira | 200 Textos 200

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] 200 Textos 200 Chamo-lhe textos porque não sei como os classificar. O primeiro tem a data de 9 de Outubro de 2014. Semana a semana fui escrevinhando um novo. Criei o hábito de não o fazer antes da terça ou quarta-feira anterior. Muitas vezes não sei sobre o que vou escrever. Mas tem surgido sempre uma palavra, um facto, uma pessoa que me dá razão para continuar. Sobre uma palavra, surgida do nada, pode nascer um texto que uma mão que não sentimos vai escrevendo. Crescemos com…

Ler mais

Crónica de Jorge C Ferreira | Os Meninos do Coro

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] Os Meninos do Coro A dona Virtude, a dona Clemência, a dona Pureza, a dona Inocência e a santa castidade. As múltiplas orações, o genuflexório, os castigos infligidos, aceitar a dor.  A capela lateral da igreja. Todas de preto estão aquelas mulheres. Lenços na cabeça. Rosários na mão. Um murmúrio sem interrupção. A maquinal reza. O bichanar, dizem alguns. Os meninos do coro ensaiam novos cânticos. Está escura a Igreja. Ouve-se o crepitar das velas. As falsas virtudes. Os véus que tapam as vergonhas. Os meninos do…

Ler mais

Crónica de Jorge C Ferreira | Cartas de uma vida

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] Cartas de uma vida Passeava na avenida grande em todos os sentidos. Era raro parar. Carregava entre as mãos papéis amarelecidos. Escritos em letra feminina. Algumas letras desmaiadas. Cores variadas. Seriam estados de espírito? Por vezes interpelava as pessoas e perguntava de quem era determinada carta. Ele que, antigamente através da escrita conseguia decifrar a pessoa e o seu sentir, tinha desaprendido a ler. Esqueceu as letras e os nomes. Esqueceu-se de si. Tinha coisas muito antigas que, por vezes, lhe atormentavam a cabeça. Tudo o que…

Ler mais

Crónica de Jorge C Ferreira | Um jardim de manhã

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] Um jardim de manhã Um jardim, um banco e uma vontade. Uma manhã de sol. Uma guitarra e uma música. Jogam às cartas os senhores do costume. A bica servida em chávena cheia. Uma água para avivar os lábios. Um sujeito que toca viola. Um dedilhado que sabe a renda. Outro fulano tenta arranjar palavras que se encaixem na música. A rima, a métrica e um pássaro que poisa, no banco, a escutar a melodia. Assim se pode fazer uma canção. Fecharam o museu. Levaram os quadros.…

Ler mais

Crónica de Jorge C Ferreira | Estranhezas

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] Estranhezas I “No Espelho” “Serei da ordem   lunar   do espaço errante…” (Maria Teresa Horta-Estranhezas. Pag. 16)   Escrever porque a beleza de outras palavras celebra a vontade de ser Porque há voos de poetisa que nos fazem descobrir asas escondidas Verso a verso Ilusão a ilusão Golpe a golpe as espadas em punho um encanto que cresce A poetisa por vezes feiticeira As palavras por vezes fogo O corpo sempre corpo O fulgor sempre inteiro Meia-noite e uma fogueira Assim seguimos as mãos dos mágicos…

Ler mais

Crónica de Jorge C Ferreira | Crises

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] Crises   Caraças, máscaras, barretes, apitos, assobios, fingimentos, falsas elucubrações, pantominices, cortes de cabelo a rigor, gravatas da moda, fatos por medida e factos distorcidos. Cenários austeros para dar credibilidade à coisa. A falsa discussão. Discutir o acessório. Ter vergonha de discutir o principal. Porque o principal incomoda. O espectáculo a substituir a política. As acusações cruzadas. Todos a quererem sacudir a água do capote. Todos com culpas que não querem assumir. Fechar os olhos à realidade e seguir em frente. Esgrimir assuntos já muito batidos. As…

Ler mais

Crónica de Jorge C Ferreira | Ghettos

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] “Ghettos”   Tanto vazio no espaço da lenda maior. Tanta coisa que faz falta para decidir o destino. Tanto o que acontece e mata a ideia da vida já escrita. O desejo intenso de procurar o que nos alivia as dores. Tanto comprimido vendido que não serve para nada. Pague uma embalagem e receba duas. Mais uma imagem da nossa senhora de lado algum! Mais duas mil velas e um andor. O caminho da desgraça. O negro caminho. Nem uma luz, nem uma flor, nem uma gota…

Ler mais

Crónica de Jorge C Ferreira | A vida e as vidas

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] “A Vida e as Vidas” A barba crescida. O cabelo enorme. Os caracóis. Uns óculos escuros de aros redondos. Umas calças esquisitas. Uma camisa de colarinhos enormes. As cores exuberantes. As botas de tacão alto. Mais dez centímetros de altura. A noite que também cresce. Aparece, como num sonho, a virtual avenida de todas as cores. Milhares de luzes que nos embebedam. Fugimos. Acordamos. Uma cave. Um refúgio. Uma estranha aventura por inesperados ghettos. Choros de guerras ainda por esquecer. Há uma senhora, muito velha, que teima…

Ler mais

Crónica de Jorge C Ferreira | Proteger

[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] Proteger As biqueiras das botas. Os pontapés em falso. Os protectores. O sapateiro. Os pequenos pregos na boca. Meia mão de cabedal. O martelo. As pancadas secas. A eficaz protecção. As botas cardadas. Os polainitos. A ordem para marchar. Enfrentar os tais canhões. Ir e vir. Um capacete mal-alinhavado. A corrida e o cansaço. Um fio ao pescoço com a medalha de uma santa. Acreditar que se está protegido. Uma bala perdida. Um grito de sangue. O nosso Anjo da Guarda. A protecção entregue a um ser…

Ler mais