A Paixão segundo Constança H.
“E não só o meu passado, mas o passado da mulher: a menstruação, o útero; o tempo lunar das mulheres marcado pela descida do sangue pelo interior do corpo.” (Extracto do diário de Constança H.) Pag. 199.
Entrar neste livro é uma vertigem imensa. É percorrer a paixão. A paixão no feminino. A inquietação das mulheres que a sociedade sempre tentou aquietar. Percorrer a luta eterna das mulheres pelo seu direito a SER.
A paixão. O sexo. O suor. A traição. O sangue. A morte.
Há cartas, poemas, diários. Papéis espalhados pela vida. Escritos de hoje e de sempre. As vozes das mulheres, do desassossego de Constança H. As suas mulheres. As que lhe deram vida. Há Adele e os seus lábios, todos os seus lábios, o sangue a brotar da sua garganta. Henrique o homem fruto da paixão, o corpo que Constança conhece e comanda na arte do amor. Os pulsos cortados de Henrique. A água rosada a escorrer da banheira. Um cão que se podia chamar raiva, essa palavra que jorra de forma irracional dos ventres da paixão e da traição. Um assassino animal.
A paixão. O sexo. O suor. A traição. O sangue. A morte.
As mulheres internadas, os electrochoques, as injecções, os comprimidos, os coletes de força, as celas, as mãos atadas à cama, a lobotomia.
“Há uns séculos queimavam-nos… depois passaram a internar-nos. Foi o que fizeram à minha mãe. Provavelmente será o que me farão um dia a mim” (Extracto do diário de Constança H.). Pag. 45.
Por este livro passam as mulheres de uma vida, da nossa vida. Mulheres que escreveram e disseram dos seus desejos que não os deixaram calados:
Virginia Woolf; Marguerite Duras; Emma Santos; Clarice Lispector; Sylvia Plath; Florbela Espanca; Zelda Fitzgerald; Catherine Clément.
Há também uma banda sonora que acompanha toda esta leitura. Uma música que empolga e nos faz sentir o inevitável. A arte a fazer todo o sentido.
Temos também mulheres personagens de vidas emprestadas. Mulheres a quem foi dada vida nas páginas de livros que incomodaram.
Maina Mendes; Lola Valérie Stein; Mariana Alcoforado.
A paixão. O sexo. O suor. A traição. O sangue. A morte.
Estamos perante um livro intenso. Um livro de palavras de canto e dor. Um livro genial de Maria Teresa Horta. Uma leitura que nos devora. Um não saber parar e um nunca querer que acabe. O corpo a pedir mais. Qualquer coisa de físico. Por vezes um desejo imenso.
Porque, quando o livro termina ficamos num vazio enorme, um estado quase comatoso, uma tremenda ressaca. Apetece começar a lê-lo de novo, como se o mundo não tivesse fim.
Sim, porque este romance não tem a palavra fim.
A paixão. O sexo. O suor. A traição. O sangue. A morte.
É um livro para toda a vida, mais um que vou ter sempre por perto, e que termina assim:
“(metem-lhe à força os comprimidos na boca. Finge que os engole, dissimulando-os debaixo da língua. Quando as enfermeiras saem embrulha-os num papel que esconde debaixo de um colchão.
Muitas vezes injectam-na.)”
Não percam:
“A Paixão segundo Constança H.” (2ª edição);
Autora: Maria Teresa Horta;
Editora: D. Quixote.
Jorge C Ferreira(Reino de Valência) Maio/2018(169)
É belíssimo o livro, lê-se na urgência.
As suas linhas reverberam o encanto da leitura e deixam um óptimo convite à mesma.
Um abraço.
Obrigado Susana. É um livro que fica a morar em nós. Um vício bom. Abraço
Um belo texto, sobre o feminino. E o livro da autora
Obrigado Isabel. Um livro enorme. Abraço
Brilhante descrição de um livro decerto imperdível. Mergulhemos no nosso mundo pelas mãos de Maria Teresa Horta. Obrigada pela sugestão.
Obrigado Isabel. Um livro, na minha opiniäo, mesmo imperdível. Uma viagem vertinonosa a um mundo. Abraço
Dito por ti e tão bem dito , despertaste o – me o interesse em mergulhar nesse mundo das mulheres que se calhar somos todas nós, mulheres…
Obrigada. Beijinho
Obrigado Lénea. Sei que vais goztar. É um romance brilhante. Outro beijinho
Tornas irresistível a vontade de ler o livro da linda Senhora Maria Teresa Horta. A tua capacidade de expressar a beleza interior é admirável. Orgulho imenso Jorge seres Amigo da “Tua Senhora Poesia”. Um abraço imenso.
Obrigado Regina. Vais adorar este Romance. É uma vertigem. Grato pelas tuas palavras. Abraço
Tenho e ainda não li. Fica na lista de espera.
Beijinhos.
Obrigado Sofia. Acredito que vais gostar. Boa leitura. Abraço
“Há livros mágicos “ e pessoas especiais.
Já estou a ler “ A Paixao segundo Constança H.” e a adorar. Maria Teresa é uma inspiração! E tu, querido amigo Jorge, também! Obrigada aos dois . Bem hajam.
Obrigado Cristina. Continuação de boa leitura. MTH é que está na origem do aqui escrito. Abraço
Ficou tudo dito nesta pequena frase – A não perder! Obrigada Jorge por nos ter aqui levantado a ponta do véu deste extraordinário Livro. Um beijinho
Obrigado Madalena. Mrsmo a não perder. Boa leitura. Abraço.
Que texto Jorge. Despertou-me tanta curiosidade o livro de Maria Teresa Horta ….As mulheres, sempre as mulheres …a paixão…o sangue…a morte… .Obrigada por este bocadinho que eu não perco nunca. Até para a semana. Abraço.
Obrigado Maria da Conceição. MTH e um Romance a não perder. Boa leitura. Abraço
Uma actualidade constante,as Mulheres sempre em decadência pelas atitudes sociais,até mesmo onde deveriam estar em absoluta protecção é onde são mais mal tratadas,o meio familiar por vezes é pura castração .Vou ler este livro da MARIA Teresa Horta com muita curiosidade aguçada pela descrição perfeita que o meu amigo tão bem fez como se fosse um prefácio.Abraço meu amigo!
Obrigado Célia. Tenho a certeza que vais gostar do livro. É fabuloso. Boa leitura. Abraço
Um livro sobre mulheres a comprar. Obrigada
Obrigado Isabel. Um livro a não perder. Boa leitura. Abraço
” E um Livro para toda a vida “, dizes e é verdade. Um livro sobre uma Mulher, um livro sobre as mulheres. O seu corpo, os seus desejos reprimidos,mas que elas sabem crescer dentro de si. as ” coisas de mulher” que deviam ser abafadas, nunca faladas. Consideradas sujas durante o menstruo, bruxas para uns, loucas para outros. assim as consideravam. Mas MTH fala de Constança e através dela, de tantas mulheres anónimas. Houve outras mais corajosas que falaram de si e de outras. Que mostraram quão poderosas podem ser as mulheres que se assumem e são consideradas loucas, bruxas. Mas sobre o Livro, fazes uma das melhores apreciações que li. Não muitas, porque já no século XXI, apesar de tanta liberdade conquistada, ainda há mulheres ” loucas “. Ou virgens, ou putas, assim são consideradas, pelos que as desejam, mas delas abusam, ou delas ” se servem”( palavras tão feias. Tudo disseste nesta tua crónica, desta condição feminina. Como mulher agradeci a MTH o livro que escreveu e te agradeço, agora, o que escreveste. Só um Homem especial o faria.Beijos duma amiga/ irmã.
Obrigado Ivone. Todo o mérito pertence a Maria Teresa Horta, à sua coragem e à sua genialidade. MTH merece tudo. Um beijinho.