OPINIÃO POLÍTICA | Matilde Batalha – Equipamentos desportivos municipais – o serviço público que muitos em Mafra não utilizam 

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Equipamentos desportivos municipais – o serviço público que muitos em Mafra não utilizam 

 

A atividade física e desportiva é essencial para uma vida saudável. Todos e todas sabemos isso e o Município de Mafra tem realizado grandes investimentos em equipamentos desportivos vários.

Os de acesso gratuito como os equipamentos fitness ao ar livre, os caminhos pedonais (dentro e fora dos parques desportivos) e as ciclovias são muito positivos, contudo pouco convidativos para dias frios e de chuva, sobretudo para a população mais envelhecida. Seria importante que fossem criados os mecanismos para que todos e todas possam ter acesso às estruturas desportivas públicas cobertas, nomeadamente os pavilhões/ginásios desportivos e piscinas municipais.

O custo é uma das barreiras apresentadas para a não realização de uma atividade física acompanhada e regular nas estruturas desportivas municipais cobertas. Há famílias que não têm como inscrever os seus filhos na natação, por falta de orçamento familiar. Há pessoas idosas que gostariam de realizar uma atividade física acompanhada e não têm dinheiro para tal. Quem perdeu o seu rendimento tem, por exemplo, de abdicar de ir à sua habitual aula de hidroginástica.

Atualmente os equipamentos desportivos cobertos são usados por quem os pode pagar. A manter-se as tarifas tal como hoje existem, muitas pessoas estão excluídas de usar estas infraestruturas que foram construídas com dinheiros públicos. Um valor simbólico e reduzido levaria muitos mais munícipes a usufruir destas estruturas.

Talvez muitos pagando pouco, possam superar os valores dos menos pagando mais e possibilitem a manutenção dos mesmos equipamentos. Não nos esqueçamos que mesmo que estas estruturas não se paguem a si mesmas, no que concerne a manutenção e pessoal, é um custo pequeno a pagar pela poupança que é realizada na fatura da saúde, economia e, mais importante, na qualidade de vida das pessoas.

São inúmeros os estudos que comprovam que há uma ligação direta entre a prática desportiva regular e a redução de risco de doenças cardiovasculares, a redução da pressão arterial, o aumento da capacidade pulmonar, a manutenção de níveis saudáveis de açúcar e do colesterol no sangue, o aumento de força, agilidade e resistência física, entre muitos outros benefícios para a saúde física. Para a saúde mental é igualmente importante. A prática de exercício regular liberta endorfinas (uma hormona importante que regula positivamente o humor e a sensação de bem-estar), melhora a capacidade de raciocínio e memória, promove autoestima e autoconfiança, sendo de uma forma geral um promotor de felicidade.

O desporto é recomendado por especialistas de saúde, pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e existe um Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física da Direção Geral de Saúde (DGS), que recomenda a prática de atividade física em todas as idades de forma regular e preferencialmente diária.

A DGS refere que cerca de 80% da população não pratica atividade física suficiente para cumprir as recomendações da OMS.

A inatividade física tem um custo financeiro elevado em Portugal que se calcula estar na ordem dos 900 milhões de euros, um valor equivalente a 9% do orçamento do Ministério da Saúde de 2017.  Numa lógica sistémica poderíamos adicionar a esta fatura, ainda como custos, as baixas médicas, faltas ao trabalho e menor produtividade laboral como consequências indiretas desta inatividade.

Os custos humanos (mortalidade, tempo de vida reduzido e perda de qualidade de vida) são incalculáveis. De acordo com o programa Nacional de Promoção da Atividade Física estima-se que a inatividade física seja responsável por:

– 8% dos casos de doenças coronárias;

-11% dos casos de diabetes tipo I;

– 14% dos casos de cancro da mama;

-15% dos casos de cancro colorretal;

A mortalidade relacionada com a inatividade está na ordem dos 14%.

Em suma, um investimento no combate ao sedentarismo teria um impacto positivo importante no bem-estar individual, na prevalência de doenças, na mortalidade e na economia.

É obrigação da autarquia realizar um verdadeiro esforço financeiro para a inclusão social de todos e todas em algo tão essencial como o desporto, devendo o Município garantir que os equipamentos desportivos possam ser utilizados por todos, independentemente do seu poder económico.

 

 

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