Crónica de Jorge C Ferreira
2020
Esta é a primeira crónica escrita em 2020. A primeira de não sei quantas. Uma escrita em que me sinto acompanhado. Quase sempre a minha outra voz presente. A chamada à atenção dos vários momentos da vida. A chamada à razão: “A fala da Isaurinda”. Alguns momentos de tensão.
Toda esta escrita começou em 2014. Com alguns intervalos, para boas coisas, lá foi acontecendo um texto às segundas-feiras. Textos entregues, textos sentidos, outros gozados. Pedaços de vidas encontradas e desencontradas. Coisas escritas de vários sítios e de vários lugares. Textos da noite, da madrugada e do dia claro. Letras voadas e crónicas da esplanada do meu café. Devaneios desnecessários e, por vezes, uma voz zangada. Tudo isto faz parte do nosso dia-a-dia. Do nosso caminhar.
O caminhar. Esse descanso cansado. Tantas meias solas gastas. Os sapatos a destruírem-se numa revolta contra a sua função.
«Caminhar para quê e para onde?»
Pergunta-me alguém com voz cava.
«Porque necessito de me encontrar.»
Respondo.
Em vão espero ouvir a voz que se calou. Não porque estivesse convencida com a minha resposta, só porque deve achar que devo trilhar estes caminhos. É nesta altura que fico preocupado com o que já caminhei. Penso em tudo o que vi e vivi e pergunto: que virá a seguir? Francamente não sei. Eu sei que não era esta a resposta que esperavam, mas é a que tenho. Não guardo nada no bolso. Não faço previsões. Não sou astrólogo, nem tarólogo, nem Mãe de santo. Não leio os astros, nem as mãos, não deito cartas, nem dados, nem búzios. Gosto de ver as estrelas. Gosto de ver a dança do Sol e da Lua em Mikonos. Gosto de muita coisa sem sentido. Por vezes embrulho-me numa capa e vou sair à noite a ver se alguém me encontra. Manias. Desço ali a Chessel Street e ninguém dá por mim. Nem um único encontro inesperado. Minto! Houve uma vez um. Está guardado. Não o posso revelar. Há coisas superiores a nós!
Este é o tempo dos balanços e das previsões. Fala-se dos que morreram e dos que sobreviveram. Há quem fale por falar para fazer jus ao dinheiro que lhe pagam. É a altura em que dizer qualquer coisa fica sempre bem. Um falar que pode deixar marcas. Sou do tempo das previsões catastróficas. Dos bruxos encartados. Alguns continuam por aí. Têm gente a entregar cartões à entrada do metro. Adivinham e curam tudo. Coisas feitas com “garantia”. Afinal este é o tempo de, como dizem que disse o Marquês, tratar dos vivos e enterrar os mortos.
Pois é meus amigos, um novo Ano, um novo mês, um novo dia. Sentiram alguma coisa de especial à meia-noite de 31? Se sentiram não pensem muito nisso. Ela ir-se-á revelar ao longo do ano, ou não. Tanto faz. Não esperar nada é um bom princípio para ser feliz de vez em quando. A roleta está sempre a girar. Não joguem. A banca ganha sempre.
Tenham um bom dois mil e vinte.
«O que tu foste buscar para desejar um bom Ano às pessoas! Tu estás bem?»
Fala de Isaurinda.
«Foi a minha revista do Ano. Não gostaste?»
Respondo.
«Muito bonito, não haja dúvida. Deves estar no gozo.»
De novo Isaurinda e vai, o dedo indicador da mão direita a chamar-me doido.
Jorge C Ferreira(UK) Janeiro/2020(233)
Poder ler (aqui) as outras crónicas de Jorge C Ferreira.
Obrigado Ivone, minha querida Amiga/Irmã. Dizes tudo e dizes tão bem. És uma mulher generosa. Quanto à luta conta comigo. Abraço
Todos desejamos “Buona Fortuna”, os abraços da consciência falada do mais íntimo de nós! Os desejos que a vida se vá repetindo dia-a-dia, sem atropelos no Ano Novo que há dias começou.
Bom Ano Novo de 2020!
Um abraço, Jorge!
Obrigado António. É isso, meu amigo. Um 2020 cheio de coisas boas. Abraço
Olá meu amigo. Bom Ano para si também. Os anos são sempre uma carta fechada que vamos abrindo devagarinho e nos vai revelando tantas surpresas boas e más. Assim vai correndo a vida…. Espero que o seu só lhe traga coisas boas. Abraço.
Obrigado Maria da Conceição. Um feliz 2020. Abraço
Duas vozes que eu já não dispenso. Obrigada por aqui estarem. Obrigada pelas palavras mágicas que nos deixam reflectir. São as palavras do saber. Do saber viver. Bem-vindo 2020! Abraço.
Obrigado Cristina. Que 2020 te traga coisas boas. Que sejas feliz. Abraço
Belo texto. A reflexão e mensagem a que nos habituou. É tempo de balanço. Ou não será, porque balanço é no final do ano. A roleta gira sempre.
Habituei-me a pensar que ontem é passado, hoje é presente, amanhã será futuro. Vivo e valorizo o momento presente, com as memórias do passado. O futuro é desconhecido, mas parece ser conturbado.
Estaremos atentos em cada dia.
Obrigada meu amigo.
Abraço
Obrigado Eulália. Que se consigam concertar as coisas. Vamos mudar isto. Feliz 2020. Abraço.
Crónica de anos passados, de vida cheia que vais partilhando, os afectos e liberdade são uma constante, nem sempre expresso. Na verdade, o que desejamos, por vezes tão distanciado do que vai acontecendo ao longo do ano. Não nos faltes, mesmo que a Isaurinda te chame a atenção. Obrigada meu Amigo.
Obrigado Regina. Vou tentar andar por aqui. Somos os afectos. Aí nos encontramos. Feliz 2020. Abraço
Pois é…um novo ano e nada de novo no nosso reino à beira mar plantado.a não ser os fantasmas do ano anterior. Ou então sabe-se lá como iremos acreditar na lua,no universo dos sonhos,ou em nós que iremos com rezas e mesinhas no reino das urnas escolher sabe-se lá quem… Por terra caminhamos,por mar navegamos procurando os heróis de outros tempos para este novo ano de 2020. Sonhar e acreditar até ver ainda não paga imposto. Bom Ano meu querido amigo. Abraço novo deste nosso Ano onde navegamos na caravela da esperança…
Obrigado Cecília. Afinal é mais um dia. Uma festa com data marcada. Feliz 2020. Abraço
Seis anos já passados. O tempo corre, não anda. Quase sempre, nas manhãs de 2ªfeira, quando ao acordar do espírito lembramos o dia que ainda há-de vir, chega uma lembrança boa: a crónica do Jorge. É um bocadinho da tua vida, passada e presente, que vem até nós. O gosto de ler-te. Assim, tal qual és. Há, sempre, uma motivação, ou mais que uma. Também ” para te encontrares “. É um bom exercício que se deve fazer, mesmo que só em pensamento. Os que te procuram e lêem gostam. É um bocadinho de ti que nos dás a conhecer. E nelas te expões em vida e com palavras mágicas. Igual a ti próprio. A Isaurinda, um alter-ego que acarinhas e te puxa até às realidades. Também nos faria falta, a Isaurinda.///////Joooorge!!!!! Ela chama-te assim.Uma forma carinhosa, como mãe atenta. Continua, semanalmente a fazer-nos ouvir a tua voz. E os que compram o Jornal, também esperam por ti. Às 24h de 31 não desejei nada de especial. Para todos eu quero SAÚDE, AMOR e PAZ. Não é pouca coisa. Até aposto que os deuses gritam em uníssono ” não querias mais nada !!”Também é o que desejo para ti, mas concordo quando escreveste,”não esperar nada é um bom princípio. Mas não pode ser, querido amigo/irmão. Somos gente que luta pela justiça. Lutemos, pois. Um dia todos vão ter Saúde, Amor e Paz( mesmo em letras mais pequeninas). Beijinhos _____________Ivone