Custou mais de um milhão de euros… Mafra vai ter centro juvenil e uma pousada da juventude

 

Na reunião de executivo da câmara realizada na passada 6.ª feira, um dos temas em cima da mesa passou pela revogação (anulação) do contrato de comodato que a autarquia tinha com o Instituto Luso-lírio para o Desenvolvimento Humano (iLIDH), mais conhecido na vila, como Universidade dos Valores, entidade que ocupa(va) o Palácio dos Marqueses, na Vila Velha de Mafra.

O iLIDH estava instalado no Palácio dos Marqueses de Ponte de Lima, tendo sido o instituto que assumiu (financiamento e empreitada) a requalificação do edifício e da sua envolvente, uma zona que se encontrava no mais completo abandono.

O contrato de comodato foi assinado por ambas as partes (iLIDH e Câmara de Mafra) em março de 2011 e tinha um prazo de 30 anos, embora 12 anos após a assinatura do contrato e depois de muita guerra judicial, ambas as partes se mostrem interessadas em pôr termo ao contrato.

Em caso de resolução ou qualquer outra forma de cessação do contrato, o Primeiro Contraente [câmara] compensará o Segundo Contraente [iLIDH], numa indemnização que terá por base o valor equivalente aos investimentos e despesas realizadas por este ao longo da vigência do contrato”. A câmara de Mafra vai assim reaver o Palácio dos Marqueses de Ponte de Lima mediante o pagamento de uma “compensação por antecipação do termo do contrato” no valor de  1.600.000,00 € (um milhão e seiscentos mil euros) acrescido de IVA à taxa legal em vigor.

A decisão presente em reunião de câmara, onde o PSD detém a maioria absoluta, carece agora a aprovação da Assembleia Municipal, onde o PSD detém também a maioria absoluta, estando a decisão ainda sujeita a visto prévio do Tribunal de Contas, sob pena de não produzir quaisquer efeitos jurídicos.

Com esta revogação de contrato, a vila de Mafra perde a Universidade dos Valores, mas ganha uma Pousada da Juventude, uma vez que a autarquia pretende instalar no edifício um centro juvenil e uma pousada da juventude.

O contrato foi assinado quando o presidente da câmara era ainda o Eng. Ministro dos Santos, mas num passado mais recente, em 2021, um diferendo que opôs a Universidade dos Valores (ILIDH) e a Câmara Municipal de Mafra – devido à construção do prolongamento da Rua do Castelo ligando-a com a R. do Malvar – chegou aos tribunais (ver aqui e aqui), tendo sido este o motivo para que ambas as partes pretendam agora terminar, 18 anos, antes do previsto o acordo que haviam assinado em 2011.

Com a entrada do edifício para a propriedade do município, desaparece do concelho mais uma entidade independente, e o estado (local) assume mais uma propriedade e cria mais duas instituições, acumula mais um edifício municipal, surgem mais instituições governadas e financiadas pelo autarquia, num município – como outros, é certo – onde a existência de associações independentes do poder político é uma longínqua miragem, um município onde até alguns órgãos de comunicação social se instalam (em ambiente protegido) em edifícios que são propriedade do estado, do estado municipal, é o caso.

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