Crónica de Alexandre Honrado – Regra de distanciamento

Regra de distanciamento Encosta-te a mim, Dá cabo dos teus desenganos     Por Alexandre Honrado   Não faço a menor ideia e até duvido se o período de confinamento trouxe alguma mudança, mesmo pouco ou nada radical, ao nosso mundo, aos nossos hábitos, à nossa formação cultural, cívica, civil, sentimental.  Talvez tenha abalado um pouco os nossos hábitos, o que por sua vez abalou muito as economias, é certo. A paragem foi demonstrando que o capitalismo que impera no nosso mundo é uma coisa muito oca, vã, superficial, e…

Ler mais

Crónica de Alexandre Honrado – Neorracismo, um dos pináculos do neofascismo

Neorracismo, um dos pináculos do neofascismo Por Alexandre Honrado   O racismo e os racistas de novo tipo emergem nos dias de hoje e elevam-se do caldo azedo da mais notória falta de cultura, como matéria putrefacta vinda da história derrotada, a evaporar-se, misturando-se com o ar de que precisamos tanto, de forma lipa e não assi conspurcada e fétida. Vêm, cada vez mais evidenciando-se de formas múltiplas e obscenas; sobretudo emergem de um medo inexplicável e irracional, animalesco, que os tolhe e impele a uma guerra de preconceitos que…

Ler mais

Crónica de Alexandre Honrado – José Saramago dez anos depois e outras coisas que podem ser verdade

José Saramago dez anos depois e outras coisas que podem ser verdade Por Alexandre Honrado   Duas ideias que quero entrelaçar, não tendo relação óbvia – nem equívoca, se formos a ver bem – podem satisfazer-me durante aqueles minutos em que penso, não por obrigação, mas por desprendimento. São momentos em que escrevo para alguns órgãos de comunicação, como é o caso, sem o menor compromisso, nem com leitores nem comigo, porque se o tivesse tornava-se imperioso ensaiar algumas cedências e, sobretudo, mentir. É que já não se faz qualquer…

Ler mais

Crónica de Alexandre Honrado – A estúpida ideia de uma “Europa branca”

A estúpida ideia de uma “Europa branca”                                   Por Alexandre Honrado   Dizia a minha avó que a ignorância torna as pessoas atrevidas – o que queria significar que a ignorância torna cada qual capaz de dizer e propagar asneiras e mentiras como se de acertos e verdade se tratasse. Eu, neto atento e menos delicado, digo agora que a ignorância quando sedentária, quando irrecuperável, é a mãe de toda a estupidez incorrigível. Não…

Ler mais

Crónica de Alexandre Honrado – O meu alfarrabista e a loucura do mundo

O meu alfarrabista e a loucura do mundo                                   Por Alexandre Honrado   A loucura é uma coisa triste, por vezes confundida com criatividade, ou melhor, com a criação artística, pois é uma manifestação do irracional capaz deste ou daquele momento impulsivo. É triste, é destruturação e não imaginação, mesmo que seja fértil. Não é a loucura de Rimbaud, estado de transe, nem a que nos move em certos momentos inexplicáveis ou aparentemente inexplicados.…

Ler mais

Crónica de Alexandre Honrado – A morte de um negro e as liberdades agonizantes

A morte de um negro e as liberdades agonizantes                               Por Alexandre Honrado   Os caminhos da Liberdade estão cheios de pedras. Quando eu era miúdo, agitavam-me a bandeira dos Estados Unidos com a garantia de que era ali, do outro lado do meu Atlântico, que todas as liberdades estavam garantidas e que graças a homens de valor a escravatura tinha sido abolida, as oportunidades eram dadas a todos, sem distinção de crença ou cor de…

Ler mais

Crónica de Alexandre Honrado – Amar em tudo cada um

AMAR EM TUDO CADA UM          Por Alexandre Honrado   Foi num texto sobre Aristóteles, não ficando eu a saber se a frase era dele se do comentarista que o escreveu como se fosse de ambos, que retive uma máxima singular que passo a transcrever: “amar-se é amar em conjunto coisas além de si”. Só nos amamos – só podemos amar-nos – se temos a capacidade de gostar juntos das coisas, e as coisas são o sol que nasce e se põe acima de todos os espetáculos,…

Ler mais

Crónica de Alexandre Honrado – MATAR – pelo menos as saudades (dos centros comerciais)

MATAR – pelo menos as saudades (dos centros comerciais)          Por Alexandre Honrado   Jean Baudrillard é um nome que a poucos dirá alguma coisa e a esses poucos só a vergonha de não saberem mais sobre a sua figura leva a admitir que sabem de quem se trata. Era um estudioso da cultura, essa coisa estranha que não passará, afinal, de um somatório de usos e costumes humanos, para usarmos uma ideia de Voltaire, usos e costumes nem sempre abonatórios daquilo que somos, nem da forma…

Ler mais

Crónica de Alexandre Honrado – Pelos dias em que choro

Pelos dias em que choro Por Alexandre Honrado   Gostava de andar com uma qualquer utopia portátil para trazê-la aqui, para esta prosa, e depois levá-la a passear como um cão, mostrá-la ao agente da autoridade, veja senhor guarda, esta é a minha utopia portátil, levo-a para toda a parte, até para a imagem do ecrã do teletrabalho, e agito-a sem pudor diante de colegas e alunos, perante os meus iguais e os outros que, custa-me dizer isto, não considero meus iguais. A minha pequena utopia portátil acredita na construção…

Ler mais

Crónica de Alexandre Honrado – Confinamento com fim elevado

Confinamento com fim elevado          Por Alexandre Honrado   O filósofo alemão Nietzsche, a quem erradamente se “atribui” a morte de Deus, morte simbólica, filosófica, e, segundo a sua leitura atenta, ocorrida dentro do ser humano, uma ideia que, todavia, já era expressa mais de um século antes dos seus raciocínios, fala amiúde do divino nos seus escritos e entre outras sabedorias produziu este frase num livro (que li em francês – Le Cas Wagner – porque infelizmente não domino o texto em alemão): “O que é…

Ler mais