Opinião Política | Mário de Sousa (CDS-PP) – Eternamente pobres…

Opinião Política | Mário de Sousa (CDS-PP)
Eternamente pobres…

 

Portugal anda numa roda-viva submerso em notícias díspares, empoladas diria que propositadamente, sobre problemas políticos, judiciais e de saúde pública de tal forma que outros males que por aí campeiam acabam por passar para segundo plano, sendo por si só tão ou mais graves do que aqueles que nos entram diariamente pelos ouvidos e olhos. Falo da pobreza, da enorme pobreza que estruturalmente existe em Portugal e que para vergonha dos governantes que nos últimos anos por aqui passaram, em 25 anos 19 foram de inspiração socialista no que diz respeito a distribuição de riqueza, nos levou à situação de sermos o 20.º país com o salário/hora mais baixo (Eurostat, 2019) ou o 26.º se incluirmos o custo de vida. Resumindo: se ao salário médio juntarmos o custo de vida, o único país pior que Portugal é a Bulgária.

Sem que ninguém desse o devido destaque, foi apresentado um estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos sobre a pobreza em Portugal. Todos nós temos consciência de que Portugal não é um país rico, que tem enormes bolsas de pobreza e de indigência, não ignoramos que grande parte dessa pobreza é escondida, é envergonhada mas o que o estudo nos traz de novo é muito mau: cerca de um terço dos pobres tem um emprego e numa maioria dos casos é um emprego estável na mesma empresa.

Isto por si só deveria indignar toda a gente, empurrar-nos para a contestação, levar-nos a repudiar legislação laboral do século passado mas inacreditavelmente submissos e acomodados, sem rasgo e de uma maneira geral sem ambição, preferimos ignorar esta realidade e perpetuamos pelo voto as políticas públicas que para além de esconderem esta realidade a mantêm viva através da criação de taxas sociais, dinheiros que retirados a uns e entregues a outros aumentam a pobreza e tornam todos mais dependentes do Estado. E para que não se pense que este estudo assenta em dados de 2020, sublinhe-se que os números utilizados são de 2019, portanto anteriores à pandemia.

Quer isto dizer que o problema não é estrutural com raízes no Covid 19; não, isto existe há muitos anos e tem vindo a piorar.

E quais são as conclusões deste estudo coordenado por Diogo Rocha? O estudo identifica quatro perfiz de pobreza em Portugal e isso sim é a novidade:

Reformados                (27,5%)

Precários                     (26,6%)

Desempregados           (13,0%)

Trabalhadores            (32,9%) 

O Partido Socialista que com o apoio da esquerda nos desgoverna há mais de cinco anos tem feito a figura de ‘Grande Pai’ distribuindo dinheiro sob a forma de subsídios sociais mas que nada mudaram estruturalmente no País. Não sou eu que digo é Bruxelas que o constata.

É verdade que esses dinheiros foram muito importantes para quem os recebeu mas acabados os subsídios, as centenas de milhares de beneficiários não resolveram os seus problemas e ficaram dependentes do próximo subsídio social a ser atribuído depois de preencherem mais uns formulários. E o perverso é que sempre que um subsídio termina, o próximo vai abranger menos beneficiários aumentando a bolsa de pobreza.

O Estudo termina dizendo que um terço dos pobres são trabalhadores. Se a estes se juntar os precários conclui-se que mais de metade dos portugueses em situação de pobreza trabalha.

Um Estado não tira os pobres da pobreza despejando dinheiro de forma avulsa sob a forma de subsídios em cima deles e já vimos aqui qual o significado de pobre em Portugal. E não tira porque as políticas de emprego estão erradas e quando se anunciam novas formas de combate à pobreza elas começam no papel e finam-se no discurso.

Repare-se que, com todos os milhares de milhões de euros que aí vêm, o Governo prevê um crescimento miserável de 2% em 2025. Com este crescimento em que estado estarão todos estes trabalhadores? Estarão de certeza mais amordaçados que hoje pela dependência de um Estado que para além de querer ser um Big Brother é já um verdadeiro Big Father!

O destino? Eternamente pobres, sem elevador social e como herança deixarão sem dúvida a sua pobreza aos seus descendentes. Ai Portugal, Portugal…

 

Mafra, 21 de Abril de 2021

Mário de Sousa


Mário de Sousa
Empresário, Presidente da Comissão Política Concelhia de Mafra do CDS-PP

 


Pode ler (aqui) outros artigos de opinião de Mário de Sousa



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