Preocupações
I – Os Bancos.
Continuamos a despejar dinheiro sobre os bancos. Milhares, milhões, milhares de milhões. Quantidades que não cabem na nossa imaginação, por mais criativos que sejamos. Um dinheiro que, na verdade, já não existe. É algo que se passeia por um mundo virtual e que nos vai ludibriando. Hoje já não são necessárias pás para carregar o vil metal. Das acções já não vemos o papel. Os cofres estão a cair em desuso. Basta um “enter” e milhões viajam pelos canais de fibra óptica e aparecem, como por magia, numa ilha qualquer. As acções mudam de mão antes de estarem pagas. O desvario, o descontrolo. As contas de ficção. Tudo maquilhado. Quanto branqueamento!
Os Bancos são um poço sem fundo. Todos os anos são encharcados com dinheiro. Paga sempre o contribuinte. Sim, deixámos de ser apelidados de cidadãos, agora chamam-nos contribuintes. Mal nasce uma criança é-lhe dado logo um número. Está agarrado até ao fim da vida. As “santas” finanças não mais vão largar a presa.
Há palavras que fazem escola. A saber:
O “risco sistémico” esse papão, criado pelos que mandam na massa para se defenderem a eles mesmos. Quantos cidadãos já viram o seu património delapidado apesar de todo o esforço que lhes foi pedido para evitar o tal risco. Um verdadeiro contrassenso;
As “imparidades” esse eufemismo que assenta, essencialmente, nas dívidas consideradas de cobrança duvidosa que existem nos bancos e cujas garantias não cobrem. Será isso? De novo é o contribuinte que paga. Não terá o pobre contribuinte, que tudo paga, ter direito de saber quem são os devedores que está a sustentar? Falam-se das coisas como se fossem abstrações. Por vezes temos a ideia que nos querem meter o mundo olhos dentro;
Já me custa falar e ouvir falar disto. Qual será o fim da história?
II – A Cultura.
Entretanto, ainda temos cultura neste País. Temos gente que ama o belo. Oficiantes de todas as artes que devemos amar. É com grande preocupação que vemos livrarias fechar. É com enorme desgosto que assistimos ao resultados da distribuição dos subsídios para as artes.
Na semana passada foi notícia que muitas companhias de teatro, orquestras e outras áreas com trabalho feito, apreciado e aplaudido, viram-se sem subsídios para continuarem o seu trabalho. Com certo espanto se verificou que várias zonas do País se viram afastadas destas escassas ajudas.
Sim, porque o orçamento para a cultura é de apenas 0,2%. É tempo de exigir o tão ansiado 1%. É tempo de não deixar cair esta bandeira. Para reinventar o Mundo precisamos de ser cidadãos cultos e atentos. Mais cultura significa mais economia. Economia com valor. Uma riqueza que também se mede em valores puros.
Talvez por isso ontem senti a necessidade de ir ao teatro. Soube-me tão bem. Gosto dos que se entregam à arte com amor. Não gosto de mercenários. Não fazem o meu tipo.
O Costa, o nosso primeiro, é um verdadeiro artista. Ou me engano muito, ou ainda vai sair disto tudo como o salvador das artes, o amigo dos artistas. Vai ser ele a “resolver” o caso. A apagar os fogos que conseguir. A tentar acalmar os mais indignados.
Vamos ver se não acaba tudo numa almoçarada à antiga lusitana!
Como diz o fado:
“…houve beija-mão real e depois cantou-se o fado…”
Comigo podem contar para continuar a luta pelo 1%!
É tempo de deixarmos de ser apenas contribuintes. De passarmos a ser cidadãos inteiros. Temos de cultivar e expandir a cultura da exigência. Cumprimos, temos direito a ser exigentes. Exercer a cidadania!
Temos de dar a volta a isto.
“Para acabar.”
«Olha que tu hoje estás bravo! Cuidado contigo.»
Voz de Isaurinda.
«Tu sabes que as coisas têm de ser ditas.»
Respondo.
«Eu sei, e sei também como tu és. É a minha maneira de ver as coisas.»
De novo Isaurinda e vai, o pano na mão.
Jorge C Ferreira Abr/2018(165)
A verdade dòi…a realidade também! Jà nascemos nùmerados, condenados a sustentar esses pecadores da gula, neste mundo muito doente!
Obrigado Natália. Disse tão bem em poucas palavras. Certeira. Abraço
Preocupações bem reais e intemporais.
Nada entendo de bancos nem de banqueiros mas indigno-me com qualquer distribuição injusta de riqueza.
Dar dinheiro a quem já tanto tem e cortar a quem tem pouco (ou nada…) é revoltante.
A cultura não pode ser negligenciada!
Obrigado, Maria. A eterna questão da redistribuição da riqueza. O tempo sonhado, o outro tempo. A importância da cultura. Abraço
E juntos gritando esperando que alguém nos ouça. Com a mudança seria de pensar que tudo ficaria melhor. Algo ficou mas não basta. Temos de continuar a lutar, a gritar para que o contribuinte tenha o seu retorno na saúde, cultura, na igualdade de direitos, na justiça. O nosso dinheiro vai e se vai não há dinheiro,respondem os nossos governantes. Então para onde foi? ?????. É mais uma vez agradeço mais este texto tão pertinente. Continuemos a manifestar a nossa insatisfação .
Obrigado Isabel. Nunca baixar os braços. Continuar a lutar pela justiça, pela verdade. Sermos exigentes. Abraço
Assim se mudam as coisas: Falando, exigindo! Gostei muito da expressão “Cultura da Exigência” , Bravo, Jorge, vamos a isso! Tenha uma noite tranquila e muito obrigada por este espicaçar das consciências. Um beijinho
Obrigado, Madalena. Lutar para mudar. Saber exigir. Abraço
Que bons textos. Infelizmente sobre o que não se deveria passar. Vamos gritar. Vamos exigir.
Obrigado Isabel. Tudo se passa, infelizmente. Temos de ser mais exigentes. Abraço
É urgente,há que entender que hoje e nunca prá manhã se pode dizer “Basta” .Bem diz a Mafalda,a criança impertinente que grita que o mundo está doente.Se fizermos silêncio compactuando para que nos deitem areia para os olhos seremos tão enfermos quanto o mundo que começa a ser aquele bicho papão que nos incutiam para comer e calar.Sou humanista,sou 1%,sou advogada de causas justas.Sou cidadã 100%
Obrigada,Jorge.Aquele abraço irmão das causas nobres.Bj
Obrigado Célia. Vamos ser Impertinentes. Exigir tudo. Não ter medo. Um enorme abraço
Pode contar com o meu 1% s bancos já nos roubaram mais. Abraço
Obrigado Isabel. Vamos fazer uma causa dessa exigência. Abraço
Muito bom Jorge!!! Realmente, deviamos apoiar a cultura e desenvolver o emprego…..em vez de entregar dinheiro aos bancos…..
Gente sem cultura não é incómoda….isso não há dúvida…..por isso a cultura é tão desprezada!!!!
Abraço Jorge!!!
Obrigado Raquel. Sim, as pessoas cultas ainda metem medo a muita gente. Vamos inventar outra vida. Abraço
Querido Jorge, quando pretendi vir à tua crónica, algo aconteceu e não conseguia ” puxar ” o que escreveste. De vez em quando voltava e acontecia o mesmo. Recebi a tua despedida de boa noite e voltei. Tudo normal. Isso é o mais importante.
Quanto à primeira parte, meu amigo, eu que sou à partida contra o que se passa já há tempo demais e, acredito que em todo o mundo capitalista, com os Bancos, estou 100% de acordo contigo. Como tu ” já me custa falar e ouvir falar disto “.
Sou dos que trabalharam uma vida poupando o que podia para um dia, em que necessitasse que cuidassem de mim e companheiro. Será que, como já aconteceu com tantos, olhamos com as mãos a abanar?
Em relação à Cultura, sabes que é uma das minhas ” causas “. Ligada a Colectividades, Associações e Cooperativas e, ultimamente, integrando o Movimento” 1% para a Cultura “. Ainda é do bolso de nós, amantes das artes, que saem os fundos para os sustentar. Depois, pegámos ao meu filho a ” doença” e desempregado, voltou às Artes de Teatro e outras.
Dizes e bem que deixámos de ser cidadãos, para ser contribuintes, nestes tempos que já nos lembram outros. Querem Cultura? Paguem-na. Gente culta é perigosa. Se não querem assim, emigrem.
E conto contigo, como irmão que és, para não desanimar de lutar. Agora vou com a Isaurinda. Como ela te conhece. Beijinhos Jorge, Homem que sabe viver e lutar por um mundo melhor.
Obrigado Ivone. Disseste tudo como sempre. Chega a ser indigno o que assistimos com os bancos. Uma vergonha. Quanto à cultura, vais-me ter ao teu lado nessa luta. Sabes que podes contar comigo. Abraço
É imperativo exigirmos e colaborarmos com o que temos e podemos para a cultura. O teatro , as artes são o contributo de felicidade e inteligência dos cidadãos. Sem dúvida que o orçamento do Estado devia de ser muito mais de 1%. Obrigada , Mestre por mais um texto pertinente. Viva a Arte sempre ! Um abraço.
Obrigado Ana. A cultura tem uma importância fulcral. Há gente a quem a cultura incomoda. Não podemos calar. Abraço
Sinceramente, já é tempo de dizer BASTA a injeção dos nossos recursos financeiros na banca !! Não há pachorra para tanta vigarice sem consequências !!
Obrigado Arlete. Som, minha amiga, cansa. Pagam sempre os mesmos. Quem deve? ,Não nos dizem! Abraço
Legítimas preocupações de um cidadão. Porque dás voz a cada um de nós mais não digo. Apenas, obrigada Jorge por este texto exigente. Um abraço e viva a Arte!
Obrigado Regina. Sim, trmos de ser mais exigentes. Temos de amar o belo. Abraço