Vamos à Farmácia | Dúvidas sobre a vacina contra o HPV

Vamos à Farmácia | Ana Quintela

 

Dúvidas sobre a vacina contra o HPV

O papiloma vírus humano, mais conhecido por HPV, é responsável por cerca de 97% de casos de lesões pré-cancerosas e posteriormente de cancro do colo do útero. A infecção pelo HPV está associada a cancro genital e anal quer na mulher, quer no homem e também associada a inúmeros casos de cancro da cabeça e pescoço. Todos os anos aparecem cerca de 630 000 novos casos de cancro causado pelo HPV.

Este vírus pode causar lesões benignas ou malignas em homens e em mulheres e é o maior carcinogéneo identificado, a seguir ao tabaco. Mas, actualmente já existem vacinas que permitem a prevenção dos serotipos de HPV que constituem mais alto risco.

 

Há vários tipos de Vacinas disponíveis.

São neste momento ainda comercializadas três vacinas: a Cervarix®, a Gardasil® e a Gardasil9®. A Gardasil® inclui os serotipos 6, 11, 16 e 18, tendo recentemente sido disponibilizada a Gardasil9®, que é uma vacina mais completa por incluir os serotipos 6, 11, 16, 18, 31, 33, 45, 52 e 58. No que diz respeito à Gardasil9® esta é uma vacina que na Austrália e na Europa tem taxas entre os 80% e os 90% de prevenção do cancro do colo do útero. Quanto à Cervarix®, a sua prescrição começa a cair em desuso pois inclui apenas os serotipos 16 e 18.

São vacinas que têm uma boa tolerabilidade e os dados disponíveis sugerem também um bom perfil de segurança. Não existem ainda reacções adversas graves documentadas e as reacções mais habituais são dor ligeira e eritema no local da injecção.

 

A vacina do HPV pode ser administrada juntamente com outras vacinas?

Sim. A vacina do HPV pode ser administrada simultaneamente com outras vacinas. Idealmente em braços opostos, embora também seja possível administrá-la no mesmo braço desde que com uma distância de 2,5 a 5 cm entre as duas injecções.

 

A vacina do HPV pertence ao Programa Nacional de vacinação (PNV)?

Desde 2008 que esta vacina pertence ao PNV, no entanto apenas para raparigas. Como o ideal é que seja administrada antes do início da actividade sexual, desde 2017 que é recomendada a primeira administração logo aos 10 anos de idade.

Para a vacina ser gratuita através do PNV, a idade máxima para iniciar o esquema vacinal é em raparigas até aos 18 anos e a idade máxima para completar o esquema são os 27 anos de idade.

 

Quantas doses tenho de fazer e quando devem ser feitas?

De momento no PNV recomenda-se um esquema de duas doses. A primeira dose de Gardasil9® deve ser administrada aos 10 anos de idade e a segunda dose passados 6 meses.

Mas, se a vacinação for iniciada após os 15 anos de idade o PNV recomenda três doses, sendo a segunda passados 2 meses e a terceira passados 6 meses.

 

Não estou vacinado mas já tive uma infecção por HPV. Ainda vale a pena fazer a vacina?

Sim. Como o risco de reinfecção por HPV é muito elevado, existe sempre benefício na vacinação, mesmo em quem já tenha sido exposto e infectado pelo vírus anteriormente.

 

Até que idade faz sentido fazer esta vacina?

A eficácia da vacina está demonstrada até aos 45 anos de idade. Se já passou a idade em que a vacina é fornecida através do PNV, pode sempre adquiri-la na numa farmácia extra-Programa, mediante receita médica.

 

Fazer a vacinação contra o HPV no género masculino é igualmente importante.

As vacinas do HPV estão aprovadas também para o sexo masculino pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) a partir dos 9 anos de idade. Nos homens, entre os 18 e os 44 anos de idade a infecção de HPV ronda os 60%, sendo que 26-50% é HPV de alto risco.

Embora a vacina ainda não exista gratuitamente para o sexo masculino através do PNV, a Sociedade de Infecciologia Pediátrica recomenda a administração de Gardasil9® a todos os adolescentes do sexo masculino. Administrar esta vacina permite evitar inúmeras doenças que afectam o homem, como por exemplo verrugas genitais e outras lesões que mais tarde originam cancro genital e anal.

O esquema vacinal recomendado é o mesmo que o do sexo feminino. Duas doses com intervalo de 6 meses até aos 14 anos de idade e a partir dos 15 anos, três doses (aos 0, 2 e 6 meses).

 

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