A IGNORÂNCIA QUE ANDA POR AÍ Por Alice Vieira Aqui há tempos na esplanada da praia do Sul, na Ericeira, um casal jovem sentou-se na mesa ao lado da minha. Depois de algum tempo em silêncio, de mãos dadas, a olharem para o mar, ele pergunta: “ Por que é que hoje não se come carne?” “ Ouvi dizer que era porque que hoje é dia da Quaresma”” “E que é isso? “ “Sei lá. Parece que é um ritual que existe na China” E a conversa acabou, ambos…
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Crónica de Alice Vieira | Feliz dia da mãe
Feliz dia da mãe Por Alice Vieira Ao que parece o Dia da Mãe é agora por estes dias. Pelo menos há anúncios que nunca se cansam de o repetir para ver se conseguem impingir uma pulseira de oiro e pedras preciosas pela qual só temos de pagar 10 Euros por mês—só não diz é durante quantos meses… Adiante. Mas para mim, o Dia da Mãe foi, é, e há-de ser sempre a 8 de Dezembro Não quero cá saber das decisões europeias nestes assuntos. Agora nunca tem…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | E viva o teatro
E viva o teatro Por Alice Vieira Todos devem ter sabido da homenagem que foi feita ao actor Ruy de Carvalho na Casa da Cultura da Ericeira. E nessa altura eu pensei que, em miúda, andava sempre nos teatros! E que bom que foi! Que bom que foi ter conhecido então a Amélia Rey Colaço (ela também gostava muito de mim e era ela que às vezes me telefonava para eu ir a sua casa), a Marianinha (era assim que toda a gente chamava à Mariana Rey Monteiro),…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | A minha biblioteca
A minha biblioteca Por Alice Vieira As tias que me criaram tinham uma paixão mórbida pelos mortos. Em vida podiam ter sido uns trastes—morriam e transformavam-se em santos.Elas até tinham um irmão a que não falavam— depois de morto, iam todas as semanas ao cemitério pôr-lhe flores na sepultura. Ah, e ninguém da família podia morrer num hospital! Assim que estavam muito mal, iam para nossa casa. Sempre me lembro de haver, no quarto ao fundo do corredor da minha casa, um tio doente. Muito doente. Moribundo. Morto.…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Três ou quatro anos
Três ou quatro anos Por Alice Vieira Nestes últimos tempos tem-se falado muito de cancro. Ainda há poucos dias houve um enorme documentário sobre o assunto na televisão. Eu tive um cancro da mama. Fui operada e quando saí do hospital fui falar com o médico e — como sou sempre muito prática — perguntei-lhe quantos anos teria mais de vida. Ele evitou dar-me a resposta, que era difícil de dizer, mas depois lá me disse que o meu corpo estava cheio de metástases, que eles tinham tirado…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | As mulheres da minha vida
As mulheres da minha vida Por Alice Vieira Todos conhecem os homens da minha vida, mas ninguém conhece as mulheres. Mulheres que foram muito importantes para mim. Na minha infância e na idade adulta. Vou começar por ordem cronológica, ou seja, desde a minha infância até agora. São cinco. 1—A minha tia Aurora. Cai-lhe no colo tinha eu 4 anos. A tia com quem eu vivia tinha-a contratado para ela me ensinar inglês, mas passado pouco tempo, estava a tratá-la como se ela fosse criada-o que fazia sempre…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Um concerto memorável
Um concerto memorável Por Alice Vieira Já alguma vez foram ao Cabo da Roca? Deviam ir. Dão-vos um diploma, a comprovar que estiveram no cabo mais ocidental da Europa, e tiram-vos uma fotografia onde isso está assinalado. Por acaso ainda lá não levei os meus netos, mas tenho de os levar: uma coisa de que nenhum país onde eles estudam se pode gabar… E depois temos Cascais mesmo ali ao lado. Sempre gostei muito de Cascais. Até escrevi um livro sobre Cascais. Chama-se “O Promontório da Lua”. É…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Bom Ano!
Bom Ano! Por Alice Vieira Antes de mais, bom Ano! Quando eram pequenos, os meus netos viveram muitos anos em Inglaterra, mais exactamente na cidade de Leicester Quando chegou a altura de a minha neta mais velha ir para a escola, o meu filho viu que uma das disciplinas era Religião. Ficou logo de pé atrás — país predominantemente protestante… — e foi à escola ver do que se tratava. Afinal não era Religião, mas sim História das Religiões. Os miúdos aprendiam tudo sobre as diversas religiões, a…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Tempo de Festas
Tempo de Festas Por Alice Vieira Nestes tempos de festas, há quem aproveite para viajar, (sempre têm uns dias de férias), há quem fique em casa com a família, como dizia a minha avó Gertrudes, cada um é como cada qual. Antes da pandemia eu não parava em casa. Agora, o mais longe que fui foi a Torres Novas, onde vive o meu filho. Ericeira-Mafra-Lisboa e já me chega. Lembro-me que, em miúda, também viajava muito: o tio que me criava adorava visitar países diferentes — e sempre de…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Lembram-se de Max?
Lembram-se de Max? Por Alice Vieira Aqui há dias apareceu-me aqui, na esplanada da praia um rapaz, (muito simpático, foi buscar o café dele ao balcão e trouxe também o meu para a minha nessa) que me disse chamar-se Max. Eu sorri mas ele nem reparou, e ainda bem. Sorri porque de repente me lembrei de um cantor deste país, tão conhecido e de quem eu gostava tanto mas de que agora muito poucos se lembrarão. Refiro-me a Maximiano de Sousa, mais conhecido por Max—que morreu em Maio de…
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