Crónica de Alexandre Honrado No gume da loucura Discutíamos há poucos dias, em ambiente académico, a relação entre conectividade tecnológica e conexão cultural, estabelecendo-se então a dúvida: afinal a que estamos ligados? Quero partilhar dois textos que escrevi há poucos dias, apenas porque o recurso às citações é sempre redutor, como se o argumento escasseasse. Os textos de reflexão que tenho lido ultimamente são todos iguais. Convergem no tom autofágico, assinados por mais ou menos anónimos corredores dos becos da impotência. São produtos de mentes presas nos elevadores…
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Crónica de Alexandre Honrado – O digital próximo da religião
Crónica de Alexandre Honrado O digital próximo da religião Discutíamos há poucos dias, em ambiente académico, a relação entre conectividade tecnológica e conexão cultural, estabelecendo-se então a dúvida: afinal a que estamos ligados? Sem entrar nos domínios da reflexão, sempre motivadora de acalorados argumentos, do que será, afinal, em especial nos nossos dias, uma estrutura de crença e, nessa, que lugar ocupa o religioso no homem contemporâneo, demos com um exemplo que se nos afigura motivador, estimulante e a um mesmo tempo ligado ao tema que nos é…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Agora a sério (está calor e faz um frio de rachar)
Crónica de Alexandre Honrado Agora a sério (está calor e faz um frio de rachar) A cimeira COP26. O ponto de encontro das nossas derrotas. O ambiente, o meio ambiente, o planeta agredido. Tínhamos uma casa pródiga. Uma casa comum, que maltratámos. A Natureza, sempre generosa, quer agora o que lhe pertence. Protesta, contesta, avança. Fomos e somos nós quem a provocou. Dói-nos pouco os remorsos. Olhamos à volta e vemos o plástico que, quando chega aos oceanos, mata-nos ainda mais rapidamente. Olhamos de perto e os combustíveis…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Emoções e James Bond
Crónica de Alexandre Honrado Emoções e James Bond No meio de uma imensa lixarada impressa, de revistas contorcionistas até livros com best-sellers sem conjugação gramatical, acabo por comprar na zona livre, o velho freeshop de um aeroporto, uma edição para ler entre escalas de voos. Talvez, pensei eu, me faça esquecer o controlador da fronteira – portuguesa e na partida – que me confiscou um frasco, de três que levava com líquidos, evocando a lei. Os outros dois, de plástico, que já tinham contido álcool gel, fora-me devolvidos.…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Viagens com afeto
Crónica de Alexandre Honrado Viagens com afeto Não viajava, a sério, quase há dois anos. Eis-me de volta, com mochila e passaporte, em terras de bradar aos céus e em céus dos quais se avistam terras e desafios. A velha Europa está desorientada, penso eu. O Covid isolou-a e deu-lhe a volta aos desígnios, económicos e ideais. Um dos maiores aeroportos do Velho Continente pareceu-me uma noite no bairro de Santos na primeira saída após a pandemia. Sem ordem, sem regras, com multidões acotovelando-se e propagando vírus de…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Fotos e espelhos
Crónica de Alexandre Honrado Fotos e espelhos Guardo fotos, coleciono-as sempre que posso, algumas vindas das mais inesperadas origens. Fotos de família, tentando adivinhar como sentiam o quotidiano os entes que me antecederam e que, pela data de nascimento e partida não cheguei a conhecer pessoalmente. É um repositório sensações e detalhes, uma revisitação, um modo ingénuo de devolver vida a pessoas e eras, a pensamentos e gostos. Coleciono ainda fotos de gente anónima, muitas vezes encontradas em arquivos deitados ao lixo e a qualquer outro desprezo, pois…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Surpresas – Entre indigentes e prósperos
Crónica de Alexandre Honrado Surpresas – Entre indigentes e prósperos Não ficaria surpreendido se as verdadeiras minorias pegassem em armas. Se os famintos, os andrajosos, os sem abrigos, empunhassem paus e pedras, roubassem as armas que pudessem, e em nome da sobrevivência – a única ideologia que parece ser uma sólida visão do mundo na atualidade -, procurassem um lugar no recinto que a sorte lhes nega. Não me admirava saber que os sem abrigo procuravam abrigo, um conforto qualquer que reabilitasse a sua debilidade humana. Que os…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Jorge Sampaio
Crónica de Alexandre Honrado Jorge Sampaio Tentei escrever várias vezes sobre Jorge Sampaio, na altura certa. A altura certa, todavia, era sempre nova e a última de todas as alturas certas era um embrulho de lágrimas e recordações, um patamar onde se dizia adeus a um homem que, sobretudo, foi um ser humano de sóbrio e eficaz humanismo e de um humanitarismo inequívoco, sendo que o amor à Humanidade é sempre difícil, pois amar em todos cada um é quase impossível, e ser capaz de acolher o outro,…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – Amarfanhar
Crónica de Alexandre Honrado Amarfanhar Dou comigo a desfilar pelo nada, preocupado com coisa nenhuma e uma buzinadela áspera desperta-me para uma realidade azeda e distópica: a sociedade urbana onde me são dados os relevos da minha agitada vida, reclama a minha atenção. Sempre teimei que a melhor explicação para o que me rodeia podia cingir-se a três coordenadas: o que a realidade parece impor, o que o imaginário é capaz de desfeitear à realidade e, finalmente, a simbólica que nos tolhe e liberta ao mesmo tempo. Dou…
Ler maisCrónica de Alexandre Honrado – A aparência do sublime
Crónica de Alexandre Honrado A aparência do sublime Li muito e discordei outro tanto de certos autores. Fui colecionando invariavelmente ideias que me pareceram destacáveis, pensamentos decididamente “fora das caixas” mais variadas, sem o preconceito de negar a uns a sabedoria por serem desta ou daquela corrente política, deste ou daquele rincão do mundo, deste ou daquele formato ético, moral, crítico ou artístico, não me importa a retórica alheia mas a utilidade do que me comunica. Fundamental, acredito, é aumentar a massa crítica. E aprender, aprender, aprender sempre.…
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