OPINIÃO POLÍTICA | Leila Alexandre – Ainda sobre as Europeias…Mafra abriu uma janela à esquerda?

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Ainda sobre as Europeias…
Mafra abriu uma janela à esquerda?

 

Quando pensei no que poderia escrever hoje, olhei para trás. Olhei para a abstenção, comparei resultados com momentos eleitorais anteriores, para a Europa e cá dentro, li reflexões de camaradas e de amigos cuja opinião valorizo… Encontrei-me num caminho já muito caminhado e decidi mudar de rumo: vamos olhar para o futuro.

O que significam os resultados eleitorais para o futuro do concelho:

  1. A freguesia da Encarnação é uma pequena aldeia gaulesa, fechada sobre si mesma, quase senhorial, de uma direita conservadora e vendada. Será sempre aqui que a esquerda vai encontrar mais dificuldades em introduzir alguma coisa ou lufada de ar fresco/será sempre aqui que a direita vai encontrar o reforço das maiorias nas eleições autárquicas;
  2. A vitória do Partido Socialista no concelho é inequívoca, ultrapassando ligeiramente os 30%, o que significa, grosso modo, que 1 em cada 3 votos nas forças políticas recai no PS. É expressivo;
  3. O PS, PAN, BE e PCP-PEV concentram mais de 50% dos votos. Por seu lado, à direita, o PPD/PSD, CDS-PP, Aliança e Basta! (admitindo que podemos juntar todos no mesmo saquinho político) mal ultrapassam os 30%. A direita, mesmo que se juntasse, mal ultrapassava a votação que o Partido Socialista conseguiu sozinha.

Posto isto, refletir sobre os problemas da direita, o que os divide, o que poderiam fazer, como é que se chegou aqui…, é coisa que naturalmente não vou fazer; mas com bom grado reflito sobre as oportunidades à esquerda. Parece que conseguimos perceber que há eleitorado em Mafra para as ideias de esquerda e, consequentemente, para as forças políticas que as defendem. Sendo assim, por que é que nos momentos de eleições autárquicas, a esquerda é completamente abalroada pelo PSD?

Percebemos que causas como a habitação a custos acessíveis, a educação e saúde tendencialmente gratuitos e públicos, os transportes para todos, a devolução de rendimentos às famílias, a causa ambiental, os direitos dos animais, o investimento na cultura, a defesa da vida ativa e saudável, a economia de investimento e de crescimento, contra a austeridade… são altamente valorizados pela população de Mafra. Corrijo ou acrescento: pela nova população de Mafra. “Nova” é o elemento estruturante do que assistimos nas últimas eleições e do que espero ver no futuro: Mafra cresceu e cresceu não só em número mas em mentalidades. Somos mais mafrenses, com mais formas de pensar, com novas prioridades, expetativas e exigências. Hoje, temos problemas diferentes. Olhamos de outra forma para o concelho. Somos mais mafrenses porque quem nasce aqui, quer ficar e constitui família e porque temos recebido muitas famílias novas, sobretudo das zonas mais urbanas da área metropolitana. Não somos só os mafrenses que querem ver buracos tapados, procissões, carrinhas para o futebol e bermas limpas. Também somos esses mafrenses, mas somos mais, queremos mais.

As eleições europeias vieram colocar um conjunto de interrogações quanto ao futuro do concelho.

Estará a direita à altura dos novos mafrenses?

Terá a esquerda capacidade para se organizar e agir neste novo contexto de oportunidade?

O mapa político em Mafra será reconfigurado?

E o que esperam os mafrenses, nesta nova Mafra, das forças políticas em que votaram?

(Afinal não vim escrever sobre o futuro, vim questioná-lo…)

 


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