Aprovação nacional do registo da denominação “Pastel de feijão de Torres Vedras” como Indicação Geográfica
“À prova, sente-se a capa, fina, quebradiça e estaladiça, mas não folhada, envolvendo delicadamente o recheio, sem o abafar. O sabor da amêndoa é persistente, sendo o último a desaparecer do paladar após a ingestão.” [caderno de especificações do produto]
Foi hoje publicada a aprovação nacional do registo da denominação “Pastel de feijão de Torres Vedras” como Indicação Geográfica.
“O pastel de feijão de Torres Vedras é um bolo de pastelaria, doce, de pequeno formato e cozido (assado) no forno e tem como base os ingredientes tradicionalmente utilizados na pastelaria portuguesa, de origem conventual ou não.
Todos os ingredientes utilizados são de origem agrícola (com excepção da água e do sal), sendo basicamente semelhantes aos que se utilizam desde a origem do Pastel de feijão de Torres Vedras, sem adição de quaisquer aditivos ou de auxiliares tecnológicos.”, pode ler-se no caderno de especificações do produto.
Segundo o mesmo documento, a área geográfica de produção/fabricação e de acondicionamento do Pastel de Feijão de Torres Vedras corresponde exatamente à área do concelho de Torres Vedras.
Acrescenta-se que “esta delimitação não resulta de qualquer imposição de carácter administrativo, antes se fundamenta no facto de todas as anteriores e actuais unidades de produção terem estado ou estarem sedeadas no concelho, nunca dele se tendo evadido”.
O Pastel de Feijão de Torres Vedras diferencia-se dos outros pela “manutenção das práticas primitivas, mas também da conjunção das experiências adquiridas, acumulados ao longo dos anos e do apuramento do saber fazer dos produtores de Torres Vedras que, desde então, se têm dedicado a esta actividade da doçaria tradicional. Tudo isto sustentado por uma longa e intrincada teia de cumplicidades, de “saberes” monásticos iniciais e de relações familiares, afectivas e laborais.”.
O pedido, apresentado pela ACIRO – Associação Comercial Industrial e Serviços da Região Oeste, foi registado a 6 de dezembro de 2023 e a decisão foi hoje publicada.
Sobre o Pastel
O pastel de feijão de Torres Vedras é um bolo de pastelaria, doce, de pequeno formato e cozido (assado) no forno e tem como base os ingredientes tradicionalmente utilizados na pastelaria portuguesa, de origem conventual ou não.
Este Pastel é constituído por:
- Massa envolvente — conhecida localmente por “forra” ou “capa” ou “lençol” — é composta por farinha de trigo, água, manteiga ou gordura vegetal e sal.
- Recheio — também conhecido localmente como “espécie” — é composto por feijão-branco, popularmente conhecido como feijão “fidalgo”, miolo de amêndoa recentemente pelada, gemas de ovos frescos e/ou gemas pasteurizadas, açúcar branco e água.
História:
São numerosos os testemunhos, artigos e publicações físicas e eletrónicas que atestam a anterioridade, a diferenciação e o uso do nome Torres Vedras para designar o pastel de feijão aí produzido: desde 1840 que se pode comprovar o fabrico do pastel de feijão em Torres Vedras; há notícias publicadas em jornais locais, pelo menos, desde 1894, referindo o pastel de feijão como especialidade local, tratando-o mesmo como Pastel de Feijão de Torres ou Pastel de Feijão de Torres Vedras; em 1896, o programa de uma exposição celebrando o quarto centenário da primeira viagem de Vasco da Gama à Índia inclui o Pastel de Feijão de Torres Vedras, entre os trinta e oito “doces característicos de localidades” que deveriam figurar na mesma “Exposição Ethnografica Portuguesa”.
[Imagens: CEP]