Crónica de Jorge C Ferreira
O Medo
Quando vejo na televisão um “travelling” por aquelas ruas vazias das cidades. Um homem a atravessar uma rua estreita tentando passar despercebido. Cidades fantasmas. Gente perdida. Quando nos mostram as prateleiras dos supermercados vazias. Quando uma fila de gente ordenada, passa à nossa frente, de máscaras e luvas. Estamos perante quê?
A mim vêm-me à memória filmes de ficção científica que sempre tomámos como tal. Estamos prestes a chegar à pandemia do medo? Depois de instalado é de esperar o pior. Há os que se preocupam mais com a economia, a sua economia, que com a saúde das pessoas. Já se começou a falar no refúgio do ouro. Perante todos estes sinais cresce, no homem comum, o instinto de sobrevivência. Já vimos do que o homem é capaz. O salve-se quem puder, a solidariedade a bater asas.
A crise que se aproximava é natural que acelere a sua vinda. O turismo a decrescer. Os hotéis, as companhias de aviação, as agências de turismo, as companhias de cruzeiros a perderem clientes. Todas estas notícias em cima do acontecimento, todas estas imagens de cidades fantasmas vão ajudar a tal. Temos direito a ser informados? Temos, todo o direito. Mas devemos ser informados com o comentário de gente informada e sabedoras do assunto. Devíamos ter um espaço com um especialista que nos informasse sobre todos os passos. Uma pessoa em que as pessoas acreditassem. Uma pessoa que se tivesse imposto pela sua integridade.
Evitemos a pandemia do medo. Há gente que vive destes momentos. Que faz os seus negócios milionários à custa das crises e do medo das pessoas. Temos de dizer não a esses oportunistas. Os cartoonistas sabem como os representar através das suas caricaturas, por vezes, ferozes. O humor é uma grande arma. Mas, a informação é essencial. Os estados devem organizar-se, desde já para esta fase. A pouca confiança dos cidadãos nos políticos não ajuda. Temos de exigir que o nosso dinheiro seja bem aplicado, que defendam os mais desprotegidos. É tempo de ter coragem contra os poderosos.
Sei que estou hoje a falar disto e que no dia em que a crónica sair tudo pode ter mudado. Mas é isto que sinto neste momento. Todos sabemos que não temos toda a informação. Sabemos da falta de mapa para os sítios remotos. Sabemos que não há estradas para todos os lugares. Mas, do modo como os povos se movimentam no mundo actual, tudo é possível.
Vou-me repetir, mas tem que ser: vamos ser exigentes, vamos escrutinar todas as medidas que tomam por nós. Não calar a indignação. É sempre tempo de nos afirmarmos inteiros.
«Sabes, estou com medo desta coisa. Não me sinto bem.»
Fala de Isaurinda.
«Compreendo que o tenhas, mas acho que não tens motivo para isso, estás forte e saudável.»
Respondo.
«Sim, sim. Quantos saudáveis morrem todos os dias????»
De novo Isaurinda e vai, a mão a afastar todos os males.
Jorge C Ferreira Março/2020(241)
Poder ler (aqui) as outras crónicas de Jorge C Ferreira.
Esperemos, esperançados que o vírus não nos bata à porta!
Este e outros que nos tiram do sério sem saberem ler nem escrever!
Malditos sejam eles; mas é o destino!
Um abraço, Jorge!
Obrigado António. Vamos tomar os cuidados necessários e não entrar em pânico. Abraço
Ó Jorge fazes-me lembrar o Trump.
Obrigado Pedro. Creio que me tresleu. Sei que o virús existe. Sei que se vai expandir. Mas sei que entrar em pânico não resolve nada. Abraço.
Parabéns por esta excelente crónica.
Vamos evitar situações de alarmismo.
Vamos encarar com a maior tranquilidade possível.
Vamos evitar a “pandemia do medo”
Abraço, querido Jorge
Irei partilhar
Obrigado Cristina. Sim é isso que dizes no essencial. Abraço
Excelente crónica. Não podia ser mais actual, embora os números e estatísticas mudem a toda a hora.
O pior vírus é o medo. A preocupação é geral, mas as notícias alarmistas tal como são divulgadas ultrapassam tudo o que é normal.
Temos que estar atentos.
Obrigada meu amigo por este alerta.
Um abraço.
Obrigado Eulália. Dizer não aos alarmismos. Tomar todos os cuidados. Abraço.
Que belo e esclarecedor texto
Que belo e esclarecedor texto, caro amigo. Parabéns!!
Obrigado José. Que bom que gostou. Abraço
É legítimo sentirmos inquietação, pelo desconhecido. A informação isenta de valores, interesses fabricados. O pânico é valioso. Interessa a alienação do povo, o mesmo que se desloca em busca do conhecimento. Valorizo a tua frase “o salve-se quem puder, a solidariedade a bater asas”. Sabes, Jorge como entendo a Isaurinda. “O Medo”, dá muito medo. Abraço grande.
Obrigado Regina. Importante e lúcido o teu comentário. Abraço
Querido amigo, mais uma bela crónica. Na ” mouche “. Que tempos estes que estamos a atravessar.! Olhamos e ouvimos os meios de comunicação, jornais, televisão, rádio e é um susto. Num instante, estamos a ser actores de locais estranhos, peões de Cidades fantasmas, meios de transporte que passeiam, vazios, alguma gente que, de rostos inquietos e vazia de confiança, se olham entre si com medo, o medo que tão bem descreves na tua crónica.. É humano, mas muito negativo. ” Eles ” sabem quanto o pavor paralisa . Afastam-nos uns dos outros. Cresce a desconfiança.. A tua crónica caiu no meio do susto. Dizes, muito bem,” para não deixarmos de nos indignar.E, que bela frase, a tua: ” É sempre tempo de nos afirmarmos inteiros “.. E é, em conjunto, que lutaremos contra o Medo. À Isaurinda diz que adorei a tua crónica Beijinhos querido amigo.
Obrigado Ivone. Minha Amiga/Irmã. Que importante o teu comentário. Um texto imenso. Abraço