[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] O Anjo Alice Vieira Naquele tempo os homens da Costa Nova saíam cedo de casa e demoravam muito a regressar. Iam todos para a pesca do bacalhau, lá nos confins do Mar do Norte, e as mulheres ficavam com todo o peso da vida às costas—a casa, os filhos, os parentes velhos, e ainda a pequena horta de que era preciso tratar. Eram mulheres fortes. Havia mesmo quem dissesse que eram mulheres duras, sem voz nem vagar para um carinho, um mimo, um afago. As crianças…
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Crónica de Alice Vieira | O meu Pai Natal
[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] O meu Pai Natal Alice Vieira O Pai Natal é um velho de barbas brancas, que vem num trenó puxado por muitas renas, e deita os presentes pelas chaminés abaixo. Mesmo nos prédios de muitos andares, que não têm chaminé. É esta história que faz as delícias de miúdos e graúdos e em que, evidentemente, nem miúdos nem graúdos acreditam—mas fazem muito bem de conta. Porque é esse o papel que se lhes pede: que representem nesta altura Devo dizer, no entanto, que, na minha infância,…
Ler maisCrónica de Alice Vieira – Recordações de Novembro
[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] Recordações de Novembro Alice Vieira Talvez tenha sido por causa desta chuva, deste mau tempo, destes dias cinzentos com a noite a ameaçar às quatro da tarde, ou talvez não tenha sido por nada disso—o certo é que ,ao começar a escrever esta crónica, dei comigo a recordar duas datas ainda e sempre muito dolorosas para mim. Por motivos diferentes, e a magoarem também de maneira diferente. No dia 30 de Novembro de 1975 morria, no Brasil, Erico Veríssimo. É provável (é quase certo…) que este…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | A propósito de orquídeas
[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] A propósito de orquídeas Alice Vieira Com toda a gritaria que vai por aí, com a prisão de Bruno de Carvalho a tomar de assalto todas as estações de televisão (e notícias perfeitamente bombásticas, tipo “acordou às 7 horas” , ou “sai da cela para fumar”…) decidi impermeabilizar ouvidos e olhos a todo o arraial e ficar a olhar para as minhas orquídeas. Qual Nero Wolf das Avenidas Novas. Claro que hoje já ninguém sabe quem era o Nero Wolf. Os ingénuos romances policiais, de detectives…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Falando de cafés
[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] Falando de cafés Alice Vieira Mário de Sá Carneiro escreveu um poema—talvez dos mais conhecidos—dedicado à sua mesa de café. ”Minha mesa no café/ quero-lhe tanto…A garrida/ toda de pedra brunida/que linda e fresca que é // Sobre ela posso escrever/ os meus versos prateados/ com estranheza dos criados/que me olham sem perceber….” E por aí fora. Lembrava-me sempre destes versos de cada vez que me sentava à mesa do “Toninho”,o café mesmo em frente da minha casa. Também eu queria muito à minha mesa—embora fosse…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Amor com Amor se Paga
[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] Amor com Amor se Paga Alice Vieira Por esta altura, mas há dez anos, eu estava na Suécia. Mais exactamente na Feira do Livro de Gotemburgo. Eu ia receber um prémio pela edição sueca da “Flor de Mel”, e outros autores portugueses também por lá andavam, cada qual com os seus motivos. Entre eles o Richard Zimler, a apresentar a edição sueca de um dos seus livros. Não se pode dizer que a adesão do público à minha presença ali e ao meu livro estivesse a…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Fim do Ano em Outubro
[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] Fim do Ano em Outubro Alice Vieira Nunca me lembro de ter pensado no mês de Dezembro em termos de fim do ano. Para mim, durante anos e anos (e um pouco ainda hoje, em função do trabalho que faço) só havia anos lectivos e, nos meus tempos de criança e adolescente o ano começava em Outubro e acabava em Julho – e entre eles seguiam-se uns meses de ninguém em que nada acontecia, a não ser umas leves e brevíssimas paixonetas, uns quilos a mais,…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Um Curso Superior
[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] Um Curso Superior Alice Vieira “Ó Professora, que prazer levá-la no meu táxi!” Depois de um dia de muitas andança—e no meio deste calor que não se aguenta…– agrada-me ser recebida tão efusivamente, embora emende logo o tratamento, e diga que não sou professora, que nunca fui professora, mas ele ri-se e diz “claro que é, então eu não sei!, até já foi à escola dos meus netos!” Tento segunda vez mas ele continua a rir e eu acabo por desistir, enquanto ele fala, olhando de…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Caracas, há 14 anos
[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] Caracas, há 14 anos Alice Vieira A actual situação na Venezuela tem trazido à minha memória aqueles dias de 2004 em que aterrei em Caracas, convidada pelo Instituto de Cultura Portuguesa para falar no 10 de Junho. Eu nunca tinha visto um aeroporto assim, as malas batendo umas nas outras, e funcionários tentando equilibrar-se pelo meio dos corredores rolantes, pegando nelas e perguntando, aos berros, a quem pertenciam, e atirando-as a quem afirmasse, também aos berros, ser o dono. Se não fosse ter aparecido o Sr.…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Os livros certos
[sg_popup id=”24045″ event=”onLoad”][/sg_popup] Os livros certos Alice Vieira Era um fim de tarde de conversa mole, numa esplanada minúscula, mesmo à beirinha da rua, destas que agora se descobrem a cada esquina da cidade para combater a proibição de fumar no interior dos cafés. Ao meu lado uma criança morria de aborrecimento, até porque o calor não convidava a grandes exposições quietas ao sol. Torcia-se na cadeira, batia com as mãos na mesa, tentava escorregar e sair, mas a voz da mãe lembrava-lhe que na rua passavam carros e era…
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