Opinião Política | Leila Alexandre (PS) – Covid, desigualdades e novas necessidades

Covid, desigualdades e novas necessidades

Em março do presente ano, a grande preocupação dos governantes e cidadãos era a possibilidade de sermos atingidos por um vírus desconhecido, com uma história muito recente, sem cura conhecida, que o SNS não resistisse, que as perdas fossem elevadas. O pilar das nossas preocupações ainda era somente a saúde.

A pandemia chegou a Portugal e tem causado os seus danos na saúde. Não registamos os picos que se previam nos cenários mais trágicos, mas também não conseguimos fugir. Estamos há dois meses num planalto que nos deixou a suster a respiração. Desde meados de março, mal vivemos – existimos. A criação deu lugar à reação. A originalidade, a construção e a novidade caíram para dar lugar à resposta. Suspendemos, cancelamos, paramos, travamos. Só agora retomamos, devagar, alguma atividade.

Em maio somámos um novo pilar de preocupação: a economia. Estamos muito parados, há muito tempo. Os danos podem não ser reversíveis. Todos os cenários apontam para uma crise económica igual ou pior à que teve início em 2008 e afundou o país até 2013. É muito recente, todos nos recordamos.

A pandemia e a crise formam um tornado que leva à frente e sem caminho o campo social. Desemprego, incumprimento, fome, miséria, exclusão são palavras das quais quase nos tínhamos esquecido no panorama nacional mas cujo regresso tão certo agora tememos.

É altura de carregar as armas. Não combatemos só uma pandemia e não combatemos só uma perda de riqueza no país – combatemos a estabilidade de todos, a integridade de alguns, a dignidade de outros. Hoje, mais do que alguma vez desde que ouvimos falar primeiramente em coronavírus, é hora de olhar para a frente. Conhecemos o nosso inimigo, vamos lutar. Já não nos é permitido apenas continuar a responder.

 

 

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