Desaguo numa imensa sombra
por Jorge C Ferreira
Escrever um livro, foi coisa que adiei sempre. Mais de dezasseis anos. (Tenho testemunhas). Achava que só valia a pena escrever se acrescentasse alguma coisa. Esta premissa, que é correcta, tem, no entanto, um erro de base. Só quem lê o livro pode ajuizar de tal facto.
Um livro depois de pronto e depois de entregue aos leitores nessa sessão a que se chama lançamento e eu teimo em chamar entrega, é deles. Cada leitor faz a sua leitura e toma conta do livro. Um novo livro nasce em cada leitura. A multiplicação da escrita. Claro que o autor é sempre quem o escreveu, mas o dono do que foi escrito é o leitor. É ele que interpreta, que sonha alegrias e desalentos, que faz o fim e o início de tudo.
Todos os livros têm princípio e fim. Podem é não começar na primeira página e acabar na última. Muitos nem têm a palavra fim. Há livros que se podem ler de qualquer modo. Podemos saltar capítulos e voltar atrás. Muitas vezes é assim que refazemos a estória que não existe. Uma aprendizagem da vontade de ler e escrever. Um exercício com muitas valências. As aulas com o Mestre presente em cada palavra.
O livro que tem o título desta crónica foi escrito por mim e devido a esta situação que nos cansa, devido a este tempo danado, foi entregue aos leitores via internet (Zoom). Lá estiveram os amigos e apareceram outros que nos deram uma alegria imensa. Vamos resistindo. Vamos sobrevivendo. Parecemos outra gente. Coisas que foram crescendo dentro de nós. Irão ficar? Nunca iremos esquecer este tempo. Temos de ter coragem e sorte. O bicho tornou-se monstro e nós gente sempre indefesa por mais cuidados que tenhamos. Há sempre uma distracção. Os malvados aproveitam qualquer falha. Foram criados para isso.
Este livro foi um modo de demonstrar a minha vontade de resistir. A minha vontade de dizer que continuamos a escrever e a sonhar. Que andamos por cá. Que os livros são parte da nossa vida. Que muitos deles nos formaram e transformaram. Que um livro pode ser um farol. Pouco escrevi de novo. Fui buscar coisas do século passado. Fui percorrendo a vida, a vivida e a desvivida, atravessando avenidas que já não são as mesmas, frequentei cafés que desapareceram. Foi um exercício estranho que obrigou a minha editora a trabalho extra. Obrigado Virgínia. Obrigado Poética.
É um livro sem caminhos pré-definidos, é um livro que se pode abrir em qualquer página e ler. Depois ir para a frente ou para trás. É verdade que tem uma dedicatória, um prefácio da Virgínia do Carmo (lindo!), um prólogo, um epílogo e os agradecimentos. Tudo o resto são poemas que fazem o seu percurso sozinhos. Cada um tem um tempo, um estar, um feitio, uma estrutura. Penso que a minha fala está lá.
Não vos vou dizer para comprarem este livro. Este foi apenas o exercício de alguém que escreveu um livro de poemas.
«Olha que o livro está muito bonito.»
Fala de Isaurinda.
«Obrigado. Prometo que vou lê-lo para ti.»
Respondo.
«Espero que sim, só faltava!»
De novo Isaurinda e vai, um sorriso na mão aberta.
Jorge C Ferreira Dezembro/2020(281)
Publicou a sua primeira obra literária em 2019, “A Volta à Vida À Volta do Mundo” – Poética Editora 2019. Participou no livro de homenagem poética a Paul Celan – A Norte do Futuro. Editou em 2021
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Obrigado Cristina. Que bom ter conseguido abraçar-te com palavras. São os afectos que tardam. Vais receber o meu livro e depois me darás a tua opinião. Já estou ansioso.
“De novo a Isaurinda e vai, um sorriso na mão aberta”.
Gostei muito deste final, transparecendo um sentimento que a boca não disse! Que bonito!
Bom Natal e um Feliz Ano Novo com saúde e sem confinamentos1
Vamos matar o bicho!
Um abraço, Jorge!
Obrigado António. Festas felizes. Enorme Abraço.
Este livro é obra do Poeta, sensível, atento, resistente.
É uma pérola que trouxe luz aos tempos difíceis que vivemos.
É a escrita única que se descobre em cada página. A mensagem à medida de quem a lê.
Lê-se hoje, amanhã e depois. Abre-se o livro ao acaso e sente-se a alma do poeta.
Extraordinário, meu amigo. Continue a resistir e a escrever.
Um grande abraço.
Obrigado Eulália. Que felicidade sinto por gostar do meu livro. Bou tentar resistir para continuar a escrever. Abraço enorme
O livro de emoções. Poemas que visto, enquanto releio. O teu livro nunca está lido. Como dizes escreveste o livro e foi publicado num tempo que é um aconchego à alma. Estamos carentes de partilharmos afectos. O livro do Jorge Carvalho Ferreira, multiplica-se sim. Cada um de nós vive um poema de forma diferente. À semelhança de um quadro, um bailado e outras artes têm um dono. Porque é um livro bonito e sou tua amiga de há anos, sinto-me feliz e muito orgulhosa. Quem não comprou o livro deverá fazê-lo também pelo bem que nos faz. Um abraço imenso e vamos lá enfrentar o monstro.
Obrigado Regina. Que bom o que dizes. Se o livro leva os afectos de que estamos carentes. Então isso deixa-me duplamente feliz. Abraço Grande.
Obrigado Regina. Que bonito o que me dizes. Que seja o aconchego das “almas” que se sentem perdidas neste tempo. Abraço enorme. Vamos
Foi um prazer receber um livro de alguém que muito as admiro. São poemas! Li pouco, gosto de ler devagar e voltar atrás, saborear o que li. A sua escrita é linda, uma escrita com afecto, doce e de beleza ímpar. Mesmo quando escreve prosa, encontro-lhe sempre um toque de poesia. O livro é lindo meu amigo, diz que o fez com muito amor e assim o entrega. Vai ser nosso, obrigada. Vou continuar a ler, mas creia que o tratarei com carinho. A poesia merece, querido poeta. Grata por esta pérola. Abraço meu
Obrigado Maria Luiza. Primeiro pela sua presença neste espaço que é, para mim, uma imensa alegria. Depois a forma generosa que faz do meu livro. Espero que este livro se torne seu companheiro. Abraço imenso
Muito obrigada, pelas suas sempre simpáticas palavras. Eu é que benefício sempre da sua escrita que generosamente me oferece. O seu livro já é o meu fiel companheiro. Escrito por o meu amigo Jorge C. Ferreira. Grata sempre . Abraço imenso.
Há dias assim, muitos que se repetem demasiadas vezes. Perdi as palavras, ou as vogais que num bailado de “Quebra Nozes” ficaram paradas sem saberem como concluir um raciocínio. Há dias!…
O teu livro tem a existência da alma, talvez a tua, exposta com muita dor, ou dores, amores, viagens, e, muito além do teu espirito de errância. Gostei de o ler de rompante, coisa rara em mim, mas, confesso, que agora leio-o com a calma das horas tardias quando o sono se escapa e deixa-me numa aparente calma que me faz ir ao encontro das tuas palavras. Obrigada meu muito amigo. Abraço!
Obrigado Cecília. Que bom gostares do meu livro. Essa errância de poemas escritos em diferentes tempos. Como gosto que gostes.
O prazer de receber um livro da autoria de alguém,, mais do que amigo, também irmão. Selámos esse parentesco de afecto com um abraço nunca esquecido. Acredito que tenho a soberba de que te conheço de ” alguma outra vida “. Leio esta Crónica de hoje e acredito ainda mais. Já o li e reli várias vezes; primeiro a ” eito “, mas mesmo assim, e no mesmo poema, relendo-o para te ” ouvir ” a dizê-lo. TU ÉS, também, este livro. TU, em LIVRO.
Depois, abre-se ao calha e lê-se. Depois, começa-se no Epílogo. Estão lá Amigas especiais.. …” as belas poetisas do meu País. Lindas e corajosas mulheres…Um eterno desassossego….Uma busca incessante. “Aproveitem e leiam os títulos, outro POEMA.” A elegância da pantera, um pássaro passeia sobre a minha mesa “. É um Livro que se olha, se apalpa, se revê na rosa da capa e nos obriga a ” desaguar numa imensa sombra.” Digo com a Isaurinda. ” Olha que o livro está muito bonito!!! Beijinhos.
Obrigado Ivone, minha Amiga/Irmã. Esta coisa que selámos com o tal abraço, ninguém vai destruir. A maneira generosa que fazes do meu livro deixa-me emocionado. Agradeço-te tanto. Abraço Maior.
Que bonito. As tuas palavras abraçam-nos de uma forma tão aconchegante. Doçura, conforto, vais nos oferecendo nestes tempos estranhos. Tudo à tua volta, é beleza. Foi um lançamento diferente, ainda assim com o condão de parecermos estar todos na mesma sala. Respirava-se poesia e ternura. Mais um dos muitos momentos mágicos por ti proporcionados.
O meu livro ainda não chegou, mas muitas palavras e sensações acerca dele , já desaguaram em mim. Ansiosa por o tocar e deixar tomar conta de mim.
Abraço enorme, querido poeta