Livros estragados Por Alice Vieira Como falei aqui nisso, quero hoje dar-lhes conta da minha grande felicidade: o meu amigo Mo, do Bangladesh, que ao princípio pensámos que se tinha suicidado mas mais tarde descobrimos que tinha voltado para a sua terra, de que tinha muitas saudades—regressou ontem!! Foi uma festa! Aquilo foram abraços e socos nas mãos que nunca mais acabava! Segundo confessou, já não aguentava mais viver no Bangladesh…A namorada ainda não pôde vir mas virá depois. (Aqui para nós, acho que não lhe faz muita…
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Crónica de Alice Vieira | Quando o perigo nos ameaça
Quando o perigo nos ameaça Por Alice Vieira Quando esta crónica for publicada, já decorreram as eleições. Mas no momento em que a escrevo, ainda não. Devo dizer que não tenho tido muita paciência para ouvir todos os candidatos até porque, como desde sempre sei em quem vou votar, não preciso que eles me convençam. (Por acaso devo aqui confessar, que este ano tive algumas dúvidas: gostei muito daquele candidato — infelizmente não decorei o nome do senhor nem o nome do partido — que prometia, se fosse…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Um grande dilema
Um grande dilema Por Alice Vieira Todos os meus amigos sabem que, desde há algum tempo, assentei arraiais na Ericeira. O ar do mar faz-me muito bem. Mas antes de cá viver, sempre cá passei grandes temporadas. Já vivi na Rua de Baixo, já vivi no Largo da Anadia, etc, etc… Ou seja : praticamente todos me conhecem e eu conheço toda a gente. Um desses meus grandes amigos, de há muitos anos, chama-se Mo. Deve ter mais nomes, claro, mas é do Bangladesh e esse é o…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Um agradecimento aos tios
Um agradecimento aos tios Por Alice Vieira As tias que me criaram tinham uma paixão mórbida pelos mortos. O tipo podia ter sido um canalha—morria e era um santo. (Como cantava a Juliette Gréco, “os mortos são todos uns tipos bestiais!”). Além disso, para elas era quase um crime deixar morrer os parentes no hospital. Tinham de vir morrer a casa. À nossa, claro. De vez em quando havia um telefonema a avisar: “O tiozinho já vai para aí.” Tios que nem eram tios. Tios que eu nem…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Um conto de Natal
Um conto de Natal Por Alice Vieira Desembrulha o presente que o marido lhe deu e fica muito tempo a olhar para ele, sem saber se há-de rir se há-de chorar. –Que raio de prenda – murmura a filha—Um papel velho numa moldura… Mas quem é que emoldura papéis velhos? Ela não responde. E olha para aquele papel velho, com os nomes escritos todos em maiúsculas,e no fim de tudo, “Madrinha Teresa” e de repente a voz da mãe há 40 anos gritando “claro, esqueceste-te da Madrinha Teresa,…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Bruxas com pão
Bruxas com pão Por Alice Vieira Eu bem me esforço, eu juro, eu prometo e eu faço (agora até parecia a Bárbara Tinoco…) mas não dá : assisto aos jogos de hóquei em patins mas não acho graça nenhuma àquilo. Mas como ? Como é que foi possível? Em tempos que já lá vão, o hóquei era o nosso desporto! Mas qual futebol!, o hóquei aparecia e tudo o mais deixava de ser importante. Lembro-me de estar num cinema e o filme ser interrompido para aparecer no écran…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Bruxas com pão
Bruxas com pão Por Alice Vieira Cada país tem as suas tradições, e isso é uma das riquezas de cada um. Não se encontram em mais lado nenhum, senão em Portugal, as danças dos pauliteiros, o cante alentejano, o vira do Minho, os caretos de Podence, o banho de mar de São Bartolomeu em Esposende—já para não falar dos santos populares e das romarias e procissões por esse país fora. Durante a pandemia tudo deve ter ficado muito abalado, mas esperemos que a alegria inicial regresse. Quero eu…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | No centenário de Matilde Rosa Araújo
No centenário de Matilde Rosa Araújo Por Alice Vieira “Conheci a Matilde Rosa Araújo há 60 anos, e fiquei logo amiga dela”—disse há dias, quando participava por zoom num encontro a propósito do centenário do seu nascimento. Mas houve logo quem me corrigisse o tempo verbal, dizendo que as amizades se escrevem sempre no presente. Mas essa é uma daquelas frases que se dizem sempre quando temos saudades de alguém e queremos apaziguar um pouco os nossos corações. Mas a verdade é que as pessoas desaparecem e vamos…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Doutores Por Extenso
Doutores Por Extenso Por Alice Vieira Todos os meus amigos sabem que odeio que me tratem por “você” (“você é estrebaria”, sempre me lembro de ouvir isto em miúda.) Uma vez, eu estava num restaurante, o almoço estava a demorar e eu perguntei ao empregado se ainda faltava muito. “O que é que você pediu?” Então eu chamei-o e disse-lhe “trate-me como quiser, pelo meu nome, por tu—mas não me trate por você.” Passados uns dias voltei lá–e ele ,“então o que vai ser hoje, minha querida?” E…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | E lá fomos a votos
E lá fomos a votos Por Alice Vieira E pronto, lá se passaram mais estas eleições. Aqui pela Ericeira quase não se deu por isso, a não ser pelos cartazes—e mesmo assim não eram muitos. Adorei aquele que dizia “Vamos libertar Mafra”, com a variante “Liberdade para Mafra” Quando o vi pela primeira vez, até me assustei, palavra de honra! Mafra teria sido invadida e nós não tínhamos dado por nada? E invadida por quem? Pelos Afegãos—a obrigarem todas as mafrenses a andarem de burka? Por extra-terrestres com…
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