O Tempo que avança
Está passado já um mês neste Reino. Muitas coisas a acontecerem. A vida que não pára. Esta vida, que teima em copiar o mar. vão partindo e chegando pessoas. Vão e vêm afectos, ternuras, beijos e abraços. Há sempre coisas que faltam. Dores vadias. Pânicos que se instalam.
Os livros que se vão lendo. Os textos que se vão escrevendo. Textos que vão variando com o tempo. A calmaria e o terramoto. Uma amálgama de sentimentos que nos habita.
Sucedem-se acontecimentos em catadupa. Prisões de políticos, buscas e sentenças avassaladoras, moções de censura, a política vedeta de programas e programas de televisão. A defesa e o ataque, o contra-ataque. Algumas jogadas fatais.
A praia com mais gente. O sol mais forte. O tempo a querer dar um ar da sua graça. As esplanadas cheias. Já estão a preparar os ecrãs para o mundial de futebol. Passada a vitória do Madrid, novos jogos se esperam. As esplanadas vão começar a encher. As várias claques, dos vários países, estão já a postos. Isto é um mundo.
Mas como isto não é só futebol, escrevi um texto que me saiu das entranhas. Não me preguntem porquê. Saiu assim:
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Entrar no âmago dos sentimentos. Mergulhar num inferno anunciado. Todo o corpo a estremecer. Os sinais vitais a alarmarem as consciências. Uma vida que já perdemos e continua a viver em nós. Querer saber do que, há muito, deixou de existir e quase morrer num vazio desencantado.
Lembrar tudo. Não conseguir limpar a memória. Saber da dimensão do gostar, da ternura de algumas coisas, do sabor de tudo o que nos foi oferecido, do quente e do frio, do fim de tudo. Do que nunca teve início. De repente um terror imenso. Um gelo. “O rigor mortis.”
Olhar para nós, para a nossa vida em sobressalto, para o permanente desgaste sem sentido. Uma roda dentada. Uns dentes desconhecidos que mastigam verdades e cospem mentiras. Rodas que não param. Uma correria assassina!
Dar a volta à vida!
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Há coisas que não têm explicação. Não há explicação para este texto no meio disto! Ou haverá?
Assim, destes interregnos, é feita a vida. Somos uma caixa ambulante de pensamentos. Viajamos com eles e viajamos em nós. Um rodopio de aventuras. O encanto e o desencanto. A festa da vida e o medo da morte.
Entretanto as espreguiçadeiras azuis vão enchendo. Corpos virados para essa luz imensa que nos dá vida. Depois o mar e logo regressarão. Os corpos com areia, sal e sol. A pele mais escura. Continuo a encontrar amigos e amigas que ainda não tinha visto. Este novo tempo os trouxe.
É tudo isto que faz com que intercale textos dentro de textos. Uma errância de escrita. Como errante é tudo o que nos rodeia e toca.
Assim se vive aqui como noutro sítio qualquer. Uma intermitência de sentimentos. As pessoas queridas que chegam e as que faltam. As conversas sempre em atraso. Nunca nenhuma conversa está acabada. Um pouco como quando olho para a onda que rebenta e a vejo ir de novo. Que vida é a sua?
Sei que a Isaurinda está bem. Que está atenta ao que eu faço e sinto. Gosta que lhe fale. Que lhe preste contas. Sempre preocupada comigo. Consciência de que eu não prescindo. Minha outra vida. Aquele pano na mão.
Saudades desde o Reino.
Jorge C Ferreira(Reino de Valência) Junho/2018(172)
Que maravilha de texto, meu amigo! O teu sentir, que é o meu, também. A vida a passar e o inquietação a aumentar… Um grande abraço, Jorge.
Obrigado Manuela. Que bom ter aqui a tua voz. Abraço
Belo texto, sempre iquieto, mas sempre delicioso dd ler….
Notícias desse reino e dessas vivências tão fantasticas e ao mesmo tempo tão comuns…..
Grata Jorge….faz-me sempre viajar e passear por esses mares e essas esplanadas….
Um abraço!!!
Obrigado Raquel. Muito gratificante o seu comentário. Abraço
Inquietação do ser humano. Estar bem onde não se está. Sentir o que se não vê.
Estes textos explicam o inexplicável. Perfeitos!
O tempo teima em correr. Há dias em que deixa uma brisa suave. Outros, um vento forte, um turbilhão que nos arrasta.
Ouço a voz sábia de Isaurinda. Diz-me aquilo que tento fazer. Vive o momento presente. Tudo está tranquilo.Deixa o tempo avançar!
Obrigada pelas mensagens tão belas que os seus textos transmitem.
Obrigado Eulália. A inquietação permanente. Um estar e não estar. O tempo que vai. Abraço
Quão belo texto de sentimentos de afectos , de cor, de mar, de ir e de voltar. A vida em movimento. O amigo de corpo e alma. A sua deliciosa escrita que nos enche a Alma. As saudades da Isaurinda com o seu pano na mão. Este seu outro Reino que o aguarda. Um abraço amigo com muito carinho e admiração.
Obrigado Ana. Que bom que gostou. Muito grato. Abraço
O “interregno” está lindo. Toca as entranhas (Que sentido para a vida?). Texto óptimo
Obrigado Isabel. Pensar sempre e apesar de tudo. Abraço
Obrigado Isabel. Sempre e apesar de tudo um tempo e um rspaço para pensar. Abraço
Jorge, meu querido amigo, a querida Ivone e a querida Ana conhecem-te bem. É assim que eu também sinto ao ler este texto e nada mais me atrevo a acrescentar. Obrigada por seres assim. Um beijo meu para ti e outro para a Isaurinda.
Obrigado Cristina. Amiga generosa. Que bom sentir esse sentir. Abraço
Nada acontece por acaso.
Pessoalmente não acredito muito em coincidências…por algum motivo o texto está lá…
No meio do turbilhão a que chamamos vida, há amor, afetos, amigos…”há mar e mar, há ir e voltar”.
Continue a “gozar” o Reino.
Obrigado Idalina. Por aqui vamos navegando. O mar e os destroços de tudo e de nada. Abraço
Olá querido amigo. Já há um mês que partiste para junto do teu mar, para equilibrares com a sua presença alguns sentimentos. quantas vezes contraditórios que, como dizes, te procuram. Tantos acontecimentos por aí e por aqui. Antes fossem só discursos de futebol, mas são ainda mais preocupantes. Mas começam a chegar amigos e quanto consolo nos beijos e abraços que sabemos sinceros. Mas há algo que te inquieta. Sinto-o. E cá está um texto teu que dizes ter surgido. Para mim abriste uma gaveta que, por certo, nunca esteve bem fechada. Nela guardas o mais íntimo, sentimentos e experiências vividas, os amores e desamores, o escuro e o claro, ou até o Sol que ilumina e a escuridão que te aperta o peito. Jorge, meu amigo/ irmão, ” dar a volta à vida “, dizes. E porque não, se essa volta te trouxer a tranquilidade.? Tens muitas amigas/os que te querem muito bem. E sabes que há alguém, acredita que há, que te gosta assim como és, sentimental como os meninos mimentos. Tão bom o mimo que guardamos, quando nos falta, mesmo que não saibamos os porquês.. Vou com a Isaurinda e o seu pano, vou descobrir o que te amargura e lutar contigo para que ” dês a volta à vida “. Beijinhos desta tua amiga/irmã.
Obrigado Ivone. Tão bom ler o que escreveste. Tão gratificante. Só vou agradecer miito momha amiga/irmã e pedir que teleoam. Abraço
“Dar a volta à vida” uma bela crónica! Excelente. Adorei mas não tenho palavras para comentar. Obrigada amigo. Um abraço.
Obrigado Esmeralda. Já comentou e eu estou grato. Abraço
Uma vida vivida a tempo inteiro. Os sentidos sempre em alerta. O permanente e eterno desassossego. A inquietação consentida…és tu, meu amigo. Tu de corpo e alma.
Obrigado Ama. Tão bom ter as tuas palavras neste espaço. Viber é preciso. Abraço
Nunca nenhuma conversa está acabada … no reino tudo vai e volta como o nar. Continuação. Bom descanso.
Obrigado Isabel. Por tifo esta m ps aqui a conversar e vão ficar palavras por dizer. Que bom que gostou. Abraço
Obrigado. Célia. O mundo e os somhos. Os nossos reinos de viber. Este ponto de emcontro. Até sempre. Abraço
Uma mão cheia de tudo com tudo o que faz falta:Mar,cores,e, afectos ambulantes.Chegam e partem e tornam a regressar.Pelo que me apercebo é um reino de magia e próspero em amizades que dão e recebem sem nada em troca.Diria,um reino quase perfeito.O perfeito é feito por cada um que se preste a viajar até aí a esse arco íris onde a varanda é a tela do meu amigo viajante do tempo.Abraço grande meu amigo.Até…sempre, neste mundo de escrever sentimentos.