Por caridade Por Alice Vieira “Se não fosse a caridade da família que as acolheu, nem sei o que teria sido delas” — ouvi eu esta manhã na esplanada da praia. E todo o grupo estava de acordo e acenava a cabeça. Eu também devia ter acenado, elas estavam cheias de razão, eu até conheço a miúda de quem elas falavam. Mas não consegui. Nunca consigo. E acho que se souberem porquê me vão dar razão. As 4ª feiras eram o dia em que as velhas tias que…
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Crónica de Alice Vieira | A história da minha vida
A história da minha vida Por Alice Vieira Eu só vou contar aqui o que me aconteceu há dias porque tenho muitas testemunhas, de contrário não dizia nem uma palavra porque ninguém me acreditava. Estava eu na esplanada da praia, aqui na Ericeira. Relia um dos meus livros, porque às vezes os miúdos fazem-me perguntas muito específicas, e eu já não me lembro bem de todos. Chega-se ao pé de mim uma senhora, que eu nunca me lembrava de ter ali visto, olhou muito bem para o que…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | “Uma Questão de Língua”
“Uma Questão de Língua” Por Alice Vieira Há amigos que de repente me fazem muita falta. Numa altura ou noutra, por uma razão ou por outra Aqui há dias uma amiga minha começou a falar de um amigo basco que já não via há muito tempo—e eu desatei a rir. Claro que ela não percebeu porquê e eu tive de lhe explicar que ,de vez em quando ,tinha muitas saudades do meu amigo António Alçada Baptista, que contava histórias extraordinárias, para lá de termos uma coisa em comum:…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Memória curta
Memória curta Por Alice Vieira Hoje vou falar de um grande amigo, meu camarada de redacção do “DN” durante vários anos, que morreu no passado dia 5, a meses de fazer 101 anos. Mas primeiro vou contar uma história divertida. Durante muitos anos o meu amigo foi padre. Chegou a ser director de um seminário, não me lembro bem onde. Mas um dia atravessou-se-lhe no caminho uma verdadeira luz, e não houve nada a fazer. Para ambos foi paixão, que duraria até à sua morte. Deixou de ser…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | E viva o Santo António
E viva o Santo António Por Alice Vieira No dia 6 de Maio, mas de 1957, era publicado o primeiro número do Suplemento Juvenil do Diário de Lisboa. Claro que os mais novos nem sabem do que eu estou a falar, até porque o “Diário de Lisboa” fechou em Novembro de 1990. Então parece que este ano vamos voltar a ter marchas populares. Desde sempre que me lembro de estar entre aquele maralhal todo na Av. da Liberdade a assistir às marchas, mais tarde a entrevistar todos eles …
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Tesouros para todos
Tesouros para todos Por Alice Vieira No dia 6 de Maio, mas de 1957, era publicado o primeiro número do Suplemento Juvenil do Diário de Lisboa. Claro que os mais novos nem sabem do que eu estou a falar, até porque o “Diário de Lisboa” fechou em Novembro de 1990. Não há ditado popular mais verdadeiro do que o que diz—e desculpem lá a palavra — “onde mija um português, mijam logo dois ou três”. Ai aquele tem? Eu também quero. Ai aquele encontrou? Eu também vou encontrar…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Recordando o Juvenil do Diário de Lisboa
Recordando o Juvenil do Diário de Lisboa Por Alice Vieira No dia 6 de Maio, mas de 1957, era publicado o primeiro número do Suplemento Juvenil do Diário de Lisboa. Claro que os mais novos nem sabem do que eu estou a falar, até porque o “Diário de Lisboa” fechou em Novembro de 1990. Mas a esmagadora maioria dos nossos escritores mais velhos passou por lá (Luísa Ducla Soares, Luísa Neto Jorge, Luís Castro Mendes, Jorge Silva Melo, José Mariano Gago, Hélia Correia, Pacheco Pereira, etc). Assim como…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | O que faz um nome
O que faz um nome Por Alice Vieira Tinha pensado numa série de assuntos que podia abordar aqui agora. Do 25 de Abril já toda a gente falou. E só me lembrava de assuntos tristes—a pandemia, a Ucrânia, as crianças que sofrem, o vírus da hepatite que parece estar a atacar agora, eu sei lá. Por tudo isto é que eu estou com uma depressão que nunca mais passa. De vez em quando aparece uma amiga a quem eu digo isso e logo ela responde “eu também“. Não…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Nomes estranhos
Nomes estranhos Por Alice Vieira Aqui há dias estava eu muito descansada aqui na esplanada da praia do sul na Ericeira,quando uma jovem se chega ao pé de mim e pergunta se pode levar uma cadeira. Conheceu-me, estivemos ali uns minutos na conversa e quando lhe perguntei como se chamava ela respondeu “Dejanira”. Sorri. “Não me diga que é de Torres Novas?” Claro que era. Djanira era um nome típico de Torres Novas, mas que nestes tempos já não se põe muito às miúdas. Então ela disse que…
Ler maisCrónica de Alice Vieira | Um passeio por Sintra
Um passeio por Sintra Por Alice Vieira Antes de a minha pátria ser a Ericeira, Sintra era a minha terra preferida. Passei por lá há dias (há quantos anos lá não ia…) e senti-me cheia de saudades. Em miúda vivi numa aldeia (hoje vila) perto de Sintra, chamada Rio de Mouro. E como em Rio de Mouro não havia nada, íamos quase todos os dias para Sintra. Como penso que toda a gente sabe, em Sintra viveu, no século 19, o poeta inglês Lord Byron. E os portugueses…
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