Crónica de Alexandre Honrado O GLOBAL — como opção O medo e a muito vulgar incapacidade de lidar com o desconhecido fazem incorrer em extremos. Esse tipo de radicalização afasta, invariável e inevitavelmente, o ser humano do seu semelhante. Ficamos nós e sós. Ilhotas solitárias perdidas no temor, em presença de outros que tomamos por inimigos quando são apenas desconhecidos. Noutras épocas, por exemplo, inventou-se a palavra “exótico” para enfeitar aqueles que temíamos, não compreendíamos, nos agitavam e confundiam. Hoje, recorremos a vocabulários mais brutais e formuladores de exclusões…
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Crónica de Alexandre Honrado | Eleições (2) – O Balancé
Crónica de Alexandre Honrado Eleições (2) — O Balancé Quando acaba um campeonato nacional, I Liga, ou outro com nome alternativo, só há lugar no pódio para um vencedor, nem que o desempate venha por golos marcados e sofridos, em comparação, ou por um sistema qualquer que faça jus ao premiado. Em política não é muito diferente. Não sei se a imprensa já notou, mas há um vencedor — o PSD, ou seria mais correto dizer o Professor Marcelo — e muitos derrotados. Há um partido que, por equívoco,…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | Eleições – A travessia do canal do soez (soez, sim, não é gralha)
Crónica de Alexandre Honrado Eleições — A travessia do canal do soez (soez, sim, não é gralha) Os candidatos não são maus. São reflexos. Alguns são mal-educados e outros ordinários, repulsivos, de uma falta enorme de ética, cultura, tento na língua. Alguns enganaram-se na porta e entraram na porta do açougueiro e deram-lhe a mão, não suspeitando que em breve ele os tomará como enchido, carne moída, bifana ou fressura. Ouvi há dias o filho de um dos candidatos, que creio ter uns seis anos, ou próximo disso, a…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | Fazer abril (em março)
Crónica de Alexandre Honrado Fazer abril (em março) “A porta da justiça é o estudo” Walter Benjamin. Há quem não goste de estudar e há quem não veja qualquer impedimento em estudar todo o tipo de matérias. Aprender confere ao indivíduo o bem-estar de libertação. Se o mundo interior for livre, muito mais facilmente se aspira à liberdade do mundo exterior, que se conquista pela determinação, persistência e sapiência. Todavia, o que se aprende deve ser escolhido de modo a não constituir um sedimento nefasto, que é o…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | Sobre a ideia de crença Em hora de ameaças
Crónica de Alexandre Honrado Sobre a ideia de crença Em hora de ameaças Numa altura em que fundamentalistas extremistas organizam manifestações antirreligiosas, como se isso fosse coisa natural ou edificante, numa altura em que o fascismo nunca vencido resolveu medir forças com o progresso e a esperança, numa altura de luto, acredito ser obrigatório resgatar a cultura e a inteligência, organizar forças que se deixaram amolecer por se julgarem intocáveis, e preparar aquilo que somos para aquilo que devemos ser. Revisito em texto já datado; foi produzido para um…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | História transtornada
Crónica de Alexandre Honrado História transtornada Assistimos ao triunfo de uma barbárie que age em nome de uma aparente lealdade e que, todavia, não é mais do que uma nova dimensão do crime organizado, dos grandes negócios de armas e dos narcotráficos e dos interesses de países poderosos que, em tempo de crise, relançam as suas economias com a desfaçatez dos objetivos — e a ignorância do que é humano na jornada. Os deuses, todavia, ficam imunes ao que os homens fazem em seu nome. Permanecem vivos mesmo quando os…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | Nada se compara com o meu cantinho
Crónica de Alexandre Honrado Nada se compara com o meu cantinho Ganhei o (estranho) hábito de me sentar em cantinhos bem iluminados. É fundamental que sejam bem iluminados, esses cantinhos, e a razão para essa exigência é muito simples: regra geral faço-me acompanhar de livros, artigos de revistas, fotocópias e apesar de ler bem sem óculos, a luz devida tem de acompanhar-nos. A esse hábito acresce a sua motivação: é em cantinhos iluminados que as ideias se revelam e da escuridão – zona habitada pela profundidade – pode muito bem…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | Conto de Natal
Crónica de Alexandre Honrado Conto de Natal “Era uma vez… Era uma vez a minha pessoa, pequena e cheia de sonhos, que se chegava ao Natal em bicos de pés, a perguntar com os olhos: será que há uma prenda para mim? Mais do que gostar de prendas, eu gostava das histórias da avó Ana. Eu nasci há tantos anos que nessa altura as histórias tinham mais valor: as pessoas contavam-nas com um grande respeito. A música de Natal já andava pelo ar, as pessoas sabiam canções de cor…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | Um texto em paz
Crónica de Alexandre Honrado Um texto em paz A guerra – um dos tipos de assassinato cometido em nome de Estados – continua a ser prática corrente e recorrente numa civilização enferma, onde o cometimento dos excessos contra a dignidade humana parecem ter mais êxito do que a diplomacia, a proximidade, a solidariedade, a mescla, únicas ações concretas que podem conduzir à sobrevivência do que há de efetivamente humano na Humanidade. A cultura da morte mantém-se com intensidade, vão oferecer-se às crianças muitas armas neste Natal, muitos jogos onde…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado | É uma questão de sobrevivência, diria.
Crónica de Alexandre Honrado É uma questão de sobrevivência, diria. Duas ideias, pelo menos, inscreveram-se nas minhas próprias formas de pensar. Foram captadas da mais recente visita de Edgar Morin, o sábio, a Portugal – em setembro deste ano corrente de 2023- , que as legou com a altivez de uma cultura acumulada em 102 anos de vida intensíssima, contrariada pela modéstia com que se partilha e encanta. Quero resgatá-las, antes que a inevitável destruição da memória imponha a angústia de um esquecimento irreparável. Eu, que sempre pensei dedicar-me…
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